Parte 6 - O que nós somos?

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Ming não sabia que a banda de Pran tocaria no concurso e Pa instruiu Ink a não comentar sobre isso. O pai da garota analisou Ink e a julgou bem responsável, por isso autorizou a saída da filha.

"Desde de que seu irmão leve vocês. E esteja em casa às 23 horas!"

Phat, largado no sofá, se levantou num pulo e ia começar a reclamar, quando Pa fez a cara mais triste e miserável que ele já tinha visto.

"Você me deve uma!" Ele cochichou ao passar do lado dela, enquanto subia para seu quarto para se arrumar.

Ele veria Pran no palco e aquele formigamento em seu corpo apareceu novamente.

Sentado em frente ao guarda roupa aberto, Phat tentava decidir o que usar. Não deveria ser difícil, não é mesmo? Era só pegar uma calça e uma camisa. Ele iria para o show e depois voltaria para casa. Simples. Chato. Rápido. Por que ele se sentia indo a um encontro?

Pa o apressava do andar debaixo. Ele então escolheu uma calça preta e uma camisa branca com detalhes também em preto nos ombros.

Pa e Ink correram para frente do palco para fazer algumas fotos durante a apresentação e Phat as seguiu.

A banda concorrente, Chinzilla, tinha acabado sua apresentação. Ela era formada por garotos mais jovens e extremamente talentosos. Pran teria dificuldade em vencer se não desse o seu melhor.

Quando Pran subiu no palco, ele ouviu Pa gritando seu nome. Ele a procurou na multidão e sorriu ao vê-la do lado da sua nova amiga. Ele acenou, mas seus olhos se detiveram na pessoa parada atrás delas. Conversando com Korn, que tinha vindo apoiar o namorado, Pran viu Phat em pé, com os braços cruzados em frente ao peito. As mangas da camisa estavam dobradas até os cotovelos, o peito quase à mostra, por causa dos botões abertos, fizeram seu sangue ferver de raiva, ciúme e excitação. Wai bateu em seu ombro porque ele estava parado há algum tempo.

Ele respirou fundo para se concentrar, porém os amigos viram que ele tremia. Todos se juntaram e ele disse:

"Sei que a gente tinha escolhido cantar Knock Knock, porque é mais agitada e tal, mas, sei lá, eu sinto... eu sinto que deveríamos cantar Our Song..." Pran disse com segurança e ao mesmo tempo receoso sobre a reação da banda; mudar a música de última hora seria arriscado.

"Ok!"
"Eu concordo"
"Também acho"

Em uníssono e sem discussão todos concordaram para surpresa e alegria dele.

Pran se colocou na frente do palco, fechou os olhos e escutou o baterista começar a contagem: 1.2.3.4
O som das baquetas batendo uma contra a outra, a vibração da plateia gritando, aplaudindo e incentivando, tudo isso era o que fazia Pran feliz e completo. Ao abrir os olhos, Phat era a única pessoa que ele via, a música era pra ele.

Sua voz era suave e quente como a brisa da praia na manhã depois de fazerem amor. A música era aconchegante como a cama em que eles se enroscaram a noite. Pran tocava a guitarra, mas era em volta do pescoço de Phat que ele queria por os seus braços, cheirar seus cabelos e beijar sua nuca. Só existiam eles.

Seu último verso foi seguido por mais aplausos, gritos e lágrimas. Este tinha sido um momento catártico.
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Na semana seguinte, Phat estava na casa dos pais se recuperando da cirurgia de correção ocular. Ele estava de repouso e não podia fazer muitas coisas e isso era insuportável. Toda vez que ele parava e ficava só com seus pensamentos, ele lembrava do show. Korn não reparou, mas Phat tinha lágrimas no rosto. A voz de Pran o levava para outra realidade e, voltar para cá, era cada vez mais dolorido e enlouquecedor. O que estava acontecendo com ele?

No palco - Bad Buddy MultiversoOnde histórias criam vida. Descubra agora