Mary Stuart
Se passou apenas uma semana desde que soubemos da melhor notícia que poderíamos ter, e sobre a minha nomeação como sucessora da rainha inglesa, algo inusitado devido aos diversos ataques que meu povo sofreu durante anos, realmente não entendi o porquê de ser a merecedora do trono, porém, dizem que o motivo é o fato de Elizabeth, filha de Henry Vlll, ser dita como bastarda já que o casamento de seus pais nunca foi reconhecido pela igreja católica, o que faz dela ilegítima para reinar e acima de tudo, protestante. Na carta de Mary Tudor, ela enfatizou o fato de não querer entregar a Inglaterra ao protestantismo, mas ainda não sei se posso acreditar que será tão fácil governar a Inglaterra.
O derramamento de sangue entre os nossos países terminará e terei Francis ao meu lado, que será o rei da Inglaterra, mas ainda assim me sinto insegura. Já sofria ameaças sendo rainha apenas de uma nação, e agora me vejo próxima de me tornar a soberana de três nações.
Os preparativos do casamento duraram uma semana e todos os grandes líderes dos países aliados foram convidados, Catherine não economizou um centavo. Eu e Francis fomos literalmente obrigados a aceitar cada detalhe decidido, porém, nada fez com que ficassemos desapontados, podem decidir absolutamente tudo, o que importa pra nós é só nos casarmos.
Em meus aposentos...
Com as minhas damas auxiliando no penteado e no fechar do meu espartilho, estava um tanto perdida em meus pensamentos, levando em consideração o fato de que não vejo Francis a um dia inteiro, devido aos preparativos, fomos afastados, é quase que uma tradição.
- Fez muito bem em produzir um herdeiro. Ele garantirá o seu trono, o seu poder. - Minha mãe diz, tirando-me de meus devaneios. Ela chegou a pouco tempo para comparecer ao meu casamento.
Sei que todos vêem o meu filho que apenas está em formação ainda, como uma apólice de seguro, como uma garantia política para manter a minha Coroa, mas ainda que eu não tenha visto o rostinho dele, sempre que olho pra minha barriga, penso que ele é tudo o que eu sempre quis, mas não consigo pensar em nenhuma burocracia, assim como Francis também não pensa desse jeito.
- Sim, ele garantirá. - Digo secamente a minha mãe, quase que revirando os olhos.
- Oremos pra que seja um menino. - Ela diz e eu quase digo que isso não importa, mas sei que um menino será o Delfim da França, e não posso mostrar não me importar com isso.
Com o penteado já pronto e o espartilho fechado, sou orientada até o vestido... É deslumbrante. A saia é toda em seda e a parte de cima composta por um bordado delicado de rosas brancas, nem um pouco decotado, afinal, todas as noivas da realeza precisam evidenciar a pureza e a virgindade, mesmo que quase toda a corte francesa saiba que não tenho nenhum dos dois depois que conheci Francis.
- Já conversamos antes, mas sei que não terá problemas com a consumação. - Enquanto minhas damas me auxiliam no colocar do vestido, ouço minha mãe e fico sem palavras.
- Como assim? Achei que eu não precisasse passar por isso. Estou grávida, e sou uma Rainha. Não posso ser obrigada a isso. - Raramente falava assim com minha mãe, mas não consigo me conter. A consumação é uma tradição hedionda, em que membros da igreja e toda a família real comparecem para testemunhar o ato, não acredito que terei que passar por isso.
- É uma Rainha, mas não podemos deixar brechas ou dúvidas a respeito da paternidade dessa criança. A igreja não nomeia um herdeiro, um Rei sem as provas necessárias de que a criança é legítima, e por isso existe a consumação. Você teve outros pretendentes, e já corre boatos pela corte francesa sobre ter tido intimidades com um deles... -
- É calúnia! Difamação! Sabe disso. -
- Eu sei, Catherine sabe, Henry e Francis também sabem. Mas, e o Vaticano? Eles ditam as regras, Mary. E você já está grávida, a barriga aparecerá logo, precisa passar pela consumação, ou irão comentar sobre a legitimidade de seu filho. Sei que já passou por muita coisa, filha. Mas, é isso que as rainhas fazem. -
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Meu Príncipe Francis
RomanceApós um ataque inglês e inúmeras solicitações de apoio às nações católicas das quais a Escócia é vizinha, somente o Rei Henry ll da França enviou um de seus exércitos para socorrer a nação da Rainha Mary. Seu filho, o Delfim da França, o príncipe Fr...