MINHA PERDIÇÃO - EM ANDAMENTO.

3°

Manuella Salles ✨

Leblon, Rio de Janeiro.
13 de fevereiro de 2024.

Assim que minha mãe saiu de casa, eu subi pro meu quarto, me tranquei lá dentro e não saí nem pra comer.

Tomei um banho gelado bem demorado, coloquei um pijama confortável e me joguei na cama pensando em como minha vida tinha virado uma loucura em questão de um piscar de olhos.

Eu já havia percebido à alguns dias que a minha mãe estava com algum problema, ultimamente ela estava estranha e também muito estressada. Só que eu não dei muita importância, porque imaginei que tinha alguma coisa haver com o trabalho dela.

Sempre que ela fica dessa forma é porque o trabalho está sufocando ela sabe? A profissão dela é muito cansativa e também muito estressante, tem vezes que nós duas ficamos dias sem se falar morando na mesma casa, porque ela fica trancada dia e noite dentro do escritório estudando os casos dos clientes dela.

Tenho muito orgulho da minha mãe e me espelho muito nela, não é atoa que estou estudando direito, meu sonho é ser uma advogada criminalista que nem ela no futuro.

Estou até agora assustada com aquelas mensagens que ela recebeu, e também tentando lembrar se em algum momento eu percebi alguma coisa estranha ou alguém estranho me seguindo.

O relógio de parede do meu quarto estava marcando quase dez da noite, quando escutei o barulho lá embaixo da porta de entrada abrindo e se fechando e em seguida escutei a voz da minha mãe conversando com a Dona Rita, que é a nossa empregada.

Mal pensei em levantar pra ir até ela e escutei duas batidas na porta do meu quarto.

Débora: Manu?? Tá acordada meu amor?

Manuella: Tô, tô indo mãe.- gritei, levantei da cama e abri a porta.

Débora: Achei que você já estava dormindo.- neguei.

Manuella: Não consegui dormir.- sentei na cama.

Débora: A Dona Rita disse que você não quis comer nada.- me encarou.- Porque?

Manuella: Tô sem fome fome.

Débora: Precisamos conversar filha.- ela sentou na minha cama ao meu lado.

Manuella: Pode falar mãe.

Débora: Você terá que passar alguns dias fora.- ela me encarou.- Pra sua própria segurança.

Manuella: Eu já tinha imaginado que a gente teria que ficar fora por um tempo.- suspirei e revirei os olhos.

Débora: Na verdade só você filha.- encarei ela sem entender.- Eu não vou.

Manuella: Como assim só eu? Não tô entendendo.

Débora: Quem está nos ameaçando precisa de mim aqui e por isso eu vou ter que ficar, até mesmo pra descobrir quem é a pessoa que está por trás disso tudo.- neguei.

Manuella: Tá maluca mãe???- ela balançou a cabeça negando.- Eu não vou pra lugar nenhum sem você!- falei séria e cruzei os braços.- Ou vamos nós duas ou não vai ninguém!!!

Débora: Manuella eu sei o que estou fazendo.- falou séria.- E eu preciso que você confie em mim.- segurou minha mão.- Você confia em mim?- me encarou.

Manuella: Confio mãe.- senti um nó na garganta.

Débora: Não vai acontecer nada comigo filha. Como eu disse, a pessoa que está por trás disso precisa de mim e viva!- neguei balançando a cabeça.- Já estou resolvendo essa situação filha e o primeiro passo é deixar você em segurança.

Manuella: Mais e a sua segurança mãe?

Débora: Eu também vou estar segura, o Alexandre vai me acompanhar o tempo inteiro e também toda a equipe dele de seguranças.

Manuella: E porque eu não posso ficar com você então?- ela me encarou.

Débora: Porque eles podem querer usar você como moeda de troca e se alguma coisa acontecer com você Manu.- ela suspirou.- Eu não vou me perdoar nunxa e nem suportar.

Manuella: Você me promete que vai ficar bem?- ela concordou.

Débora: Se você estiver bem, eu vou estar bem.- ela sorriu.- Agora eu preciso que você faça tudo que eu mandar, ok?- concordei.- A parti de hoje seu celular é esse.- me entregou um iPhone 15 Pro Max.- Tem um novo chip instalado e meu contato já está salvo. Não é pra você entrar em contato com ninguém além de mim, entendeu?- concordei.- E arruma uma mala grande com às suas coisas. Amanhã de manhã nós iremos sair cedo.

Manuella: Mais já? Assim do nada?- ela concordou.- E pra onde que eu vou?

Débora: Amanhã você saberá de tudo! Agora arruma suas coisas e tenta descansar um pouco.- ela beijou minha testa.- Te amo!

Manuella: Também te amo mãe!

Parece até história de filme ou fanfic do wattpad né? Mas infelizmente é minha vida real, que do dia pra noite virou de ponta a cabeça!

Minha mãe saiu do meu quarto desolada, ela acha que me engana mas eu sei que está desesperada e mal com toda essa situação. Ela tenta ser forte o tempo inteiro mas por dentro está sofrendo e também se culpando.

E eu fico mal por não poder fazer nada pra ajudar ela, me sinto uma incapaz sabe?

Tenho certeza que agora ela está dentro do banheiro com o chuveiro ligado e chorando. Ela sempre faz isso, ela não quer que ninguém a veja vulnerável.

Na verdade eu acho que a única pessoa que deixa minha mãe vulnerável nessa vida sou eu.

Dona Débora enfrenta bandido, polícia, júri, juiz, promotor, político e quem bater de frente com ela mas quando o assunto sou eu, ela demonstra o seu lado mais frágil.

E é por isso que ela está tão desesperada com essas ameaças que recebeu, porque atingiram diretamente a mim...

Peguei uma mala grande em cima do meu guarda-roupa, joguei em cima da cama e fiquei encarando meu closet.

Pela primeira vez na minha vida eu não sabia como montar uma mala pra passar uns dias fora. Afinal eu nem sabia qual seria o meu destino né? Será que vou pra outra cidade, estado, país????

Peguei às primeiras roupas que vi pela frente, coisas de higiene pessoal, alguns calçados e minha nécessaire de maquiagem porque eu não vivo sem!!

Estava tão triste e desanimada que apenas joguei tudo na mala de qualquer jeito e pronto!

Só de lembrar que vou ter que ficar longe da minha mãe me dá vontade de chorar, sou tão apegada nela, sempre foi nós duas pra tudo nessa vida e agora simplesmente contra minha vontade terei que ficar longe dela. Que ódio!

E também estou triste por ter que parar meus estudos, meu estágio, sair da minha casa, da minha rotina sabe??

Eu espero que esse pesadelo acabe e o mais rápido possível!!!

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