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O Tteokbokki foi suficiente para todo mundo na hora do jantar. Tirei uma foto dos três rapazes comendo e mandei no grupo com a Mãe 1 e a Mãe 2, e elas responderam com vários emojis de palmas, de gatinhos apaixonados e duas fotos da Julien e da Poppy dormindo.

Joseph saiu para visitar a vovó e aproveitou para levar Wes e Ollo em suas respectivas casas, que se despediram de mim com um beijo em minhas bochechas, um na esquerda e outro na direita. "Melhoras, gatinha", um deles disse, e "melhoras, princesa", disse o outro. Sozinha, abri os artigos no notebook, mas decidi que estava muito afoita para sequer conseguir pensar em microrganismos e ecossistemas hoje.

Aproveitei o tempo, portanto, para fazer skin care, e estava com o som das caixas do notebook no máximo, tocando Alicia Keys em repetição constante, quando terminei a mistura da argila e passei em um lado do meu rosto. "No One" estava tocando tão alto, em soma com o volume da minha própria voz cantando, que não ouvi Joseph chegar e nem a porta do quarto ser destrancada; mas estando no banheiro com a porta escancarada, em frente ao espelho, vi quando ele virou a cabeça e ficou me observando.

Ele estava movimentando a boca, mas eu não entendi nada.

— O quê?! — Gesticulei para o meu ouvido, indicando que não dava para ouvir. — Não consigo entender. Abaixa o volume.

Ele franziu a testa e fez um sinal negativo, dizendo que também não estava entendendo. Fiz mímica, fingindo abaixar um volume. Sorrindo de um jeito sapeca, ele foi ao notebook e diminuiu o som. Desta vez, estava caminhando relaxadamente — sua jaqueta de couro preta aberta —, vindo para entrar no banheiro comigo.

— O que você estava dizendo? — pergunto, olhando-o através do reflexo, bem atrás de mim.

— Nada, eu só tava mexendo a boca e fingindo que estava falando algo importante.

Ele encolhe os ombros quando tento dar um tapa em seu braço e erro a mira. Pelo espelho, vejo seu sorriso com dentes perfeitos mostrar as ligeiras covinhas. Seu cabelo está caindo na testa, e ele está usando um colar de prata sobre uma camiseta branca por baixo da jaqueta. Joe está emanando a aura de um domingo à noite, com o tipo de roupa que você espera que o cara que vai te levar para sair esteja usando. Ele é um sonho. Um sonho lindo.

— O que é isso que você tá passando no rosto? — Quer saber, esticando o pescoço para olhar melhor.

Estou meio inclinada sobre a pia, tentando focar em não deixar nenhuma parte do meu rosto sem a argila rosa, pincelando, passando-a no nariz e espalhando o excesso.

— É um produto de alta tecnologia de ponta que promove um incrível rejuvenescimento facial.

— Uau. — Ele pisca os olhos rapidamente, as duas sobrancelhas bem arqueadas, enrugando a testa. — Qual é o nome?

— Argila.

Dou risada com sua cara de tédio no espelho. Ele segura a risada, e faz um gesto com a boca que indica que está prestes a dizer algo, mas desiste. Aposto que ia me chamar de engraçadinha. Seus olhos estão focados e permanentemente curiosos no que estou fazendo, observando atento.

— O que foi? Quer passar?

— Quero. — Sua resposta me surpreende. E, na verdade, até me anima. — O que foi? Eu também quero perder essas rugas da idade. — Ele põe a mão no próprio rosto e estica a pele, olhando para o próprio reflexo. — Você passa em mim?

— Com certeza. Deixa só eu acabar o meu.

Joseph concorda com a cabeça, tira sua jaqueta e a põe no gancho de toalha anteriormente vazio, cruzando as mãos atrás do corpo e me assistindo terminar, obedientemente. Assim que finalizo, viro-me de costas para o espelho e de frente para o armário que gosto carinhosamente de chamar de esposo de mentirinha, ou de Sr. Simpático, às vezes. O rosto dele está lá, a quase vinte e cinco centímetros acima de mim.

meu nome (não) é Mary || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora