Meu Príncipe Francis

Você Me Perdeu

Francis Valois

- Não posso continuar com isso... Não consigo. - Digo enquanto pego as minhas roupas que estão jogadas no chão ao redor da cama, e Elizabeth com um sorriso de satisfação estampado nos lábios com certeza não faz com que eu me sinta melhor.

- Quer mesmo viver assim? Viver uma mentira? Posso conseguir um bom casamento, posso lhe dar dinheiro, terras, qualquer coisa. Não precisamos manter isso, não sabe como é difícil pra mim. –

- Por causa da Mary? Você começou isso, e pode continuar a mentir pra si mesmo, mas o que fez não foi um sacrifício por aqueles que você ama, você somente viu uma oportunidade, uma chance de se beneficiar enganando uma mulher, algo que você já fez muitas vezes. –

- Estou fazendo isso pelo Charles. –

- Então, conte a sua esposa. Se é um ato honrado, diga a ela. Não vai dizer, porque sabe lá no fundo, que está errado desde o início. Mas, o único problema, foi que desta vez, você tentou enganar a mulher errada. –

Elizabeth erra constantemente devido a arrogância de se achar inatacável, mas quando seus nobres souberem que ela não é virgem, anulará qualquer oportunidade de casamento, acabará com sua reputação, mesmo que seja uma rainha protestante. E mesmo que isso custe a minha reputação, não levarei isto adiante, irei expor Elizabeth, e os nobres, mesmo sendo protestantes, não terão opções a não ser verem em mim e Mary a melhor opção para a Inglaterra.

Catherine De Médici

- Onde está Mary? – Chego até o salão onde a família real faz suas refeições, e espero que Mary apareça, sem me preocupar inicialmente, afinal, mulheres grávidas sentem ainda mais cansaço, e ela deve estar exausta após as festividades de ontem, mas depois do desjejum, procuro minha nora pelo castelo, mas me dizem que ela nem ao menos saiu do quarto hoje.

- Já pode ir. – Digo ao guarda que me deu a informação e logo após vou até os aposentos de Mary.

- Mary? – Abro a porta do quarto, e quando entro, me deparo com Mary sentada no chão, ela ainda usa sua camisola, mas nem ao menos percebe minha presença, está em prantos, chorando.

- O que aconteceu, minha querida? – Só consigo pensar que Mary perderá o bebê, mas quando me aproximo, ela se afasta de meus braços, e logo vejo hematomas em seus pulsos.

- Vai embora. –

- Mary, por favor... O que houve? Me diz, por favor –

- Eu... Eu quero que você saia daqui. – Mary gagueja ao falar, sem conseguir parar de chorar, mas não posso ajuda-la sem saber o que aconteceu.

- Por favor, me deixe ajudá-la. –

- Já fez o bastante, permitindo que Darnley vivesse. Porque sei que você e Francis não virão ele morrer! Foi tudo mentira! –

Fico sem palavras no mesmo segundo. Se Mary sabe que ele está vivo, obviamente ele esteve aqui... Mas, como? Henry ordenou que ele fosse encontrado, não teria como ele entrar no castelo e se entrou, eu fui a responsável por permitir que ele saísse intacto daqui, mas Francis nunca soube disso. Se ele fez algo a Mary, a culpa é minha.

- Darnley esteve aqui? – Pergunto, mas Mary não consegue responder... Até que aos poucos, consigo compreender o que aconteceu. Darnley tentará abusar de Mary na última vez que esteve no castelo, e pelo visto, não desistiu. Não consigo acreditar que isso aconteceu com ela...

- Mary... Eu vou perguntar só uma vez, e assim, saberei o que aconteceu. Você foi estuprada? –

Ela não diz nenhuma palavra, só consigo vê-la esconder o rosto com as mãos, soluçando em meio ao choro incontrolável. Meu coração é despedaçado ao vê-la em tal estado, é minha culpa. Além de ter permitido a libertação de Darnley, prometi a Francis que manteria Mary em segurança durante sua ausência, que não a deixaria desamparada.