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— As mamães vão te matar.

Suspiro.

Bobbi não é a amiga que te dá bons conselhos, nem mesmo a amiga que te guia pelo caminho certo quando você não sabe o que fazer; e eu sei disso. Ela é a amiga que vai te dar carta branca para assaltar um banco se isso for o que você deseja, dizendo que "só se vive uma vez... você precisa fazer o que tem vontade", mesmo que isso signifique invadir uma propriedade privada, assassinar alguém ou casar de mentirinha. Ela é a favor de ilegalidades com a desculpa de que precisamos ser felizes.

E depois, é claro, ela te lembra do óbvio: as consequências.

— É, eu sei — resmungo em resposta.

Tenho sorte porque o vestido não é cheio de babados, senão eu não conseguiria me sentar no banco (do lado esquerdo, vale lembrar) do carro de Joseph. Em compensação, quando fechei a porta, o véu prendeu e rasgou. Eu fiquei petrificada de vergonha, mas fui a única a dar importância, o que ajudou a vergonha a evaporar. Agora o meu véu rasgado está ao lado da minha bolsa velha. Ainda bem que meu esposo é rico.

Ele está tranquilo na direção, sem tamborilar os dedos no volante — o que indica, de acordo com o meu medidor de ansiedade, que ele está calmo —, ouvindo as instruções da voz feminina do Google Maps e virando à direita ou esquerda quando necessário. E, veja só (rufem os tambores): ele ligou o som! Está tocando Anti-Hero, da Taylor Swift.

Nem a Taylor Swift consegue me fazer relaxar agora.

No volante, seu dedo mindinho brilha com a aliança. Olho para a minha mão, o anelar brilhando igualmente. A luz que exala da pequena argola de ouro me faz pensar em Dorothea, em como ela parecia cansada na Igreja, e em como, apesar de doente e com uma memória falha, ela ainda parecia desconfiada de mim. De alguma forma, tenho certeza de que se alguém ali fosse nos descobrir, esse alguém seria ela. Me pergunto se Joseph voltou a ficar tão intensamente calado por estar com o pensamento nela. Sinceramente, eu estaria.

— Por que o Wesley não veio com a gente? — Resolvo mudar de assunto e tentar afugentar os medos na minha cabeça, esperando que a resposta venha da Bobbi, apesar de olhar para Joseph.

O Wesley e a Bobbi foram vistos apenas uma vez, e foi no fim da cerimônia. Ele estava com a boca toda vermelha pelo batom da minha amiga, que, por sua vez, já estava sem. Depois disso, ambos foram em direções opostas, repelindo-se como cargas elétricas de mesmo sinal. Suspeito, eu diria.

Nenhum dos dois meliantes dentro do carro diz nada por um tempo, até que o nosso chofer particular, vulgo Quinn, responde.

— Sua amiga não queria que ele viesse no mesmo carro que ela.

Eita. O que isso significa?

Me viro no banco, olhando diretamente nos olhos dela. Estão cheio de glitter cor-de-rosa, aliás — que inveja. Suas sobrancelhas se elevam em condescendência, como se ela estivesse prontíssima para negar qualquer alegação pejorativa sobre si mesma. Aquela cara que ela faz quando se acha a dona da razão, não importa o que digam. Geralmente ela está errada.

— Por quê? — indago.

— Eu tenho que me fazer de difícil, mana. Não é só assim, dar uns pegas nos fundos da Igreja e depois grudar em mim. — Ela faz um som de tsc repetidamente, estalando a língua contra o céu da boca e negando com o dedo indicador. — Não, não, não. Comigo não é assim.

— Ah, não é? — retruco ironicamente. — Pensei que fosse.

— Mas não é.

Estreito os olhos para ela, que faz o mesmo para mim.

meu nome (não) é Mary || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora