Ela acordou com o corpo todo dolorido. Sentia um carinho gostoso sem seu couro cabeludo, massageando. O melhor carinho do mundo.
Ela demorou para abrir os olhos. Não queria que aquele momento acabasse, podia sentir o cheiro embriagante do perfume ele ainda em sua pele, tão quente e tão macia. Não precisava olhar para saber que estava deitada em seu peitoral, o rosto escondido em seu pescoço, bloqueando os raios de sol vindos da janela que deixaram aberta.
Os corpos nus enrolados debaixo do lençol. A perna esquerda totalmente posta por cima da coxa dele. Stenio se distraía fazendo carinho nela, enquanto olhava pela janela.
Era uma manhã bonita. O relógio batia 6:45 da manhã, mas ele não queria levantar. Nem ela.
Heloísa aproveitou o carinho enquanto pôde. Sua mente logo se lembrou do que Moretti contou, e da familiaridade dele ali. Stenio estava ficando com todo mundo, e seria prejudicial para ela acreditar no papinho de cafajeste dele.. Porque ela sim, o amava.
Ela abriu os olhos preguiçosamente, suspirando. Se afastou de Stenio, que foi forçado automaticamente a parar o carinho.
- Bom dia. - Ela murmurou, se afastando, desvencilhando o corpo dele.
Se virou para o lado oposto, para enxergar o horário no relógio que sabia que tinha ao lado da cama.
- Bom dia, delegada. - A voz grossa e sonolenta dele a surpreendeu.
Stenio enlaçou o braço na cintura dela, puxando seu corpo de volta para si. Passou a beijar o pescoço dela, bem como os ombros. Deu mordidinhas ali.
Heloísa mal tinha acordado e já sentia seu corpo inteiro arrepiado. Piorou quando sentiu o volume tocando em sua bunda.
- Eu preciso ir embora. - Ela murmurou.
- Já já eu te levo.. - Ele justificou, apoiando o cotovelo no colchão, levantando o tronco na cama. Alcançou o seio esquerdo dela, lambendo.
Heloísa levou a mão para trás, acariciando a nuca dele.
- Me deixa ir.. - Ela riu baixinho.
- Não. - Ele resmungou, com a boca ocupada. Mordiscou, puxando.
O sentiu largar sua cintura por um segundo, sentindo se ela ainda estava molhada, com os dedos. Encharcada era a resposta correta.
Heloísa gemeu sentindo o massagear dos dedos dele em seu clítoris.- Stenio.. - Ela resmungou, preguiçosa.
- Não quer? Hm? - Ele alcançou a boca dela, beijando. Se deitou por cima do corpo dela, a obrigando a enlaçar as pernas em sua cintura. - Me diz que não me quer e eu saio. - Ele sussurrou contra a boca dela, já dentro da delegada.
Metia devagar e profundamente. Adorava a sensação de estar dentro dela. Tinha algo de diferente, e de muito gostoso, que ele não sentia com mais ninguém. Era uma das poucas vezes em que ele se sentia bem de verdade, sem fingimentos, em muito tempo.
- Quer que eu pare, Heloísa? - Ele provocou, assistindo o prazer dela. Estava com os olhos fechados, completamente extasiada. Relaxada. Gemia baixo, achando aquilo tudo uma delícia. - Me pede pra parar, e eu paro. - Instruiu.
- Não para. - Ela sussurrou, abrindo os olhos.
A maquiagem estava levemente borrada, o cabelo todo desmontado, já mais liso. Ela estava deliciosa, porque estava acabada. E ele sabia quem tinha sido o responsável por isso, e nada naquela manhã poderia deixar Stenio Alencar mais orgulhoso.
- Não quer ir embora? - Ele roçou o nariz contra o dela, carinhosamente.
Heloísa sentiu seu coração transbordar, e podia jurar que tinha lacrimejado. Fechou os olhos com força, balançando a cabeça negativamente.
