Capítulo 20 - Paraíso

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Henry

Eu sentia tudo rodar enquanto o meu corpo estava relaxado em uma cama de hospital. A ânsia vinha até a minha garganta e voltava. Eu conseguia ouvir os bips dos equipamentos do meu lado.

Virei a cabeça para poder procurar Alex naquele ambiente e senti uma pontada na cabeça. Ela doía muito. Encontrei o moreno no canto da sala sentado em uma poltrona me olhando.

- Você está bem? - Ele perguntou, se aproximando de mim.

- Estou com mal estar. - Falei, fazendo careta.

- É normal. - Ele disse. - Resultado do tratamento, ainda mais por ser a primeira vez, o seu corpo ainda não está acostumado com isso.

Assenti.

- Eu vou ter que ficar o dia todo?

- Não, a gente vai embora daqui a pouco, eu só estava esperando você acordar.

Assenti outra vez.

- Eu queria avisar a minha mãe.

Alex riu.

- O que foi? - Perguntei?

- Tratamentos radicais como esse deixam o ser humano carente também. - Ele falou. - Você nunca fala da sua mãe, digo, raramente, e hoje está precisando dela.

- Eu a amo, Alex.

- Eu sei, Henry. Nunca disse o contrário.

- É que ela se sente confortável quando eu estou com você, então não vejo tantos motivos para ligar para ele avisando o que vou fazer. Mas eu comecei o tratamento e... ai. - Senti mais uma pontada e fechei os olhos.

- Shiu. - Ele disse, levando os seus dedos até o meu couro cabeludo e fazendo carinho. - Eu sei, você quer contar a ela sobre isso.

Eu apenas assenti de olhos fechados, concordando.

- Henry, eu vou fazer os documentos da sua alta e já volto. - Ele disse. - Tem uma enfermeira no quarto ao lado, caso precise de algo pode chamá-la.

Concordei com os olhos ainda fechados e ouvi alguns passos se distanciando de mim, deduzi que foi Alex saindo.

Passei a língua nos meus lábios e eles estavam secos. Mais um resultado do tratamento?

Abri os meus olhos devagar e comecei a virar a minha cabeça com calma, notando aquele quarto. Eu não sabia que horas eram, nem se havia escurecido, não sabia também quanto tempo eu havia passado ali.

Encontrei a enfermeira do meu lado direito mexendo em alguma coisa do quarto. Em seguida, Alex adentrou e me olhou, abrindo um pequeno sorriso e vindo na minha direção.

- Você está melhor?

- Eu só quero ir embora. - Resmunguei e ele riu.

- Tudo bem, eu vou te ajudar. Mas, você precisa me ajudar na hora de sentar, quando eu contar até três, você senta. E na hora você vai sentir um pouco de tontura e talvez uma pontada na cabeça, mas é normal.

Assenti. Senti a mão de Alex segurar a minha e prendi meus dedos em sua mão, como um gesto de confiança.

- Um... - Ele começou. - Dois. Três. - E então eu dei um impulso e ele me ajudou a levantar.

Realmente, tudo rodou. E eu senti mais enjoo ainda. Que sensação horrível.

- Eu vou sentir isso todas as vezes que eu fizer a quimioterapia?

- Não. - Alex respondeu. - É mais forte nas primeiras vezes, depois vai passando, depende muito também da dose do remédio e quão forte ele é. Algumas nem causam esse efeito, dependendo do organismo, claro.

Flatline (Versão Alex e Henry)Onde histórias criam vida. Descubra agora