Capítulo 3 - Não entregue os pontos

443 49 81
                                    

Henry

Eu sentia pontadas fortes na minha cabeça. Fiz careta e levei meus dedos até ela, massageando. Abri meus olhos esperando encontrar o meu quarto, mas não, não era o meu quarto, era um quarto todo personalizado de criança e parecia ser de menina.

Onde eu estava?

No mesmo instante passou um flash na minha mente. Eu no bar com o Percy. Eu bebendo. Eu encontrando Alex. Eu beijando Alex.

Ah não, eu beijei o médico. Torci a boca lembrando.

Então tudo continuou: eu brigando com ele por algum motivo que eu não sabia. Eu bebendo mais. Eu passando mal. Eu sendo carregado por ele. Mais nada.

Ótimo, eu tinha esquecido de quase tudo. Droga!

Virei de lado e senti meu corpo todo doer. Quando olhei para um canto do quarto, levei um susto enorme, já que logo depois dos meus pés que passavam do colchão pequeno, vi uma garotinha sentada em uma poltrona branca. Ela era linda.

- Você acordou?. - Ela disse. - Você está dodói?

- A minha cabeça dói. - Murmurei, fazendo careta em seguida. - Onde eu estou?

Ela fez uma cara de quem não tinha entendido muito bem.

- Na minha casa.

- E onde fica a sua casa?

- Ai, eu não sei te explicar direito. - Ela disse toda delicada, agora se levantando da poltrona e vindo na minha direção. - Eu vou chamar o meu pai.

Arregalei meus olhos. Senhor, ela é filha do Alex.

Ela deu as costas e foi até a porta, abrindo e saindo correndo do quarto. Me virei de barriga para cima e fitei o teto.

Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, eu senti a presença de alguém no quarto e olhei para a porta, vendo Alex ali.

Ele vestia uma calça jeans clara e uma camiseta azul escuro. notei que ele tinha os braços longos e músculos definidos, coisa que eu não notei nem ontem e muito menos no consultório com todas aquelas roupas de médico.

- Filha, você pode nos deixar a sós? - Ele perguntou de um jeito calmo e doce.

Ela assentiu e me olhou, dando um beijo no seu pai e saindo do quarto.

Me curvei para me sentar na cama e senti mais uma pontada forte na minha cabeça, gemendo de dor. Me sentei na cama e senti a minha boca seca. Ressaca!

- Como você está? - Ele perguntou

- O que aconteceu ontem?

Um riso fraco escapou dos seus lábios.

- Você bebeu, Henry.

- Não diga? - Disse ironicamente.

- É, exatamente, e esse não é o momento do sarcasmo. Você sabe do seu diagnóstico...

- Olha, eu não preciso que você fique me lembrando que eu estou prestes a morrer. Eu só quero curtir a minha vida, você não está enxergando isso? Eu só quero aproveitar o tempo que me sobrou.

Ele fechou a cara e pareceu decepcionado pelo que eu disse. Engoli seco. Então, ele começou a vir na minha direção e se agachou na minha frente, colocando uma de suas mãos na minha perna.

- Eu não posso te forçar a nada, mas eu não queria que você entregasse os pontos.

- Como assim?

- Seria uma boa escolha se você fizesse o tratamento.

Flatline (Versão Alex e Henry)Onde histórias criam vida. Descubra agora