30. só quem tocou a tristeza um dia

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nota: chegamos nos 2 capítulos finais de deja vu. apertem os cintos, aproveitem a doidice. sem xingar muito a autora, tá?

me despeço de vocês com a última fanfic stelolo/gn q eu fiz.

espero que tenham gostado (ou odiado) e apreciado de qualquer forma tudo que leram até aqui. obrigada por cada visualização, cada cobrança de att, até via donuts q recebi no trabalho! vcs são demais ❤️
efe ó u... fui!
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- E como foi a viagem em família? - Moretti questionou, curioso.

Estavam juntos num barzinho assistindo um jogo do flamengo.

- Foi ótima.

- Oficialmente casados?

- Eu sei lá. - Stenio deu de ombros. - É tudo meio confuso. Me sinto brincando de casinha.. Com uma esposa, netos.. É muita informação em pouco tempo. - Confessou, um pouco agoniado.

- Eu imagino, deve ser muito pra assimilar mesmo. Mas é uma esposa linda, talentosa, inteligente.. - Moretti elogiou Heloísa.

Stenio sentiu algo no coração, não sabia bem o que. Achava que era uma pontada de ciúmes.

- No amor.. Eu soube escolher muito bem. - Confessou.

- Sua filha casada, e caminhada na vida.. Morando no exterior. Seus netinhos uns fofos, uns queridos. Você parece mais feliz do que quando estava sozinho.

Stenio abriu um sorriso leve e logo tomou um gole da cerveja.

- Tá certo, tá certo. As coisas se encaixaram melhor depois que eu assumi a minha vida antiga. Eu confesso.

Moretti bateu no ombro do amigo, comemorando.

- Que coisa mais linda! Viva a nossa família, viva as primas Sampaio! - Brincou, brindando com o amigo.

Stenio riu, indo na onda, brindando também.

Saiu do barzinho de madrugada. Heloísa ficaria irada se percebesse que ele estava pegando o carro depois de consumir tanto álcool. Em sua defesa, demorava para se sentir bêbado com a cerveja, e achava que estava em plena condição de dirigir. Em certo ponto da noite, se sentiu um pouco mais alegrinho, mas essa máxima já havia baixado.

Começou a dirigir em direção ao apartamento deles dois. Depois que voltaram de viagem, consideraram que Stenio voltasse para seu apartamento, já que muito tempo havia passado e nem sinal de máfia alguma.
Ele negou, no entanto, querendo permanecer ali com ela. Havia dito que estava cansado de ser solteiro, apesar de ainda não se sentir pronto para renovar os votos como Helô tinha proposto.

Era vitória o suficiente para a mulher que achou que havia perdido o amor de sua vida de várias formas diferentes. Ela sabia que era uma questão de tempo até que ele se rendesse de vez.
Certo dia, Heloísa ouvira ele dizer "te amo" no final de uma ligação, mas depois achou que tinha se confundido e ele havia dito, na verdade, apenas um "tchau". Vivia ansiando por escutar que ele dissesse que a amava mais uma vez.

Ele resolveu ligar para ela quando estava chegando no prédio. Estacionou na rua, porque o prédio só tinha uma vaga por apartamento, e o carro de Helô ficava ali. Ele tinha ficado de alugar a vaga do vizinho que não tinha carro, mas sempre se esquecia disso. O carro dele sempre dormia na rua. Quando ele estava pronto para descer do carro, ela atendeu.

Heloísa não conseguia ouvir Stenio do outro lado do telefone.

"Amor? Chegou?"
Ela insistia na conversa depois de falar alguns "ois" que não foram respondidos.

Ouvia vozes a distância, muito longe do telefone.

"Fala logo onde tá essa porra desse cofre, seu filho da puta!"

O coração de Heloísa acelerou automaticamente ouvindo pedaços da conversa e ela correu para o vidro da sacada da sala, tentando enxergar.

- Stenio..?

Não precisava enxergar para saber o que estava acontecendo. Ainda com o telefone pendurado no pescoço, correu para o quarto buscando sua arma. Carregou a munição e teve que ignorar Creusa que estava agora perseguindo a patroa pelo apartamento, preocupada com os gritos que ela havia dado, e com a movimentação.

Heloísa desceu as escadas do prédio o mais rápido que pode porque o elevador demoraria demais. Estava de camisola e de robe.

"Eu já falei que eu perdi a memória, vocês viram.. Vocês sabem!" Stenio jurou.

"Talvez o que você precise é de um pouco de incentivo. Se a gente pegar aquela delegada gostosa dele eu tenho certeza que ele abre o bico." Um dos capangas falou pro outro.

"Já falaram aqui no rádio, ela já tá vindo. Nossa base tá montada faz tempo, doutor. Só esperando o melhor momento, pegar essa delegada desprevenida. Ela passou muito tempo preparada pra gente, demorou pra baixar a guarda. Ou vocês acharam mesmo que a gente fosse atacar com aquele bando de policial disfarçado fazendo plantão aqui na rua?"

Stenio engoliu a seco com a ideia de que Helô estava chegando. Se lembrou de como ela não hesitou em passar perigo por conta dele, e sentiu seu coração doer. Ele não poderia passar por isso de novo. O susto com o laser do neto já foi suficiente, e ele não iria se perdoar nunca se algo de fato acontecesse com ela.

"Eu falo." Ele criou coragem de repente.
Cada fibra de seu ser, cada músculo tremendo. Ele completamente assustado, com medo, querendo berrar e sair correndo na direção oposta.

Não era corajoso como Helô.
Muito pelo contrário, se sentia um baita de um covarde.
Sua vontade era se ajoelhar e implorar por sua vida e pela vida de Helô.

"Não toquem um dedo na Helô, e eu falo." Ele negociou.

"Vamos ver se o patrão tá com essa banca toda mermo. Fala aí!"

Heloísa ouvia tudo. Maldito momento para morar na cobertura do prédio. Havia tropeçado, e pulava degraus tentando se apressar. Quanto mais rápido chegasse, menos mal seria tudo que Stenio tinha que passar.

Ela imaginou como ele devia estar apavorado, provavelmente com uma arma apontada em sua testa, se ela bem imaginava pelo barulho da munição que tinha ouvido através do telefone.

Stenio, com todo seu medo, negociava pedindo que não tocassem nela. Ela achou esse um gesto de amor muito bonito. Somente alguém que ama se preocupa com o outro a ponto de oferecer sua vida em troca.

Seu marido podia muito bem esperar pela chegada da delegada que era pronta para essas situações e lidaria da melhor forma possível com a negociação.

No entanto, ele tomou a frente.
O Stenio medroso que chorava ao quase ser assaltado. Que chorava ao ver uma arma apontada para ela. Stenio, seu marido, que a amava mais que tudo no mundo, em qualquer versão que fosse.

Ouviu enquanto ele negociava pegar a localização num e-mail no celular, e logo a ligação deles caiu.
Heloísa finalmente alcançou o último andar, quando escutou um tiro. Correu pro lado de fora do prédio, assistindo enquanto pessoas de preto saiam correndo dali, em disparada.

Stenio.

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