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— Aí ele fica me sondando... — resmunga Bobbi de cabeça baixa, pois está disfarçando o brilho em seu olhar ao encarar o cadarço do casaco e mexer nele compulsivamente.

— E você adora.

Ela me olha chocada por eu ter dito isso e depois ri, incapaz de negar.

O tempo esfriou na manhã de hoje, e isso fez com que nós duas ficássemos debaixo do edredom fofinho da cama onde eu durmo, ouvindo os rapazes fazendo barulho lá embaixo e sentindo o cheiro do almoço subir ao se esgueirar. É tudo bem confortável, inclusive porque o meu pé está doendo menos. Está passando um episódio de Friends no notebook no meu colo, mas nós não estamos realmente assistindo, porque agora estou ocupada ouvindo-a falar sobre sua relação — ou o que deveria ser uma — com Wesley.

Bobbi está sentada ao meu lado, mas de frente para mim, porque está, na verdade, passando seu dedo sujo de glitter cor-de-rosa na minha pálpebra. É de uma paleta nova que ela me trouxe de seu último emprego, como presente de casamento/recuperação de acidente.

— Não adoro nada — retruca a teimosa.

— Por que não para de mentir para si mesma? — Minha voz sai, ainda que entre os lábios quase colados por causa da mão dela afundando no meu rosto. — Gosta dele, Bobbi. Gosta mesmo. Não sei por que tá evitando o coitado.

— Que motivos tenho para ter criado tantos sentimentos por ele? — Ela faz birra. — Simplesmente não aceito.

— Não que precise de motivos para gostar de alguém, mas... vocês se pegaram e gostaram, ele se importa com você, manda mensagens, te dá espaço se você precisa, te presenteia... Tudo num curto espaço de tempo. Se isso não é motivo para você, eu não sei o que é.

— São evidências de que eu tô muito ferrada.

Eu abro os olhos e tiro suas mãos de perto do meu rosto, segurando-as e encarando-a firmemente.

— Garota, você tirou a sorte grande, não entende? — Abro bem os olhos e falo devagar para que ela aceite de uma vez por todas. — Acorda! Eu bem que queria um cara gato para me tratar bem e me beijar melhor ainda. Muitas de nós queríamos. Você tem e não aproveita.

Ela junta as sobrancelhas e encolhe os ombros, sofrendo.

— Eu vou me apaixonar por ele, Jas. E ele vai me foder e ir embora. Eu tô prevendo isso.

Deus... Eu já a disse sobre todas as vezes que o Wesley torrou o meu juízo e a minha sanidade mental falando e perguntando sobre ela de novo e de novo? Já. Não sei o que fazer para ela entender que o Wesley não quer fodê-la e ir embora. Ele quer fodê-la e então fodê-la mais um pouco, e então ficar. Nada de ir embora.

— Você só tem como saber se tentar. — Dou o mesmo conselho de sempre e solto suas mãos, que voltam a pintar os meus olhos ao som de Phoebe Buffay. — Se você se machucar, você se cura, e aí parte para outra. Vai deixar ele ir embora sem antes te foder, pelo menos?

Ela ri. Está implícito que se ele machucá-la vai ter que viver sem pênis depois disso, pois eu vou queimá-lo com um maçarico de laboratório.

Pelo silêncio que se segue, acredito que esteja pensando no assunto. Espero que pense com carinho, porque eu adoro o Wesley. Se eu não estivesse casada de mentirinha com seu melhor amigo, além de Bobbi, talvez eu mesma estivesse interessada nele; mas sei que comigo seria totalmente diferente, porque o que ele sentiu por Bobbi não tem nada a ver com aquele sorriso de Cafajeste À Vista© que me lançou no leilão. Com ela foi diferente desde o início.

Acho que às vezes as coisas só... acontecem, assim. É tudo de um único jeito até simplesmente não ser mais. Em um dia comum, você apenas vira uma esquina aleatória e esbarra de frente com o verdadeiro amor, e então não tem mais o que fazer. Você pode tentar correr, é claro, como a Bobbi está fazendo — mas você nunca vai muito longe, de qualquer maneira.

meu nome (não) é Mary || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora