Capítulo 25 - Escuridão

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Alex

E lá se ia mais um dia de tratamento de Henry. Ainda é a segunda vez e o meu coração batia talvez até mais forte que na primeira. Eu sentia o nervosismo me invadir por completo a cada passo que dávamos naquele corredor enorme do hospital, em direção ao quarto.

Eu tentei manter a calma durante todo o trajeto, entre colocar Henry deitado na cama e começar a quimioterapia, para que ele não ficasse mais nervoso do que já estava. Eu percebia a ansiedade em sua perna que não parava um segundo sequer de balançar, assim como nas suas mãos girando o anel dourado que ele usava no dedo mínimo.

Enquanto uma enfermeira preparava o seu braço, colocando o acesso da agulha na veia, eu ia rapidamente para a sala ao lado pegar a bolsa com a medicação já pronta daquele dia. O líquido era laranja mas ficaria dentro de um saco mais grossinho para que a luz do sol não batesse, já que isso poderia alterar sua química. Assim que voltei ao quarto, pude notar que Henry estava com a boca um pouco trêmula, só me fitando.

- Fica calmo. - Sussurrei, me aproximando dele. - Você quer dormir ou ficar acordado?

- Acordado. - Ele disse. - Vai demorar muito?

- 1 hora. - Respondi.

Ele assentiu e fechou os olhos, então, eu sabia que era hora de injetar na sua veia toda a substância que continha ali e torcer mentalmente que desse certo.

{...}

Puxei uma cadeira para me sentar ao lado de Henry enquanto observava ele brincar com os seus próprios dedos. Pelo menos não era no anel pequeno dessa vez, sabia pelo tempo que convivemos, que aquele era um sinal de ansiedade forte. Havia um equipamento grande ao seu lado onde continha fios que liguei em algumas partes do seu corpo, incluindo no seu peito, para que eu pudesse ter controle dos seus batimentos cardíacos.

Sinceramente? Aquilo não era necessário em todas as sessões, a não ser que o loiro estivesse muito mal e eu precisasse monitorar uma possível falha do seu corpo. Mas eu não conseguia não exagerar com ele, até por que como já lhe disse, tudo que eu mais queria era lhe salvar.

O meu braço estava apoiado na minha perna enquanto eu olhava dessa vez o relógio do meu pulso. Analisando  também o saquinho com o conteúdo e a velocidade em que as gotas desciam pelo fio de plástico, percebendo que estava tudo dentro do tempo e que em uns 10 minutos aquilo acabaria. Eu olhei para Henry e já podia notar a fraqueza vinda dele.

Aquilo me derrubava. Eu juro que é uma satisfação total vê-lo fazendo esse tratamento, mas se eu pudesse deixaria que todos os sintomas viessem para mim, eu suportaria qualquer coisa se aquilo fosse mantê-lo bem.

Eu aumentei a dose do tratamento dessa vez para que tudo ocorresse mais rápido. Henry não estava ciente disso, pois eu sabia o quanto nosso psicológico pode ficar afetado ao saber, então preferi manter aquilo para mim e talvez mais tarde contar para a sua mãe.

Me levantei para sair do quarto e pedir a uma a uma enfermeira que ficasse com ele durante alguns minutos, para que eu pudesse preencher alguns papéis referentes ao seu tratamento naquele dia, assim como a sua alta. Mas assim que cheguei perto da porta, ouvi Henry chamar pelo meu nome baixinho:

- Aonde você vai?

- Preciso fazer a sua ficha, vou chamar uma enfermeira, tudo bem?

Ele assentiu, sonolento e eu saí do quarto.

Haviam algumas enfermeiras andando pelo corredor e a primeira que passou, pedi sua atenção.

- Pode, por gentileza, ir naquele quarto? - Apontei para o mesmo. - Henry James Fox está finalizando seu segundo dia de químio, você pode ficar de olho enquanto faço a sua ficha?

Flatline (Versão Alex e Henry)Onde histórias criam vida. Descubra agora