21. pior que a máfia espanhola

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Heloísa se enfiou no closet, buscando por um pijama. Bufou, sem encontrar. Costumava dormir com camisetas enormes antigas de Stenio, sem lingerie. Isso estava definitivamente fora de cogitação naquele momento. Sabia que tinha umas camisolas lindas que tinha ganho de presente, mas não sabia em que parte do closet tinha enfiado.

Stenio foi até lá e viu a divisão do ambiente. Dois terços eram dedicados a ela, um terço era evidentemente dele. As coisas dele não estavam completamente ali, e dava pra ver. Não era o closet de alguém que morava ali, e sim alguém que tinha trazido algumas coisas para passar um tempo.

- Tá precisando de ajuda? - Ele viu a delegada sofrendo.

- Não. Obrigada. - Ela rejeitou o mais rápido possível.

Stenio franziu o cenho.

- Heloísa, você evidentemente precisa de ajuda. Para de ser tão autossuficiente, credo! Aceita a ajuda.

Helô se virou para ele, assustada. Isso era algo que seu antigo Stenio diria.

- Eu só.. To procurando uma caixa com umas compras antigas minhas, só isso. Era da Victoria Secrets, toda rosa, extravagante, baita fácil de encontrar. - Ela bufou.

- Tipo.. Rosa meio claro com listras de um rosa mais escuro? - Ele perguntou, encarando a prateleira de cima.

- É. Você conhece essa marca? - Helô estranhou.

Ele deu uns passos na direção dela, colando a delegada contra a parede. Esticou o braço, e alcançou a sacola, dando na mão dela.

- Viu? Pedir ajuda não arranca pedaços. - Ele a encarou. - Mas eu talvez arranque quando te..

- Steniô.... Mantenha a distância. Mantenha. A. Distância. - Heloísa apoiou a mão no peitoral dele, obrigando o advogado a permanecer distante.

Dixxxtância.

- Qual é, Helô.. A gente tava se dando tão bem. A gente não tava se dando bem? - Falou, tentando fazer rolar um clima. Beijava o pescoço dela, distraidamente, desrespeitando os limites que ela tentava -muito dificilmente- impor.

- Mantenha a distância! - Ela ficava repetindo.

Stenio, sorridente, parou por um segundo, olhando para ela com um senso de estranhamento.

- Que? O que foi? - Heloísa estranhou, franzindo o cenho.

O sorriso em seu rosto foi sumindo aos poucos.

- Não sei. Acho que tive um déjà vu. - Stenio tentou se explicar. - Como se eu já tivesse visto isso antes, exatamente isso. Você falando exatamente assim comigo. Que loucura. - Ele se mostrou atordoado.

Estranhamente familiarizado com aquela sensação.

- Amm.. - Helô tentou mudar o foco. Não podia se iludir. Um déjà vu não era o mesmo que ele se lembrar dela, e pelo que ela podia perceber, ele estava bem longe de se lembrar. - Com licença, eu vou..

Helô se enfiou na suíte do quarto, trancando a porta. Stenio riu baixo, assistindo enquanto a mulher sumia.

- Eu já vi tudo isso algumas vezes, sabe.. - Ele comentou, num tom de voz alto. - Da próxima pode se trocar aqui na minha frente. Afinal, você é minha mulher. Aja como tal. - Brincou, se aproveitando da situação no flerte.

- Vai se foder! - Ela respondeu, brava.

Ele riu.

Não fez questão de sair dali, apenas achou seu pijama. Se despiu, dobrando as roupas e colocando dentro do cesto de roupas sujas, e ficou de cueca pelo quarto, organizando suas coisas. A dinâmica era um pouco difícil, porque Heloísa tinha posse de absolutamente todas as gavetas. Ela tinha deixado uma ou duas para ele, que teve que se contentar com isso e com as gavetas que tinha na cômoda ao lado da cama, e mesmo assim Stenio se divertiu ao ver um gloss dela jogado ali dentro, junto com uma algema.

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