Parte 1 - Passado

233 21 13
                                    


E se Ming perdesse a bolsa de estudos para Dissaya?
E se Dissaya conseguisse a bolsa, mas largasse no meio pra casar?
E se Pa fosse rebelde?
E se Phat fosse sobrecarregado com as frustrações do pai?
E se Pran fosse super incentivado a seguir seus sonhos, inclusive na música?
E se não fosse só Behind the scenes?
E se não fosse só Bad Buddy?
E se não fosse só OhmNanon?

[PS: Por que coloquei OhmNanon? Porque sim, porque eu quero, porque eu amo e porque eu sofro!]

Bad Buddy - No palco (mundo alternativo de Behind the scenes)

___________

PARTE 1 - Passado

Ming estava contente pela amiga. Ele sabia o quanto os dois se esforçaram durante todo o colégio para conseguir boas notas, então, ver Dissaya ganhando a bolsa de estudos da faculdade, era como uma vitória para ele também. Uma vitória com leve toque amargo.

Ming não queria assumir os negócios da família, ele queria alçar seus próprios voos, desenvolver seus projetos e a bolsa de estudos o ajudaria muito a mudar seu destino. Infelizmente, o destino não é manipulável pela vontade pessoal e só restava a Ming aceitar seu caminho.

Depois de tantos anos estudando juntos, ele e Dissaya estariam separados a partir do início do ano letivo, mas se comprometeram a sempre se encontrar porque a amizade entre eles era um vínculo muito forte.

A juventude cria essa ilusão de amizade eterna e Ming descobriu de maneira bem triste essa verdade. Com o início das aulas era quase impossível encontrar tempo para ver a amiga, somado a isso, mesmo tanto tempo depois, o pai de Ming ainda o olhava com desapontamento cada vez que ele falava do seu curso. Sua faculdade era boa, mas não era o suficiente para ele. E se comentasse, sem querer, sobre a falta que sentia de Dissaya, seu pai se retirava do ambiente, visivelmente irritado, porque perder para uma mulher era ultrajante na visão dele.

Entre os estudos, jogos, trabalho e namoro, Ming tinha uma vida agitada tentando fazer o seu melhor por ele mesmo e por seu pai.

Quando encontrou Dissaya, por acaso, anos depois, sua alegria se transformou em choque, desapontamento e raiva. Dissaya havia desistido do curso e se casado. Por causa das viagens frequentes de seu marido, ela tinha optado por acompanhá-lo.

Mesmo estando no meio do shopping, isso não impediu que suas vozes se alterassem.

Ming não conseguia entender como ela pôde abrir mão de seu sonho, como ela pôde atrapalhar o sonho dele. Dissaya dizia que não cabia a ele julgar as decisões dela. A vida não é estática, suas decisões não precisam ser eternas. Ela amava o marido de um jeito que jamais pensou ser possível. No calor da discussão, algumas verdades foram ditas de forma impensada e quase foi possível ouvir o véu que cobria essa amizade sendo rasgado quando ela disse que ganhar a bolsa de estudos foi consequência do esforço particular dela, foi por mérito próprio, e não havia nada que ela pudesse fazer se ele não foi competente na mesma medida. Ela ainda disse que tinha certeza de que ele assumiria os negócios do seu pai, não faria diferença o curso que ele escolhesse.

Cada um seguiu um caminho, porém o destino os queria perto e as brigas e implicâncias intensificaram após Ming se mudar para a casa ao lado da dela.

Ambos tiveram filhos na mesma época e a rixa dos pais passou para eles.

__________

Phat cresceu à sombra da amargura do pai: precisava lidar com a raiva dele pelos vizinhos, tendo que se provar o tempo todo, sendo o melhor em qualquer atividade que fizesse e era cobrado a atingir expectativas em graus que ele nem sabia que eram possíveis. O excesso de pressão externa o fez se isolar. Ele participava de atividades da escola, porém seu lugar seguro era seu quarto, seu refúgio. Ali ele podia ser ele mesmo, além de estudar e tocar bateria, suas coisas preferidas.

