Capítulo 5 - Convite

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Alex

Eu estava do lado da cama onde Henry dormia em um sono profundo. Deixei apenas o abajur do lado aceso para que ele pudesse ter um sono tranquilo. A sua mãe dormia na poltrona um pouco distante da cama, ela parecia ser muito presente na vida do Henry e eu gostei de saber daquilo. Agora mais do que nunca ele precisava de alguém por perto.

Bem cautelosamente eu me aproximei daquela cama de hospital. Pude notar alguns roxos em volta dos seus olhos e os seus lábios um pouco rachados. Ele parecia um anjo dormindo.

Estiquei meu braço e passei meu polegar com delicadeza na sua testa, tirando uma pequena mecha de cabelo que caía ali. Logo em seguida, passei as pontas dos meus dedos na sua bochecha, descendo até os seus lábios e depois no seu queixo. Henry nem se mexeu, ele continuou no mesmo sono profundo. Eu só tinha certeza que ele estava vivo por conta dos seus batimentos cardíacos e da sua respiração.

O horário do meu plantão finalizava em 15 minutos e eu não sabia quando iria ver Henry novamente, já que naquele mesmo dia eu ficaria de folga durante parte do dia e da noite, e provavelmente quando voltasse ele já teria recebido alta do hospital.

Inclinei o meu corpo e aproximei a minha boca da sua testa, beijando com calma. Ele se mexeu um pouco na cama, mas não havia sinal de que fosse acordar.

Dorme bem, Henry. E vê se deixa essa teimosia de lado e aceita o tratamento. - Murmurei, mesmo tendo certeza de que ele não me ouviria.

Henry

Era logo cedo quando eu acordei com uma enfermeira no meu quarto que arrumava os medicamentos na minha veia. A minha mãe dormia na poltrona perto da minha cama de um jeito todo torto e eu senti dó por ela, queria sair daquela cama e pedir que ela deitasse ou que ela fosse embora, mas eu duvido que ela me deixaria neste quarto sozinho.

- Passou bem a noite, rapaz? - A enfermeira perguntou em um sussurro e eu a fitei.

- Sim, dormi bem.

Ela sorriu e assentiu.

- Caso precise de algo pode me chamar, com licença. - Ela disse.

Então, ela deu as costas e saiu do quarto, fechando a porta em seguida. Eu tinha sentido durante a noite que estava sendo observado por alguém, mas eu não conseguia abrir os olhos. Franzi a testa.

- Deve ter sido algum sonho que eu tive e não me dei conta. - Sussurrei para mim.

Soltei um suspiro profundo enquanto olhava cada parte daquele quarto. Tudo organizado mas o cheiro, apesar da higiene ser impecável, era terrível. Cheiro de hospital, quem gosta?

Eu estava com fome, mas quando eu imaginei um prato de comida logo senti a ânsia vir na boca e engoli em seco, fazendo careta. Ótimo, eu estava com medo de vomitar.

Mas fome eu não passaria. Olhei para o relógio do lado da minha cama e marcava 6:10 da manhã. Estiquei meu braço até o alarme onde chamava a enfermeira e apertei, esperando a mesma entrar no quarto.

Em questão de minutos, a mesma que estava trocando os meus medicamentos da veia adentrou, me fitando.

- Eu estou com fome. - Murmurei.

- Oh, sim. - Ela disse. - Vou pedir para trazerem café da manhã para você.

- Obrigado! - Assenti e ela sorriu, saindo do quarto.

Eu não tinha nem noção de quando sairia de lá, mas eu queria a minha casa, a minha cama. Eu odiava ter que ficar pedindo para os outros coisas que eu podia fazer, eu estava bem, eu podia estar morrendo mas eu ainda conseguia comer sozinho.

Flatline (Versão Alex e Henry)Onde histórias criam vida. Descubra agora