Parte 17

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Pran voltou para seu dormitório antes dos vizinhos. A última coisa que eles precisavam era outra cena do pai, caso o encontrasse por acaso na rua.

Phat não tinha respondido nenhuma mensagem até aquela hora. A briga tinha sido séria demais e isso significava que seu namorado deveria esta na sua caverna emocional, escondido, tentando assimilar os acontecimentos.

Só restava esperar pela sua chegada. Ele tentou ler, tentou desenhar, tentou compor, tentou tocar violão, lavou a louça, sentou, levantou, lavou roupa (menos uma camiseta, que ele deixou separada caso Phat não pudesse dormir ali nessa noite), ele deitou, ligou e desligou a TV, e se levantou num salto quando a porta abriu e Phat entrou.

Eles moraram nesse abraço por várias vidas. Era o abraço do reencontro no telhado, da comemoração da vitória da copa do mundo, do aconchego após o sexo, da felicidade pelo nascimento dos filhos, pelo sentimento de pertencimento. Esse abraço era lar.

"Como você está?" Pran segurava o rosto do namorado com as duas mãos.

"Acho que vai ficar tudo bem. Comprei sorvete para você!" Phat desconversava e Pran sabia disso. Ele estava entrando no modo solitário de novo.

"Você quer dormir aqui?"

"Tenho que voltar para casa, não sei onde Pa vai ficar."

Pran não acreditou, mas concordou e entregou a camiseta.

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Pa deitou enroscada em Ink, que alisava seu cabelo e suas costas enquanto ela repassava toda discussão, todos os sentimentos ruins que afloraram naquela noite e o acolhimento na conversa da manhã.

"Minha mãe disse estava na cara que você era doida por mim!"

"Eu não era doida por você. Eu te achava fofa."

"Vou fingir que acredito!"

Elas conversaram por quase toda a noite. Ink era contra qualquer tipo de confronto e achava que elas poderiam fazer de conta que eram amigas, caso isso ajudasse seu pai a aceita-la novamente. Pa nunca voltaria atrás, já tinha virado um bordão dizer que Ming deveria lidar com seus problemas e frustrações do passado. Não cabia a ela como filha consertar os erros dele e ela não pagaria o preço das neuroses dele.

Ink a admirava e sempre ria quando ela entrava no modo guerreira. Pa se encolheu, envergonhada.

"Pa, posso te pedir um favor?"

Ela a encarou com curiosidade.

"Por favor, não mude seu jeito por ninguém. Você briga pelo que acredita e por aqueles que ama e eu te admiro tanto por isso!"

Pa se enroscou ainda mais na namorada e apertou entre seus braços com mais força e enterrou seu nariz no pescoço dela. Ela tinha a certeza de que, mesmo se  estivesse perdida em um labirinto, Ink a traria para a saída. Ela era seu caminho e seu destino.

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Phat chegou do treino e não esperava encontrar Pa cozinhando ali.

"O que você está fazendo?"

"Ink tinha um trabalho para fazer aqui perto, aí falei para ela vir jantar com a gente! Acho que preciso passar mais tempo com meu irmãozinho!" Ela piscou e voltou a mexer a panela. "Toma banho rápido e vem me ajudar!"

Phat foi ao banheiro e mandou mensagem para o namorado. Eles não tinham programado nada para essa noite, mas Phat sentia que seria um bom momento para contar para irmã.

Desde que Pa contou para o paishá duas semanas sobre o seu relacionamento com Ink, Phat achava que ela estava bem mais tranquila. Seu pai não tinha mudado de opinião e eles não se falavam desde aquela noite, mas ela parecia livre. Ele queria sentir um pouco disso.

No palco - Bad Buddy MultiversoOnde histórias criam vida. Descubra agora