Phat tinha trocado de roupa e estava na sala tomando sorvete, entre umas colherada e outra, ele encostava o pote na testa dolorida.
Ele não costumava lembrar dos seus sonhos, mas esse foi muito real; dava para sentir o palco vibrar sob seus pés e o gosto Den-Phat ainda estava na sua boca.
Já era tarde, ele tinha dormido mais do que pretendia, mesmo assim decidiu ir ao terraço no telhado, pois precisava de ar puro.
Assim que abriu a porta, cogitou voltar, mas Phat já tinha olhado na sua direção.
Apesar de todo céu acima deles, ele ainda se sentia sufocado. Pran se aproximou devagar e cumprimentou o... como ele deveria chamar agora? Conhecido? Amigo? Vizinho? Sua perdição?
"O que você tá fazendo aqui?" Os dois perguntaram ao mesmo tempo.
"Precisava respirar!" E responderam em sincronia.
Eles riram.
"Como estão as coisas entre Pa e Ink?" Pran tentou puxar assunto.
"Elas estão bem!"
Havia sons de carros, pessoas, vento e música ao longe, mas entre eles o silêncio era o que soava mais alto.
Na praia, na noite do acidente de Pa, os dois andaram lado a lado, em silêncio, por muito tempo e foi acolhedor. Nessa noite, no entanto, ouvir somente a respiração um do outro era asfixiante.
"Você esqueceu sua roupa em casa."
Essa era a última coisa sobre a qual Pran gostaria de falar, mas foi o único assunto que lhe ocorreu.
"Eu preciso devolver a sua também." Phat não tinha lavado a roupa ainda e, algumas noites, ele vestia Nong Nao com ela.
O vento soprava forte entre eles e tocava suas gargantas, como dedos sufocando-os na quietude. O coração dos dois soavam mais alto do que o trovão que chacoalhou os vidros dos prédios naquele momento.
A chuva se aproximava e eles não queriam sair dali.
Phat olhava para o céu tentando inspirar o cheiro da chuva e era o perfume de Pran que o atordoava.
As primeiras gotas de chuva caíram.
Pran espiou Phat, que se virou em direção a porta e os dois andaram para dentro do prédio.
Eles desceram as escadas com o mesmo sentimento de quem se despede de um conhecido na rua, mas a pessoa continua caminhando na mesma direção. Era incômodo, desagradável e embaraçoso. Phat até pensou em apostar uma corrida, porém, por causa do horário, teve receio de receber uma advertência do síndico.
Eles estavam no corredor e seriam somente mais alguns passos até estarem livres dessa inquietação. O curioso era perceber que, quanto mais próximo chegavam das suas portas, mais devagar eles andavam. O silêncio era constrangedor, entretanto a ausência seria muito pior.
Eles disseram boa noite e cada um foi para um lado. Phat parou e ficou segurando a maçaneta e percebeu que Pran também não tinha entrado. Ele olhou para trás e o vizinho estava com a testa apoiada na porta.
"Meu uniforme."
Pran se assustou com a voz de Phat.
"Posso pegar? Tenho treino amanhã e o outro está sujo."
"Claro, sim, pode, vou pegar" Pran se atropelava nas palavras pelo desepero de lembrar que a roupa tinha vestígios dele e estava dentro da máquina de lavar.
Ele entrou e não imaginava que Phat fosse seguí-lo.
"Eu não sei onde coloquei, espera aqui, que eu vou procurar!"
"Eu te ajudo."
"Não! Não! Senta aí e espera!"
Phat se assustou com a ênfase dele em negar.
"Como é possível você não saber onde está? Você é tão certinho e organizado. Acho que até suas cuecas devem ter catalogação." Phat riu e foi atrás do dono da casa.
Pran tentava ligar a lavadora, assim ele não veria o estado do uniforme, porém Phat chegou antes disso.
"Você vai lavar roupa? Por que você vai lavar meu uniforme? Ele ta sujo desde aquele dia?" Phat falava e tentava olhar dentro da máquina.
"Não! Eu nunca deixaria aquela coisa imunda na minha casa!"
"Então o que você ta fazendo?"
Phat pensou que se Pran entrasse para o time de basquete seria difícil vencê-lo, porque seu bloqueio era muito eficiente, ele impedia todas as suas tentativas de chegar perto do máquina.
"Eu usei seu uniforme! Esqueci disso e..."
"Não tem problema. Seu cheiro é bom!"
Phat arregalou os olhos, pois não era sua intenção revelar isso. Ninguém deveria saber. Então se afastou.
Pran ficou paralisado ao ouvir, mas rapidamente seu espanto se transformou em curiosidade.
"Ah é?" Ele cruzou os braços e fitou Phat, sorrindo de canto "Você gosta?"
Phat estava constrangido, só que não iria perder para ele de novo.
"Sim, seu cheiro é bom!"
Ele deu um passo a frente e começou a farejar Pran, que foi pego desprevenido e, por causa do susto, deu um passo para trás.
Phat o segurou.
Pran apertou os braços dele.A chuva era forte, intensa e ruidosa, mas ali, naquele espaço, só se ouvia a respiração dos dois.
Phat tocou o rosto de Pran e os dedos de DoubleN se enfiaram nos cabelos de Den Pawat e o puxaram para perto. Os olhos de Pat estavam fixos em Pran e a brisa do mar passava por eles; Ohm não queria deixar Nanon escapar, não desta vez. Eles se beijaram com fúria, intensidade e desespero. Eles eram um só em todas as realidades.
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Obs:
Escrevi a história de DoubleN e Den Pawat para quem quiser saber um pouco mais sobre eles!
❤️💚🧡💚❤️
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No palco - Bad Buddy Multiverso
Fiksi PenggemarNanon lançou essa música, "Please try again" e ele gosta muito dessa ideia de mundos alternativos, por isso eu fiquei pensando: E se Ming perdesse a bolsa de estudos para Dissaya? E se Dissaya conseguisse a bolsa, mas largasse no meio pra casar? E s...