Era irritante quando Pa, sua irmã mais nova, aparecia. Phat amava sua irmã, mas desde muito cedo ela se rebelou contra as ações de seu pai, era desordeira e desobediente, o que afetava Phat, pois era cobrado pelas atitudes dela também. Então, quando ela entrava em seu quarto, era como o caos chegasse no seu local de paz.

Phat também se sentia bem quando nadava, este era um momento em que não pensava em nada, somente inspirar e expirar.

Sua primeira experiência com piscina foi por imposição do pai, depois que sua irmã se afogou e o filho da vizinha, Pran, a salvou. Ming não queria dever nada a Dissaya, então esse dia foi particularmente confuso. Ele era grato pela vida da filha e descontou sua raiva no filho que, por não saber nadar, ficou estático vendo a pequena menina se debater na água, até o vizinho aparecer e socorrê-la.

Pran, por sua vez, foi uma criança criada com muita liberdade e segurança. As cobranças eram poucas e ele era incentivado a fazer todas as coisas que quisesse. Ele tinha um comportamento levemente obsessivo quando se apaixonava por algo. Foi assim com as aulas de violão e este virou seu hobby preferido.

Na escola, Pran montou uma banda e era relativamente famoso entre as pessoas da comunidade. Ele tocava guitarra e cantava.

Certa vez, provocou Phat, perguntando porque ele não entrava para uma banda também, pois sabia que ele tocava bateria "Você tem medo de que seu pai descubra que eu sou melhor do que você?" Pran ironizou. Phat se sentiu acuado na hora, mas chegando em casa tentou entender como ele sabia sobre isso, afinal sua bateria era eletrônica e o som não era alto. Talvez ele o visse pela janela, já que seus quartos eram de frente um para o outro, em lados opostos do muro.

Foi a primeira vez que sentiu seu coração acelerar.

Quando Ming soube da provocação do vizinho, matriculou Phat em um colégio para garotos e Pa foi para um colégio interno para garotas. Dessa forma, ele acreditou que resolveria dois problemas de uma vez só.

Longe da pressão do pai e sem as preocupações com os comportamentos da irmã, Phat pôde viver sua adolescência tal qual seus colegas, inclusive tocando bateria na banda de seu amigo Korn.

Quando foi aprovado para a faculdade de engenharia escolhida por seu pai e recebeu um grande sorriso de aprovação dele, Phat sentiu-se realizado pela primeira vez na vida. Seu pai alugou um quarto amplo próximo à faculdade e deu vários conselhos sobre garotas, mesmo que ele não tivesse pedido.

Com relação a Pran, quando Phat mudou de escola, ele não se importou no começo. Dspois de um tempo, a cada novo evento, a cada prova, a cada jogo, ele sentia que faltava algo. Tudo parecia meio sem graça.

A banda de Pran era famosa no colégio e eles até se arriscaram a tocar em feiras e restaurantes pequenos. Pran era um garoto lindo e o que mais chamava atenção era o seu sorriso fofo e espontâneo, além de sua voz e habilidade com o violão.

Sua mãe ficou surpresa quando ele contou, aos 16 anos que gostava de meninos, mas ela o acolheu e aceitou, porque seu amor pelo filho era maior do que seu medo pelo que desconhecia.

Ele não teve nenhum namorado sério durante esse tempo, pois sua mãe pedia para que seu foco fosse os estudos. Ela já havia feito a concessão para os shows da banda, então ele precisava dar uma contrapartida. E para ele era bom, quando alguém começava a pressionar para ter um relacionamento sério, ele dizia que sua mãe não autorizava.

Phat era inteligente, bonito, alto, forte e quando usava óculos para leitura, ficava incrivelmente sexy. Ele chamava atenção das pessoas em geral, mas seu jeito reservado e seus olhos ferozes, as mantinham afastadas.

Essa foi a primeira imagem que Pran teve, depois de muitos anos: Phat andando por uma das ruas da universidade, usando uniforme da faculdade de engenharia, com a mochila nos ombros, lendo um folheto das atividades de recepção dos calouros.

No palco - Bad Buddy MultiversoOnde histórias criam vida. Descubra agora