Helena XXXVIII

2.2K 298 202
                                    


                                   XXXVIII

                                       
HELENA

Helena não aguentava mais correr. Parecia que já tinha atravessado a cidade inteira e ainda não chegara ao Acampamento Meio-sangue. A fumaça branca ainda a guiava enquanto os raios, relâmpagos e trovões a seguiam.

Um raio forte atingiu o chão bem atrás dela, arremessando Helena longe. A garota caiu com força no chão de barriga pra baixo, podia sentir o sangue descendo pelo nariz. Helena se levantou tossindo, seu ombro esquerdo doía muito.

— Dois raios já, mais um será para dar sorte — murmurou Helena. A dor não a fez parar, tomou fôlego e voltou a correr.

Helena deu uma olhada para trás, ainda era possível ver o edifício e o furacão enorme que estava se formando em volta dele. Os olhos de Helena se arregalaram e o pavor começou a tomar conta de seu corpo, a fumaça branca tremeluziu em volta dela como se mandasse que ela voltasse a correr, foi o que a garota fez.

De repente, a fumaça se entornou ao redor de Helena, dessa vez parecendo querer impedi-la, ou protegê-la. Foi essa a sensação que a Para-Raios teve, proteção, sentiu como se estivesse nos braços de sua mãe.

A garota olhou em volta, já estava longe da cidade e nem sabia como. Helena se encontrava num chão de grama do lado de uma avenida deserta. Sentia que não estava muito longe do acampamento, mas a fumaça não parecia querer que ela continuasse.

Relinchos violentos cortaram os céus por cima dos trovões, fazendo Helena tapar os ouvidos. Quatro bigas puxadas por ventis pousaram diante da garota, com quatro homens montados nelas. Quatro deuses, reconheceu Helena por conta de Zéfiro.

Os outros três: um tinha barba e cabelo branco, e vestia um terno azul marinho, um de cabelos grisalhos espetados e macacão cinza com uma camisa social preta amarrotada por baixo, e o último com camisa havaiana.

A fumaça branca tremeu ao redor de Helena, chamando atenção da garota, no meio do tremor, letras começaram a surgir formando palavras.

Uma curiosidade sobre Helena que ela ainda não tinha contado pra ninguém é que era disléxica, assim como descobrira dos outros semideuses. Dislexia e TDAH, o que fazia com que suas notas nunca fossem tão boas...

Por algum motivo, Helena conseguiu entender facilmente o que dizia as palavras formadas: Bóreas, Vento do Norte; Zéfiro, Vento do Oeste; Erus, Vento do Leste; Notús, Vento do Sul.

As palavras estavam na direção de cada um,
mostrando quem era quem. Provavelmente estavam ali a mando de Zeus.

Helena deu um passo para trás sem tirar os olhos dos deuses. Os ventis relinchavam erguendo o corpo com raiva. Não havia para onde correr, Helena pensou em tentar se teletransportar, mas se sentia fraca demais para isso ainda.

A fumaça branca continuava tremendo em volta de seu corpo. Bóreas foi o primeiro a falar, porém estava tudo em francês então Helena não entendeu nada.

— Você é um idiota! — resmungou Zéfiro. — Ela é americana, não vai entender nada do que você diz, seu velho barbudo!

Bóreas reclamou e os dois começaram a discutir, um em francês e o outro em inglês.

— Parem com isso! — gritou Nótus. — Temos um objetivo a ser concluído aqui!

Os quatro se viraram para Helena com olhares ameaçadores, aos poucos começaram a sacar suas armas, espadas, lanças, arco...

A Traição do Olimpo Onde histórias criam vida. Descubra agora