Paraselenic - Harry Potter ( Tradução )✓

Capítulo 1: Paraselênico

Harry Potter, de quinze anos, estava acabado.

Não bastava ter perdido os pais antes mesmo de conhecê-los? Não bastava ter sido deixado numa casa onde era tratado como servo? Não bastava que todos os anos ele enfrentasse situações de quase morte em uma guerra na qual nunca teve escolha para travar? Ele não tinha pedido por esta vida. Ele não fez nada para merecer os elogios ou as provações. Mas ele ainda tentou ao máximo lidar com eles e encarar a vida como ela veio até ele.

Mas agora... esta foi realmente a cereja do bolo. Sirius estava morto. Finalmente um adulto que olhou para ele como uma pessoa real, alguém importante e a ser valorizado por mais do que por ter derrotado Voldemort. Sirius tinha seus defeitos, é claro, mas ele tinha sido a primeira pessoa que Harry poderia admirar sem receber ódio ou consideração injustificada em troca.

A princípio ele se culpou pela morte de Sirius. Às vezes ele ainda fazia isso. Ele poderia ter se esforçado mais em Oclumência ou pensado um pouco mais antes de agir. Mas ele era da Grifinória, e esse era o seu jeito. Ele foi corajoso antes de ser sábio, mas sempre deu certo. Ele sabia que não estava isento de culpa no assunto.

Apesar de toda a culpa que ele tinha, havia uma falha que lhe dava forças para tirar a culpa dos ombros. Como ele poderia saber? Ele tinha quinze anos e mal estudava, como, em nome de Merlin, eles esperavam que ele conhecesse a realidade através de uma armadilha? Ninguém pensou em lhe dizer que tais coisas poderiam ser arquitetadas, em vez disso, colocou-o em uma sala com o idiota gorduroso e esperou que ele ouvisse o velho morcego quando ele gritasse ordens. Como ele poderia saber o quanto Voldemort poderia realmente fazer com uma via pública em sua mente? Sua ignorância lhe custou caro, não importa de quem fosse a culpa. Seria esse o grande plano deles, talvez, deixá-lo tão sozinho e cheio de dor que ele simplesmente mataria o inimigo e depois morreria com um sorriso?

Dumbledore era um homem bom de coração, Harry sabia. Não foi intencional que ele tratasse Harry como uma arma em sua guerra de várias décadas... ele era apenas um velho tentando fazer o que achava melhor. Ele tinha as melhores intenções do mundo inteiro mapeadas em sua mente. Mas, com ou sem boas intenções, Harry não teve escrúpulos em sair dos planos traçados para ele. Afinal, a vida era dele, droga, e ele poderia escolher seu próprio caminho. Dumbledore poderia encontrar outra pessoa para bancar o salvador. Harry não queria mais isso para si. E o que ele tinha mais a perder? Então ele escaparia dos planos que Dumbledore e o mundo mágico colocaram sobre seus ombros.

Começando hoje.

Ele recolheu os últimos pertences do quarto sujo que tinha sido "seu" nos últimos quatro verões, enfiando nos bolsos tudo o que coubesse. Ele estava grato por seus pertences mais importantes não estarem guardados no baú que ele duvidava que veria novamente, trancado lá embaixo no armário como estava. Ele supôs que poderia arrombá-lo e recuperar o baú, mas isso só o atrasaria. Ele queria ir embora e não queria correr o risco de ser pego antes de estar bem longe de Surrey. Harry ficou satisfeito ao descobrir que Vernon havia esquecido de trancar as fechaduras esta manhã e assobiou alegremente enquanto subia as escadas de dois em dois degraus. Ele estava pronto - tão pronto - para partir e sair da vida a que foi forçado.

Sem dizer uma palavra à família, ele saiu pela porta, desceu a rua e ficou longe da Rua dos Alfeneiros para sempre. Ele não voltaria a menos que o amarrassem e amordaçassem, prometeu isso a si mesmo.

Ele percorreu quase um quarteirão pela Wisteria Walk antes que uma figura saísse das sombras, um homem alto com cabelos pretos até a cintura e um sorriso encantador. O sorriso conseguiu ser totalmente agradável, embora ainda mantivesse um forte perigo, a maneira fácil com que ele inclinou a cabeça fazendo Harry pensar em um predador. Olhos dourados focaram nele e Harry parou, os cabelos de sua nuca se arrepiaram.

"Harry Potter..." o homem disse com um sotaque não identificável. Seu sorriso só cresceu. "Estava esperando por uma oportunidade de falar com você."