Capítulo 22 - Comfort

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Alex

Eu estava sentado na poltrona com os meus dois braços apoiados nas pernas, enquanto os meus olhos estavam presos em Henry, que permaneceu deitado na cama desde a hora que o coloquei ali. June estava ao seu lado, aflita, assim como eu.

Fazia alguns minutos desde o acontecimento e desde então, ele não havia acordado.

Fui pela décima vez até o loiro deitado e medi sua pulsação, passando meu dedo perto do seu nariz para garantir que ele ainda respirava perfeitamente. Ele só estava desacordado.

Mas mesmo assim, eu me sentia mal. Eu queria tanto que ele acordasse logo.

Por um momento eu dei graças a Deus pela mãe de Henry ter ido embora antes do tempo, imagine se ela presenciasse o filho desmaiando? Não quero nem imaginar.

Voltei a me sentar na poltrona e ouvi June me chamar em um sussurro:

- Papai, olha!

Imediatamente olhei para Henry, que agora abria os seus olhos com calma e fitava o teto. No primeiro instante ele franziu a testa e June me fitou, levei meu dedo indicador até os meus lábios e fiz um gesto de silêncio, pedindo que ela não surtasse para que o loiro não se assustasse.

Eu sentia um alívio passar por todo o meu corpo e até relaxei os meus ombros, soltando um suspiro profundo em seguida.

Henry analisava todo o ambiente, provavelmente se sentindo perdido, já que aquele não era o último lugar em que estava quando desmaiou. Ele olhou para June e depois de alguns instantes virou a cabeça na minha direção, me fitando.

- Alex... - Ele murmurou e eu me levantei da poltrona rapidamente, indo em sua direção. - O que... o que aconteceu?

- Você desmaiou. - Falei e ele arregalou os olhos. - Mas fica sossegado, foi uma reação esperada devido o tratamento ter iniciado.

- A minha cabeça dói. - Ele franziu a testa novamente, levando sua mão até o ponto de dor.

- Você bateu ela no chão, no momento da queda, mas eu já analisei e está tudo bem. Não há ferimentos.

Ele assentiu.

- Sente dores fora essa? - Perguntei. - Como você se sente?

- Um pouco tonto. - Ele respondeu em um sussurro. - Faz quanto tempo disso?

- 15 minutos, mais ou menos.

Ele voltou a olhar para June e em seguida, June o abraçou tão forte. Eu conseguia enxergar a todo instante enquanto Henry estava desmaiado, que  minha pequena ficou muito nervosa e aflita, querendo que o mesmo acordasse. E agora, não era apenas um alívio para mim, mas também para ela.

Assim que a mesma se separou de Henry, foi a minha vez. Me aproximei dele e encostei as nossas testas, olhando em seus olhos que ainda demonstravam confusão. Beijei a ponta do seu nariz e em seguida, subi a boca até a sua testa e a selei.

Sempre ouvi dizer que beijos na testa representam respeito. Eu eu o respeitava de fato, mas naquele momento, aquele beijo representava além disso. Representava alívio, ternura e... amor.

Enquanto Henry estava desmaiado, eu me senti terrivelmente mal. Desde quando ele aceitou fazer o tratamento, a esperança dele sobreviver a essa maldita doença, cresce cada vez mais dentro de mim. É uma esperança pequena, nem que seja 1%, mas ela existe. 

Eu nunca fui muito de frequentar igrejas, tão pouco falar de Deus, mas desde que Henry disse que queria fazer o tratamento, eu venho pedindo que Ele o ajude nessa jornada. Eu também estarei com ele, mas eu sei que não sou um ser incrível que poderia lhe salvar disso. Mas era o que eu queria. Queria tanto que já o imaginei diversas vezes no futuro. Sem doenças. Com saúde. E comigo.

Flatline (Versão Alex e Henry)Onde histórias criam vida. Descubra agora