Capítulo 7 - Venha Comigo.

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Henry

Haviam se passado dois dias que eu não via June e Alex. Não tinha mais notícias deles e preciso confessar que eu já sentia saudades da June, sua inocência e delicadeza.

Eu estava deitado na cama às 8 horas da manhã. Digamos que eu tenha passado bem nos últimos dias, apenas tonturas e sintomas que eu já previa sentir devido a doença.

Duas batidas foram dadas na minha porta e eu pedi que entrasse.

- Querido. - Minha mãe sussurrou. - Eu estou indo trabalhar.

- Ok mãe, acho que vou para a faculdade à tarde. - Falei

Minha mãe deu alguns passos até a minha cama e me fitou.

- Você está bem? - Ela tinha um olhar preocupado.

Foi basicamente assim todos os dias desde que ela descobriu a doença, mesmo quando nada demais acontecia, ela vinha até o meu quarto perguntar se eu estou bem. Talvez esteja com medo de que eu esconda alguma coisa já que escondi o diagnóstico em si.

- Sim. - Respondi com sinceridade.

- Que bom. - Ela sorriu. - Tem visita para você na sala.

- Para mim? - Franzi a testa.

- Sim. - Ela me olhou de um jeito significativo - Percy.

No mesmo instante eu senti um enjoo enorme. Fiquei nervoso instantaneamente.

- Ele não sabe? - Minha mãe perguntou como se eu estivesse acabado de cometer um crime.

Até agora eu não tinha pensado que em algum momento teria que enfrentar o fato de esconder do meu melhor amigo que eu estava com câncer. E morrendo.

- Não. - Respondi, engolindo em seco. - Ele não sabe.

A minha mãe soltou um suspiro profundo e me olhou com pena, claramente. Eu odiava aquilo, mas eu realmente entendia: eu estava fodido.

Levantei-me da cama e fui até o espelho, passando as mãos no cabelo para tentar ajeitar. Coloquei um par de chinelos no pés enquanto a minha mãe olhava cada gesto que eu fazia. Em certo momento ela se aproximou de mim.

- Vou trabalhar, pense no que você vai fazer. Percy gosta muito de você.

Assenti e ela se aproximou, comigo já sabendo o que ia fazer e com isso abaixando a cabeça na sua altura, para que pudesse beijar minha testa.

Soltei um suspiro pesado e fitei o teto. Eu precisava criar coragem.

Acho que ninguém nunca está preparado para dar esse tipo de notícia para alguém. Eu tinha sorte - é ridículo pensar isso - da minha mãe descobrir a doença da boca de um médico porque sinceramente não consigo nem imaginar a cena de ter que falar isso para ela. Então, como eu daria aquela notícia para Percy?

Não seria fácil. Nada que se relaciona com a morte é.

Saí do quarto e logo avistei Percy sentado no sofá de casa. Assim que ele notou a minha presença, sorriu e se aproximou de braços abertos.

- Seu filho da puta, que saudade! - Ele disse e eu ri fraco.

O jeito Percy de ser.

- Também estava, Pez. - Falei retribuindo o abraço. - Já tomou café da manhã?

- Não, vim tomar aqui... - Ele me fitou. - Como sempre fazemos.

Ri e concordei.

Fomos até a cozinha e a mesa do café da manhã estava pronta, do jeito que a minha mãe provavelmente deixou para a gente.

Flatline (Versão Alex e Henry)Onde histórias criam vida. Descubra agora