9. resposta do quebra-cabeça

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- Eu só quero saber como ele está.

- Ele está bem.

- Eu quero saber a verdade, Moretti. - Heloísa o ameaçou com o olhar.

Ele sabia que a mulher era brava, mas meu Deus! Aquela voz grossa, o olhar 43, a sobrancelha esquerda franzida. Ela não estava de brincadeira. Moretti suspirou.

- Não quero te contar, porque não quero te magoar. - Ele disse como se fosse óbvio.

- Ele já me contou que está com outras. Plural. Outrasssss. - Ela se corrigiu, dando ênfase na letra s. - Sinceramente? Eu já sabia, então.. - Ela deu de ombros, fingindo não doer. - Faz sentido.

- Ele tá uma bagunça, Helô. Uma completa bagunça. - Moretti admitiu. - Não estava se adaptando ao escritório, a Laís.. Demorou pra conseguir construir uma relação com ela de novo, quase vendeu as ações do escritório e abriu um sozinho..

Heloísa ouvia atentamente, assentindo.

- Como assim? Por que?

- Eles são conflitantes, você sabe. A Laís faz tudo direitinho, o Stenio acha brechas. É assim que ele é, até quando ele acha que não é ele mesmo. - Moretti deu de ombros. - E ela obviamente o cobrou e brigou com ele algumas vezes.

Os olhos de Helô percorriam o ambiente ao redor dela, indo de um ponto para o outro. Moretti não precisava estar na cabeça dela pra entender que entre o balcão e a bancada não tinha nada de interessante, ela estava olhando para algo ali fora mas seus pensamentos estavam a mil dentro de sua cabeça.

- O que fez com que ele parasse de surtar com trabalho?

- Sei lá. To conversando muito com ele, saindo muito com ele. A gente foi visitar uns pontos para ele alugar e ter o escritório sozinho.. A Leonor ajudou.

Leonor.
Ela não tinha dito nada.
Esquisito.

- E..? - Helô sondou.

- Eu só ganhei o cara porque o fiz refletir. Tem um motivo pro Stenio anterior ter aquele escritório naquele lugar, então a gente decidiu ir atrás dos fatos. Ele percebeu que compensa muito mais financeiramente dividir algo com alguém, pensou em termos de localidade. E vocês sabe, o Stenio é um mão de vaca.

Heloísa engoliu a seco.

De vez em quando ela tinha isso, algumas memórias de guerra que insistiam em surgir de repente.
Se lembrou que ele simplesmente era a primeira pessoa a sugerir viagens, navios no Nilo, gastava horrores com vinhos e bebidas para eles, presentes para ela. Joias, roupas de marca.
Tudo.
Por ela, ele fazia tudo.

- Ele ficou lá mesmo sem concordar com a Laís. O que ajudou muito foi que a Laís foi extremamente paciente e carinhosa. Sempre o chamava de amigo, dava abraços, e tentava chegar numa conclusão. Sempre retomava como eles antigamente também discordavam e que eles dois, por serem tão diferentes, tentavam achar um intermédio. Primeiro ele ficou irritado em ter que abrir mão da teimosia dele, mas agora tá bem melhor.

A delegada suspirou.

- Que bom que pelo menos isso tá bem. - Ela disse, aliviada. - E.. O resto?

Moretti passou as mãos pelo rosto.

- Ele tá dando em cima de qualquer uma, fica com qualquer uma. Tá sempre alerta, onde quer que a gente esteja. Se alguém agrada ele fisicamente, ele vai pra cima sem dó alguma.

Era diferente saber daquilo e escutar aquilo em detalhes.

- Ficou com algumas, levou pro apartamento dele. Tava ficando sério com aquela tal de Rebecca, sabe? A loira que trabalhava com ele naquele escritório anterior. Mas sei lá, ele tá muito inconstante. Ela se apaixonou por ele, mas ele só quer..

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