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— Calma, como foi que isso aconteceu?! — Bobbi exclama, pergunta, indaga, se choca; tudo ao mesmo tempo.

Estamos andando pelo centro de Canterbury após fazer uma limpa na loja de maquiagem onde ela trabalha. Isso mesmo: andando. Sem muletas, sem botas, sem escadas para torcer o pé e cair feito uma tonta. Com muitas sacolas nos braços, sim — e uma delas contendo o meu jaleco novíssimo em folha.

— Ele me pediu e eu aceitei.

— Você é tão fácil. — Bobbi rola os olhos e tira o pirulito da boca. — O dia que eu aceitar namorar com o Wesley vai ser tão legendário, depois de tanto tempo de espera do coitado, que vai ser um conteúdo hot digno de uma shortfic.

— Nem me fale sobre essa coisa. Eu fiz o Joe ler uma sobre ele mesmo, e ele tem um piripaque de vergonha toda vez que lembra.

Nós entramos em uma cafeteria e fazemos nossos pedidos. Bobbi me pede para contar detalhadamente como aconteceu, e fica decepcionada com a velocidade e simplicidade da coisa. Eu nunca parei para pensar sobre a rapidez com a qual as coisas entre nós fluíram, porque nós passávamos todo o tempo agindo como se realmente estivéssemos juntos há um ano, então acabou acontecendo desse jeito.

— Eu estava planejando te pedir de joelhos em um lugar bonito ou algo assim — admitiu ele mais tarde naquele dia —, mas você estava quase implorando para ser minha esposa.

— Eu não estava implorando, seu idiota.

— "Ai, Joseph, por favor, me peça em casamento" — ele afinou a voz, aquele ridículo.

— Ha-ha. Que engraçadinho.

— Ei, essa daí é você.

Nós não queríamos fazer uma cerimônia, especialmente porque não queríamos convidar sua família. Nós fomos no cartório no dia seguinte e resolvemos tudo burocraticamente, e agora eu tenho um novo sobrenome. Foi até legal, pois o meu nome era sem graça com apenas um sobrenome. Sinceramente, não é como se muita coisa tivesse mudado. Ele ainda está de férias, então me acompanhou à UCL há dois dias para que eu conhecesse o laboratório de biofísica.

Eu estaria mentindo se dissesse que às vezes não me batia uma crise existencial, questionando se eu estava tomando a decisão certa. Quando eu pedi conselhos às minhas mães, precisei relevar a alegria nada imparcial da Mãe 1 e escutar atentamente ao que a Mãe 2 tinha para dizer. O que ela me assegurou foi de que o divórcio existe graças à luta feminista ao longo dos anos, e se algum dia simplesmente não der mais certo e qualquer um de nós quiser romper, temos a justiça ao nosso favor para isso.

— Ele é agressivo? — perguntou ela, preparando o meu Tteokbokki da vez.

— Não. — Só com o Thompson, quase acrescentei, mas nunca comigo. Joseph se importava mais com o meu bem estar do que eu mesma nunca seria capaz de fazer. Ele não conseguia ser violento nem mesmo nos jogos de videogame com o Olliver e o Wesley.

— Ele te entende?

— Sim. — Mais do que qualquer pessoa algum dia foi capaz de entender. O cerne da nossa conexão compreensiva, para mim, era o fato de nós dois sermos adotados. Em que universo eu encontraria alguém que passou pela mesma situação que eu, me apaixonaria por ele e seria totalmente correspondida?

— Ele cuida da casa?

— Sim. — E é muito mais organizado do que eu. Às vezes eu deixo a toalha pendurada na porta do banheiro, e quando volto, ela já está estendida no gancho, adequadamente. Uma noite dessas, depois da minha última fisioterapia, o flagrei organizando a minha gaveta.

— Ele gosta da gente?

Pisco rapidamente, sorrindo como quem diz "sério?", porque é impossível não gostar delas.

meu nome (não) é Mary || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora