O livro de química

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Era madrugada e ainda chovia bastante. Louis estava deitado da barriga para cima no colchão ao lado da cama. Fitava o teto há algumas horas, sem conseguir pegar no sono. Ele não conseguia parar de pensar na conversa que teve com Harry. Sentia-se aliviado por finalmente ter contado a verdade, mas seu coração ainda se apertava em uma angústia dolorosa. Não sabia se Harry acreditaria mesmo nele. Além disso, a lista que o cacheado guardava perturbava sua mente. Como alguém teve a coragem de escrever algo como aquilo? Harry viveu por anos pensando que Louis havia escrito aquelas coisas.

Tomlinson franziu o cenho e ergueu parcialmente seu corpo ao ouvir um baixo ruído. Sentou-se no colchão, inclinando seu tronco na direção da cama. Fitou o cacheado com atenção. Ele estava deitado de lado, com as costas para Louis. Seu corpo tremia um pouco e ele chorava baixinho.

— Harry... — sibilou baixinho, mas ele se manteve quieto — Ei...

— Estou bem, só... — fungou o nariz — Eu preciso digerir isso tudo.

— Não gosto de vê-lo assim. — lamentou, suspirando logo em seguida. Sentiu-se mal. Ver Harry naquele estado acabava com ele — Por favor...

O enfermeiro respirou fundo e se virou para Louis. Seu corpo estava praticamente todo coberto pelo edredom, exceto por sua cabeça. Seus olhos estavam avermelhados e levemente inchados.

— Não consigo parar de pensar nisso tudo. — confessou, fechando seus olhos com força — Estou confuso e não sei... Não sei, Louis.

— Não precisa dizer nada.

— Mas eu quero dizer, porque... — Harry se levantou, sentando-se na cama com as pernas cruzadas — Isso está me matando. — ele quer expulsar as lágrimas de dentro de si e pôr para fora. Quer tirar o grande bolo em sua garganta, mas isso é um trabalho cansativo. Sua respiração está entrecortada e seu coração parece estar esmagado. A tristeza invade seu corpo cada vez mais, o deixando fraco e sem saber para onde olhar, nem mesmo saber o que deve fazer. Ele chora feito uma criança que acabara de se machucar ao cair do balanço.

— Eu sinto muito. — Louis pressiona seus lábios em uma linha fina. O cacheado balança a cabeça. Seus ouvidos parecem zunir, e novamente o nó está em sua garganta. Ele fecha seus olhos e quando os abre, encontra Louis sentando-se ao seu lado na cama. O mais velho tem a testa franzida e os olhos acolhedores. Seu corpo está virado em sua direção quando ele ergue os braços e não é preciso dizer nada. Harry se inclina com pressa e o abraça com todas as suas forças. Seu rosto se esconde no pescoço de Tomlinson, enquanto seu choro é abafado e seus braços o apertam cada vez mais forte.

— Louis... — Harry aperta firme seus dedos contra a camiseta dele, o puxando para si.

— Tudo bem. ― o enfermeiro sente Louis beijar seu ombro. ―E u vou estar aqui com você. ― afirma e o aperta em seus braços.

― Não me deixe, por favor... ― pediu com toda sua alma.

― Nunca! — diz com firmeza.

Aos poucos, Harry relaxa seu corpo e se afasta de Louis para recuperar o fôlego e secar suas lágrimas. Seu rosto está ainda mais corado e molhado. Tomlinson afasta alguns fios dos seus cabelos, colocando-os no lugar e o ajuda a secar as lágrimas que insistem em cair.Ele se sente travado, com o coração na mão ao vê-lo tão quebrado.

— Eu não queria te deixar assim. —

Styles respira fundo diversas vezes para controlar até mesmo seus soluços. E Louis o aguarda até que ele se sinta bem em começar a falar. Seus braços o envolvem, não querendo deixá-lo fugir. É torturante vê-lo assim.

— Não... — sua voz tão rouca quase não sai — Não foi sua culpa. — ele olha no fundo dos olhos azuis — Não consigo entender... Eu sinto tanto por tudo que você teve que passar com seu pai.

The Case (l.s)Onde histórias criam vida. Descubra agora