No palco - Bad Buddy Multiverso

Parte 3 - Quem é você?

Já fazia uma semana desde a briga no bar. Korn explicou que todos precisaram sair correndo de lá, porque o dono chamou a polícia logo depois que Phat e sua irmã sumiram.

Korn conhecia Pa e todos ficaram indignados ao saber que Pran tinha assediado a garota e eles queriam vingança. Phat não sabia como desmentir sem parecer um bêbado idiota que bateu na pessoa errada.

Enquanto, eles não frequentassem os mesmo lugares, não existia motivo pra se preocupar. Era nisso que Phat pensava ao sentar no auditório para primeira aula do segundo semestre, Introdução ao Desenho Projetivo.

Não tinha quase ninguém lá, somente um rapaz sentado do outro lado da sala, com o rosto mal humorado, o encarando. Seus amigos estavam demorando e, mesmo tentando se concentrar em outra coisa, ele conseguia sentir os olhos dele fuzilando suas costas.

"Wai!! Estava te esperando lá fora. Por que não me avisou que já tinha entrado?"

A voz que chamava o cara mal encarado era irritantemente familiar,  Phat respirou fundo, levantou o rosto e viu Pran se aproximar e cumprimentar o amigo. Ainda existia uma pequena marca avermelhada em seu rosto e ele se sentiu culpado.

Seus amigos começaram a chegar e as provocações saltavam de um lado para o outro.

"Nós não podemos deixar barato!" Korn falava.

"Deixa quieto. Ele já teve o que mereceu." Phat dizia inseguro.

Após o início da aula, alguns comentários ainda pipocavam de um grupo para o outro, até o momento em que a professora se irritou e reorganizou toda a turma.

Eles deveriam formar pares sendo um aluno da engenharia com um aluno da arquitetura por todo o semestre. Um grande coro de desaprovação, com vozes exaltadas, podia ser ouvido até nas salas ao lado.

"Se vocês não são capazes de se comportarem como adultos que são, então eu vou tratá-los como as crianças birrentas que vocês PARECEM!" Disse a professora, irritada. Um a um, ela foi montando os pares. Ambos pensaram que uma das piadas mais sem graça do destino foi colocar Phat e Pran lado a lado.

A partir da próxima aula, eles deveriam sentar juntos para fazer os exercícios e relatórios desta matéria. Por uma semana, eles ainda teriam paz antes que seus mundos colapsassem de novo.

Phat estava espalhado na sua cama sem saber o que fazer, pois tinha consciência do seu erro e do seu orgulho. Ele seria obrigado a ficar perto daquele traste e ainda tinha que dar um jeito de inocenta-lo para os amigos. Como fazer isso sem parecer um idiota? Ele estava irritado, cansado e com fome;  seu azar parecia não ter fim, já que sua comida foi entregue em outro lugar e ainda demoraria para o restaurante enviar outro pedido.

Enquanto isso, no quarto ao lado, Pran comia seu frango frito, maldizendo sua sorte que toda hora colocava aquele maldito Phat no seu caminho. Não bastava apanhar sem motivo, ser taxado de assediador, agora eles seriam obrigados a trabalhar juntos!? Ele se sentia miserável e infeliz.

Pran nunca tinha experimentado o molho que foi enviado de brinde com seu pedido e essa era a única parte boa do seu dia. Entre mordidas e suspiros, Pran notou o recibo da lanchonete e viu que não era para seu apartamento. Extremamente constrangido, ele se deu conta de que havia pego a comida do apartamento da frente. Não havia mais o que fazer, contudo, para tentar minimizar sua culpa, ele resolveu entregar algumas garafas de chá gelado para a pessoa do outro quarto. Como não tinha ninguém lá, Pran deixou um bilhete se desculpando por não ter percebido o erro e agradecendo por ter sido apresentado ao melhor molho que ele já tinha experimentado na vida.

A noite estava quente e abafada, tudo favorecia sua crescente raiva. Para tentar relaxar, ele saiu para comprar sorvete.

Enquanto isso acontecia, Phat que estava no banho, ouviu alguém bater na sua porta e tentou se enxaguar o mais rápido possível, se enrolou na toalha de qualquer jeito, não queria perder o delivery de novo e correu até lá. Para sua confusão, não tinha ninguém no corredor, além das garrafinhas de chá e o pedido de desculpa. Essa gentileza o fez sorrir pela primeira vez no dia.