Eu não sou burra, tá legal?
É claro que eu pesquisei o nome do cara quando cheguei daquele primeiro encontro. Comi um punhado de amendoins usando só a parte de cima do pijama e rolei na cama, assim como a tela do celular, descobrindo tudo quanto era informação possível de se ter sobre ele. É claro que eu descobri que o homem, aparentemente, era famoso pra cacete. Que tinha uma legião de fãs. Que era bem rico.
Que eu não fazia ideia de onde tinha me metido.
E finalmente entendi a razão pela qual ele levou um spray de pimenta — imagina se eu de repente sou uma fã. A sorte dele é que eu não dou a mínima.
Quando ele me disse que tipo de evento era, talvez... só talvez... eu possa ter surtado.
É um evento beneficente.
Eu: como assim "um evento beneficente"? o que você quer dizer com "um evento beneficente"?
É um leilão.
As habilidades sociais dele são deploráveis.
Eu: ah, meu deus, para. será que você consegue ser um pouquinho menos evasivo?
Como assim?
Eu: aff. explica melhor.
Não tem tapete vermelho nem essas merdas. Não vai ser televisionado. O que mais você precisa saber?
É claro que ele sabe que eu pesquisei o nome dele na internet e descobri que ele é bem famoso.
Eu: tudo.
Não, já está de bom tamanho.
Ah, beleza. E o que eu poderia vestir em um evento desses? De pé no closet, com calor e muito estresse até a garganta, bagunço minhas roupas embora saiba que não vou encontrar absolutamente nada de bom o suficiente lá. Tenho dois vestidos justos com manga japonesa que sempre uso para os encontros; um longo e sedoso que pode até enganar alguém por parecer chique, mas, na verdade, se você olhar de perto, pode ver os fios se soltando. Já posso até ver: eu, Jasmine Dawson — ou melhor, a minha personagem Mary — usando um vestido preto de manga japonesa num evento beneficente de gente rica. Patético.
Eu: eu não tenho roupa pra isso!!!!
Eu te dou.
Para esse tipo de gente, dinheiro não é problema. Veja bem: ele ia participar de um leilão beneficente — o que requer dinheiro — e me daria um vestido para isso — o que também requer dinheiro. Pulei do closet. Andei em círculos. Roí as unhas. Grunhi. Estalei os dedos. Peguei o celular do meio dos lençóis como se ele fosse uma barra de ouro, entrei no aplicativo de chamadas e disquei o número da Bobbi. Mas aí cancelei a chamada. Ela estava trabalhando, era melhor guardar as novidades para depois.
Acho que devo ter ficado ali surtando por uns quinze minutos, e então a única coisa que eu respondi foi com o meu contato e endereço. Eu realmente dei uma de porra louca, ele que fizesse o que quisesse. Nunca tinha passado meu número para nenhum dos caras daquele aplicativo, ainda menos o meu endereço. Nunca atravessamos a linha da estação de metrô, era uma liminar. E agora eu estava literalmente enviando duas dessas informações confidenciais de uma só vez para o cara. Sério, o que foi que deu em mim? Me veio o ímpeto de apagar a mensagem, mas não havia essa opção no app, então o que me restou a fazer foi encarar o chat mortalmente e afundar o rosto no travesseiro para gritar.
O pior de tudo: ele não respondeu. Como o aluguel não foi finalizado, o pagamento não foi realizado. Então eu estava 1) com o meu endereço desnudado, 2) com o meu número de celular divulgado e 3) sem o bendito dinheiro. Enviei "olá?", mas ele não disse mais nada. Para me acalmar, fui tomar banho. Enrolei uma toalha na cabeça e outra no corpo antes de começar a passar geleia no pão, quando a campainha tocou. E eu sabia. Eu simplesmente sabia que era ele.
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meu nome (não) é Mary || joseph quinn
FanfictionMorar sozinha em Londres não é barato. Por isso, Jasmine Dawson precisa trabalhar por um salário em uma floricultura do Centro e ganhar uma grana extra em seus horários vagos, sendo namorada de aluguel para homens desesperados no app FDate. E nem as...