Capítulo 34 - Eu te amo.

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Alex

Eu tinha planos para aquela noite. Eu realizaria mais um ou dois desejos da lista de Henry. Sim, eu estava a caminho de casa e tudo estava pronto para surpreendê-lo, até que no meio do caminho tivemos uma surpresa nada agradável.

Henry começou a passar mal no carro. A sua respiração começou a falhar e ele tentava de todas as formas puxar o ar para o pulmão, na tentativa de sentí-los cheios novamente. Ele estava muito assustado, lembro-me de olhar nos seus olhos que me fitavam à procura de socorro e só pude dizer que "aguentasse firme". Em seguida acelerei, tentando manter o foco para chegar no hospital o mais rápido possível.

{...}

Agora ele estava dentro de uma sala, recebendo todos os cuidados necessários e respirando com ajuda de aparelhos. Ele estava dormindo graças aos remédios que haviam lhe dado e eu conseguia ver seu corpo deitado e relaxado na maca através de um vidro.

Ele estava de olhos fechados e eu podia ver o equipamento de respiração e o visor indicando seus batimentos cardíacos do lado da cama. Dei graças a Deus mentalmente por entender sobre tudo aquilo e saber que mesmo com Henry deitado naquela cama desacordado, ele estava bem.

Ouvi alguns passos vindo em minha direção e mesmo sem tirar os olhos dele, eu já sabia quem era. Então virei o meu pescoço e sorri para Miguel, que parou imediatamente do meu lado e olhou para Henry.

- Como você se sente? - Ele perguntou em um sussurro.
- Exausto! - Falei, soltando um suspiro profundo.
- Ele vai ficar bem, Doutor.

Acabei sorrindo pelo modo escolheu para se referir a mim, naquele momento o doutor era ele, não eu.

- Eu sei que vai, assim espero. - Falei, voltando a olhar para o loiro deitado. - Miguel. - O chamei, continuando o assunto. - O que ele teve, realmente?
- São os sintomas do câncer, Alex. Falta de ar, sua pressão baixou e ele passou mal. Sem contar que...
- Sem contar...? - O fitei, ansioso para ouvir.
- Quando entramos com ele na sala e o mesmo ainda estava acordado, colocamos os equipamentos para ajudá-lo a respirar e deu tudo certo, mas antes ele teve uma convulsão.

Senti um aperto tão forte ao ouvir aquilo. Henry convulsionou devido a progressão da doença.

Sua falta de ar e tudo o que ele passou hoje, foi consequência do que já vimos nos últimos exames, muitas vezes o cérebro não corresponde ao corpo e dessa vez, acabou causando a sua dificuldade em respirar.

Maldito câncer! Maldita doença!

- Alex... Miguel me chamou mais uma vez e eu lhe fitei. - Fizemos alguns exames e imagens de crânio e percebemos que temos como fazer uma cirurgia. Se pudéssemos tirar os pelotes de câncer, ele poderi...
- Eu já pensei nisso. - Falei, lhe interrompendo. - Mas o câncer de Henry está localizado em locais de perigo.
- Visão e movimentação do corpo. - o Doutor disse, já sabendo do que eu estava falando.
- Exatamente! E se mexermos nessa parte, ele pode ficar cego, ou paralisado.
- Você não acha que vale a pena arriscar? - Ele perguntou.
- Eu posso conversar com ele, mas a cirurgia em si também é perigosa, eu prefiro estar presente para ajudar. Quero estar ciente que ninguém vai mexer em partes que possam causar danos permanentes nele.

Miguel riu fraco e deu dois tapinhas no meu ombro.

- Fica sossegado, Alex. Você também é um doutor. - Ele disse e eu sorri, voltando a olhar para Henry.

Vê-lo naquela cama me fazia pensar em como eu faria qualquer coisa por ele, mas eu não podia deixar de pensar também, se valeria a pena fazer com que ele corresse o risco de perder tantas funções importantes do próprio corpo, só para se manter vivo de certa forma. Eu sei, a vida dele é essencial, céus, eu faria qualquer coisa pra ter Henry do meu lado pra sempre ou por pelo menos mais 50 anos, mas só de pensar em algo de errado acontecendo nesta cirurgia... Eu me sentiria culpado novamente e eu sabia que essa culpa, não sairia de mim.

Flatline (Versão Alex e Henry)Onde histórias criam vida. Descubra agora