Flatline (Versão Alex e Henry)

Capítulo 17 - Fique firme!

Alex

Eu estava sentado no sofá de casa olhando para aquele maldito resultado de exame médico que estava dentro do envelope branco em cima da mesa de centro. Uma mistura de medo e ansiedade tomou conta de mim, mas eu precisava ser forte independente do resultado. Eu precisava ser forte porque eu sabia que se acontecesse o que eu mais temia, Henry ia precisar de mim.

Mas só de imaginar na possibilidade de tudo ter se agravado... A vida é meio injusta. Henry de apenas 25 anos com uma doença que pode matá-lo.

A doença não escolhe idade. Nem quando chega, quem dirá quando parte.

Levei um susto quando a campainha tocou e eu acordei de todo o transe, me levantando do sofá e indo em passos calmos em direção a porta da sala, tendo certeza de que era Henry. Rodei a chave e a maçaneta e lá estava ele, como o cabelo caído sobre a testa, um pequeno sorriso nos lábios mas, pelos seus olhos eu conseguia enxergar o medo.

- Oi Alex. - Ele disse em um sussurro.

- Oi Henry, entra. - Disse, dando espaço para que ele entrasse.

Ele passou por mim e parou na minha frente, fechei a porta e em seguida, senti uma de suas mãos no meu ombro. Ele focou os olhos nos meus, depois desceu o olhar e depois selou os nossos lábios. Desci a minha mão para a sua cintura e apertei com delicadeza, ouvindo um resmungo escapar dos lábios dele.

Peguei em suas mãos e separei um pouco o nosso corpo, o levando até a sala.

Henry se sentou na minha frente e eu estiquei o braço, pegando o envelope de cima da mesa. Ele correu os olhos no envelope e engoliu em seco.

- É esse o resultado? - O loiro perguntou.

- Sim. Você prefere ver primeiro? Ou quer que eu veja?

- Não sei... - Ele disse, mordendo seus lábios enquanto tinha sua cabeça baixa. A sua perna balançava e eu tinha certeza que ele estava nervoso.

- Henry... - O chamei, pousando a minha mão na sua coxa. Ele olhou para mim. - Independente do que esteja aqui dentro, eu vou estar com você. Vamos fazer o tratamento, vamos combater essa doença. Você é forte e eu não vou te deixar por conta disso.

Ele estava com os olhos marejados e assentiu.

- Eu prefiro abrir, então. - Ele falou e eu assenti, entregando o envelope em suas mãos.

Henry pegou o envelope e começou a analisar, passando seu dedo indicador pelo papel. Em seguida, abriu o próprio e puxou um papel branco de dentro, provavelmente era lá que estava o resultado do exame.

Seus olhos correram pelo papel branco e ele franziu a testa.

- Eu não entendo nada do que está escrito.

- O resultado está no final, você não vai entender o decorrer dele, eu te explico depois.

Ele assentiu, descendo o seu olhar até o fim do papel.

Henry olhou para o mesmo lugar por alguns segundos, provavelmente raciocinando o resultado do exame. Eu senti uma vontade enorme de puxar aquele papel da sua mão só para ver o que tinha dado, mas eu tinha que respeitar o seu momento. É coisa dele.

Sua boca começou a tremer e ele levou sua mão até ela. Eu conseguia enxergar algumas lágrimas já caindo sob a sua bochecha.

- Henry... - O chamei em um sussurro e ele levantou a cabeça devagar, me fitando.

- Piorou. - Ele disse, me entregando o papel.

Rodei os meus olhos naquele exame e ao contrário de Henry, eu entendi tudo.

Ele estava com câncer cerebral ainda, não havia vestígios de cura apesar dele não ter se espalhado para outros lugares. Mas, o problema era que tinha se agravado, e muito, digamos.

Tudo por ele ter ficado um mês inteiro sem tratamento. Câncer é uma doença que corrói o ser humano, o tempo é injusto em relação a ele e se você não correr contra o tempo, ele te mata.

- Você aceita o tratamento? - Perguntei, tentando manter a calma, mesmo sentindo um peso enorme nos ombros e uma vontade de chorar.

- Sim, eu quero fazer. - Ele disse. - Mas... por ter agravado, você acha que vai adiantar?

- Sim. - Falei. - Não é 100% de certeza, mas não custa tentar. Se você ficar mais tempo sem tratamento, as chances vão caindo.

Ele assentiu.

- Quando vamos começar?

- Tenha calma. - Ri pelo nariz. - Você quer que o Miguel seja o seu médico ou...

- Eu quero você, Alex. - Ele me cortou. - Eu quero que você seja o meu médico.

Engoli em seco e assenti. Seria mais uma responsabilidade.

- Tudo bem. Você quer começar amanhã?

- O mais rápido possível. - Ele disse, abaixando a cabeça e começando a chorar.

Eu conseguia ouvir os seus soluços baixos e naquele momento, eu me senti perdido. A minha vontade era de chorar junto mas eu precisava ser forte, se eu desmoronasse perto dele, provavelmente a situação iria piorar.

Então eu deixei o envelope de canto e estiquei o meu braço, puxando Henry para perto de mim em um abraço. Ele colocou a sua cabeça no meu peito enquanto deixava as lágrimas caírem sem medo de nada, e os soluços começaram a se propagar no ambiente.

- Eu... me sinto culpado. - Ele disse em meio a um soluço.

- Culpado do quê?

- De não ter começado o tratamento antes. - Ele me fitou. - Se eu tivesse feito, o câncer poderia ter diminuído ou pelo menos não mudado em nada, mas não aumentado!

- Não pense nisso. - Falei, passando meu dedo indicador na sua bochecha. - Vamos fazer até o impossível para que tudo se acerte. Você é forte, Henry! E eu vou estar com você.

- Obrigada, Alex. - Ele sussurrou em lágrimas.

Beijei sua testa e apertei ainda mais o abraço. Ele parecia menor que eu, tão pequeno e encolhido nos meus braços.

Eu faria por Henry tudo que não pude fazer por Ellie. Eu iria salvá-lo de todas as maneiras possíveis. A morte, apesar de dolorosa e inevitável, pode ser adiada. Mas nada é certo, Henry tem chances de partir a qualquer momento, mas ainda assim ele tem chances de sobreviver e viver por mais uns 50 anos. O seu corpo só precisa aceitar o tratamento.

E nem que dure anos e anos, mas eu farei com que ele permaneça na terra, ao meu lado, por muito mais tempo.

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Peço que não me matem pelo horário, pelo capítulo curto e pela bomba. Foi doloroso mas necessário!

Mas prometo que o capítulo de domingo à noite vai ser maior e VOCÊS VÃO AMAR!!!

Vamos todos dormir com lencinho hoje!! Até o próximo 🩷