24. e se estiver?

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Stenio trancou a porta assim que ela entrou.

- Quer que eu faça seu chazinho antes de dormir? - Ele já tinha se acostumado com a rotina. - Vai lá tirar a maquiagem, tomar um banho. Eu faço.

Heloísa ficou olhando para ele atentamente. Não sabia dizer exatamente quando, mas ele tinha mudado completamente. Talvez só se tivesse permitido ver agora.

- Tem certeza? Se quiser você pode ir primeiro..

- Não, vai você. Lá fora tava o maior vento, você nessa friagem.. Toma um banho quentinho, eu vou fazendo nosso chá. Levo lá na cama pra você. - Ele prometeu.

Heloísa mordeu o lábio inferior, assentindo. Um sorriso bobo insistia em surgir em seus lábios.

- Tá bem. - Ela disse, sem mais delongas.

Que saudade tinha disso. De se sentir cuidada por ele, protegida. Amada.

Heloísa entrou no banho com as luzes apagadas e deixou a água quente cair por seu corpo. Um milhão de coisas se passavam por sua cabeça. Como ela tinha cometido um erro, e como ela queria atravessar aquele apartamento e simplesmente se jogar nos braços dele. Passar a noite com ele. Se casar com ele de novo.

Mas as coisas não eram simples assim.
Ou eram?

Seu coração doía de saudade e vontade dele. De ódio por aquela mulher que distorceu absolutamente tudo. E talvez ódio de si mesma, por ter acreditado cegamente nela. Heloísa tentava se convencer que havia tentado checar a procedência dos fatos, ligando para ele. Mas mesmo assim, ainda estava errada. Não tinha se permitido aproximar dele mais desde o acontecimento com aquela mulher.

Onde estariam se ela tivesse se permitido antes?

Precisava dele. Estar com ele. Tinha saudade dele. E ele estava ali dentro de sua casa, graças ao bom Deus.

Se apressou ao se arrumar. Saiu com os cabelos molhados, os penteou e passou a toalha nos fios, secando o excesso. Colocou a camisola, passou perfume. Aquele, que ele tinha gostado tanto. Escovou os dentes, fez seu skin care. Estava pronta.
Foi até a cozinha porque não aguentaria esperar que ele levasse para ela na cama e o viu com a carinha toda séria andando de um canto pro outro procurando os biscoitinhos que Helô gostava.

- Mas gente! Os biscoitinhos não ficavam aqui? - Ele falou sozinho, confuso. Franzia o cenho. - Eu podia jurar que eles ficavam aqui. Merda.. Vou ter que perguntar pra Helô. - Ele conversava consigo mesmo.

- A gente guardava aí mesmo. Antes do acidente. Você se lembrou? - Helô se surpreendeu.

Stenio olhou para ela, depois olhou ao redor. A sobrancelha franzida, extremamente confuso.

- E-eu.. - Ele gaguejou, tentando puxar o ar pra falar. - Não sei dizer. Eu só queria pegar pra você e me tive a sensação de que ficavam ali.

Heloísa adentrou a cozinha, andando na direção dele. Os olhos fixos nele.

- Acho que tu lembrou. - Ela o encorajou, sorridente. Mordeu o lábio inferior, tentando conter o sorriso. Gostava da esperança de que ele se lembrasse.

Ele olhava para ela, hipnotizado.

- Talvez. Talvez eu esteja me lembrando aos poucos.

- Bem aos poucos. Devagar, quase parando. - Ela brincou, desviando o olhar para o chá pronto e as duas canecas a disposição deles.

Stenio riu baixo, sem tirar os olhos dela.

- Você tá com aquele perfume de novo. - Ele logo percebeu.

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