prólogo

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adivinha quem chutou o balde e buscou o balde? lenaromena, vc me paga por essa! aqui estou eu mais uma vez. have fun.

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Heloísa se sentia desesperada.
Não havia nada melhor que explicasse como ela se sentia, senão desespero. Pavor. Falta de ar. O peito pesado, a mente cheia, os dias pareciam ser eternos mas mesmo assim o tempo, ao mesmo tempo, passava rápido demais.

Rápido demais.

Qualquer dia sem ele era tempo demais.

Estava há dias acordada. Passava noites em claro completamente desesperada, buscando por informações, pistas, qualquer coisa que o trouxesse de volta, ou que lhe desse a mínima sensação de que não estava perdendo. De que não o estava perdendo.

Mas o tempo passava, o relógio apitava, e ela não tinha absolutamente nada. Sentiu que suas forças estavam se esvaindo quando se sentiu na obrigação de perguntar para Laís.

"Vocês já buscaram por.. Hospitais? Necrotérios?"

Não queria ter esse pensamento em voz alta, mas era procedimento padrão da polícia. Stenio estava desaparecido na Espanha, metido com gente da pesada, e ela se sentia cada vez mais num beco sem saída.

"Não tem nada. Ninguém sabe de nada."

Laís garantia.

Bom. Isso era bom.
Se nada tinha acontecido nos primeiros dias, não tinha o porquê acontecer agora. Se não haviam matado Stenio até então, era porque não era a melhor saída para a gangue. Ótimo! Pelo menos um raciocínio lógico e positivo.

Isso é, se seu coração não estivesse completamente inserido nesse caso. Se ela não amasse a vítima mais do que tudo que já tivesse amado em toda sua vida. Num minuto tudo estava bem e ela conseguia ser a boa e velha delegada Heloísa Sampaio que tinha tudo sob controle, no outro estava chorando incansavelmente em seu quarto, em seu banheiro.

Já não dormia há dias, o que era de conhecimento de Creusa. Não comia seu café da manhã, não almoçava, não jantava. Bebia café, para se manter alerta e acordada. Café, litros de energético, de vez em quando uma dose de uísque. O uísque dele. Não sabia se para se manter acordada, ou se para se sentir perto dele. Era o mesmo gosto do beijo dele, então devia ser suficiente. Pelo menos por enquanto.

Entre uma noite e outra, anotações pra lá e pra cá, juntou pontos que uniam Stenio ao cofre, e algum nome que ela já tinha visto antes. Ao sondar o cara, descobriu mais do que devia. Heloísa se sentia extremamente inteligente quando conseguia algo de alguém simplesmente jogando verde, o que acontecia na maioria das vezes. No trabalho, na vida pessoal. Era um dom.

"Doutor Stenio está vivo?"

A voz falhou ao perguntar. Ela teria mesmo estômago para ouvir a resposta, seja qual fosse? Por primeira vez quase chorou no meio de uma coleta de depoimento. Falar sobre Stenio estava sendo cada vez mais difícil, e não achar Stenio era uma dor física que quase lhe tirava o ar.

Heloísa passava a maior parte do tempo se culpando por ter pedido o divórcio daquele homem por duas vezes. Não estava mais do que cristalino que ele era, de fato, o amor de sua vida? Que ela jamais amaria alguém do jeito que o amou? Isso era óbvio. Agora, isso era óbvio.

Ela se lembrava dele se enfiando em sua vida, em sua sala de estar. Comprando vinho, pão na sua padaria favorita, colocando "eu amo você" para tocar em sua sala enquanto dançavam lendo e se beijavam e abraçavam.

No final da noite era sempre a mesma coisa. Heloísa o enxotava, fingia que nada tinha acontecido. O amava, e sabia disso. Mas não sabia se teria estômago para dar errado com o amor de sua vida pela terceira vez, então sempre fugia. Parecia uma boa opção fugir, enquanto ele estava ali, voltando no dia seguinte com aquele sorriso lindo e aquele perfume delicioso.

Agora, com a perspectiva de que ele podia não voltar, tudo era nublado. Prometeu para o santinho de Creusa, escondido da empregada, que se Stenio voltasse, ela iria se declarar. O pediria em casamento, se fosse necessário. Eles teriam que ficar juntos, depois de estar tão perto de uma realidade onde ele não existia em sua vida. Heloísa sentiu de perto a dor de perder Stenio para sempre, e sabia que não poderia viver isso de novo. Precisava dele. O amava com todas as forças.

"Achamos. Achamos o esconderijo."

"E o Stenio?"

Ela se apressou em saber.

"Está vivo."

"

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