- Fica aqui comigo. - Ele pediu, num sussurro. Beijou a boca dela, lentamente, de língua. O que ela correspondeu.
Continuaram até atingir o ápice, de mãos dadas.
¤
- Tem certeza que não quer tomar um café?
- Eu realmente preciso tomar um banho e ir pra delegacia. Olha meu estado! Nem se eu quisesse. - Heloísa riu baixo, com os saltos em mão.
- Tá bem. - Ele assentiu. - Bom banho.
Heloísa deu um sorrisinho para ele. Ah, como queria beijar sua boca antes de descer daquele carro. Assim que bateu a porta, ajeitou a bolsa em seu corpo. Passou pela portaria, dando oi para o seu Zé que ficava ali. Ele direcionou o olhar para Stenio, como de costume, querendo dar um oi. Stenio correspondeu ao aceno do homem, não tendo ideia de quem ele era.
Ficou pensativo vendo Heloísa entrar no apartamento.
Ela subiu, tomou um banho, e vestiu o robe. Fez força para tirar o resto da maquiagem do rosto, e passou alguns cremes no rosto e no cabelo. Já com o rosto limpo, sentia-se pronta para escolher outra roupa, bem menos espalhafatosa, e fazer sua maquiagem do dia a dia. Estava um caco.
Não pensava que ia ficar na rua até tão tarde. Na verdade, achava que nem chegaria nos finalmentes com Marcelo, porque ele não tinha cara de quem tinha muita atitude, e ela sabia disso.
Mas Stenio não se cansava de invadir sua vida.
Stenio.
Ela já estava com saudade, e havia se despedido dele há menos de 50 minutos. Queria obrigá-lo a se casar com ela de novo, ficar ali com ela, tomar café da manhã com ela. Ouviu a campainha tocar, e imaginou se Creusa já estava voltando assim tão cedo. Ao olhar pelo olho mágico, viu o ex com seus óculos de sol, carregando saquinhos de padaria e dois copos enormes de café.
Abriu a porta com pressa, boquiaberta.
Stenio olhou para ela assustado.
- O que? Você não ia ter tempo de tomar café da manhã, não da pra ir pra delegacia direto. - Ele se justificou, entrando no apartamento dela.
Heloísa sentiu vontade de rir. Ele não pediu licença, não pediu permissão, não esperou que ela concedesse. Ele simplesmente entrou, como ele sempre fez. Com os óculos de sol de sempre, com as sacolas da padaria de sempre.
- Agora, você se ferrou um pouco, porque como você sabe, tem todo o lance da memória. - Ele comentou, tirando as coisas das sacolas e deixando em cima da mesa de café da manhã. Pegou algumas coisas na cozinha, e foi colocando ali. - A sorte era que o padeiro parecia me conhecer. - Falou alto, a distância. - Eu vou muito lá?
Heloísa riu baixo. De braços cruzados, o acompanhava pela casa, adorando cada segundo.
- Você ia lá todo dia que se enfiava aqui no meu apartamento. E você fazia isso toda noite. - Ela explicou.
- Ah, então é isso. - Ele deu de ombros. - Não julgo o Stenio, o cara sabia o que fazia.
Ela riu baixo. A separação de personalidades ainda a deixaria doida
- Enfim, eu tava meio incerto do que pedir, e ele lançou um "o de sempre, patrão?" eu, claro, só concordei. - Stenio não parava de falar.
Ela gostou. Era quase como se ele estivesse de volta.
- E daí ele me deu esses copos de café. Depois ele perguntou se a patroa tava afim do pãozinho, e eu concordei de novo. Então aparentemente eu consegui o seu favorito. Ah, merda, esqueci a manteiga. Vai comendo aí, senão não dá tempo de se alimentar antes de eu te levar pra delegacia.
Ele reclamou, se levantando mais uma vez, indo em direção à cozinha.
Heloísa se beliscou só pra comprovar que não estava sonhando. Moretti tinha razão, no fim das contas. Ele estava se encontrando, ao ficar mais com ela.