Capítulo 32 - Quebrados

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Alex

Eu devo ter sido um baita de um filho da puta, ladrão, traficante que cometeu mil e um pecados na vida passada para estar passando por todas essas coisas.

Demorei muito tempo pra conseguir aceitar que tinha perdido Ellie, superar tudo que passei após aquele maldito acidente e ainda tendo que cuidar da June sozinho, mas saber que agora eu poderia perder a única pessoa por quem eu havia me apaixonado depois da minha falecida, deixava bem claro que Deus não gosta de mim.

Eu estou fodido. Completamente fodido, quebrado. Só comigo o raio caiu duas vezes no mesmo lugar.

- Alex? - Henry me chamou enquanto eu dirigia, me acordando do transe. O fitei.

- Você pode me levar pra casa? - Ele perguntou em um sussurro.

- Posso. - Respondi também em baixo tom, voltando a olhar para o trânsito.

Tudo voltou a ficar um silêncio.

Eu sabia que ele estava se sentindo mal assim como eu. Eu só não sabia medir qual dor era maior: a minha ou a dele. É egoísta pensar nisso. Mas quando você já passou pela mesma coisa, se priva de tentar algo com qualquer pessoa na sua vida depois disso, e quando finalmente abre o seu coração, dá o azar dessa pessoa estar doente... isso me faz sentir raiva de tudo.

E eu sentia. E me sentia mal, tão mal que eu queria chegar em casa para poder chorar tudo o que estava preso na minha garganta.

Mas ao mesmo tempo eu queria ficar com Henry.

Eu não queria que ele ficasse sozinho, porque eu sabia que todo aquele sentimento iria explodir mais cedo, ou mais tarde e eu queria estar perto dele para ajudá-lo nesse momento. Mas talvez, agora, nós dois precisássemos de um tempo.

Eu não me conformava que isso estava acontecendo. Pra mim poderia ser apenas um pesadelo e que eu iria acordar logo pela manhã com Henry ao meu lado dando o seu melhor sorriso.

Mas, não... Ao invés disso, eu parei na frente da sua casa e desliguei o carro, ouvindo o loiro soltar um suspiro pesado e me fitar.

- Alex, eu só quero que você fique bem. - Ele murmurou e eu ri fraco.

- Não tem como você me pedir uma coisa dessas.

- Alex...

- Tudo bem, Hen. - Falei. - A minha preocupação agora é você. Não fique preocupado comigo, vai dar tudo certo.

Mesmo eu não tendo certeza nenhuma do que disse, falei com firmeza, na tentativa de lhe passar confiança, aguentando o quanto podia mesmo que a minha vontade fosse de pedir que ele saísse do carro, para que eu pudesse chorar sozinho.

Sem que eu esperasse, ele me abraçou. E de repente, ouvi seus soluços perto da minha orelha. Não, ele não podia fazer isso comigo. Chorar assim? Não. Deus, tudo menos isso.

Eu estava pensando em pedir que ele me soltasse, mas o seu braço me apertou ainda mais forte e a única coisa que eu consegui fazer, foi retribuir, o abraçando ainda mais forte.

Afundei a minha cabeça no seu ombro e passei o meu polegar nos seus fios loiros. Eu o amava demais para suportar que ele fosse embora para sempre.

- Alex. - Ele sussurrou, separando os nossos corpos.

Seus olhos estavam vermelhos e pequenos. Aproximei a minha boca deles e ele os fechou, então os beijei devagar, um de cada vez. Logo depois me distanciei do loiro, observando-o abrir os olhos e sorrir.

- Eu quero te pedir uma coisa. - Ele disse.

- Pode falar. - Falei. - Eu faço qualquer coisa por você.

Flatline (Versão Alex e Henry)Onde histórias criam vida. Descubra agora