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Manuella Salles ✨

Morro do Vidigal, Rio de Janeiro.
14 de fevereiro de 2024.

Manuella: Que lugar é esse mãe?- olhei pelo vidro da van e encarei minha mãe que estava sentada ao meu lado.

Nós tivemos que sair do meu prédio pela saída de serviço, e dentro de uma van de lavanderia para não descobrirem o meu paradeiro. Para todos os efeitos, eu ainda estou trancada dentro do meu apartamento e sendo vigiada pelos seguranças da minha mãe.

Débora: A gente está no Morro do Vidigal.

Manuella: E o que a gente está fazendo aqui? Pera aí.. não vai me dizer que é aqui que eu vou ficar?- ela balançou a cabeça concordando e eu a encarei incrédula.- Você está falando sério mãe?

Débora: Eu estou com cara de quem está brincando Manuella?

Ela me encarou super séria e aí eu tive a certeza que ela realmente não estava brincando.

Manuella: E desde quando eu vou estar segura aqui dentro mãe? Em um lugar que só tem bandido?- rir sem humor.- Eu acho que você tá ficando maluca, só pode!!

Débora: Serão exatamente esses bandidos que irão te proteger Manuella!- falou séria.- E se precisar eles darão a vida deles para proteger a sua.- me encarou.- Então presta atenção na maneira como você fala das pessoas, eu não te ensinei a julgar ninguém e muito menos pelas suas escolhas de vida.

Em silêncio eu estava e em silêncio permaneci. Ia falar o que depois dessa chamada que levei? Nada né?

E o pior é que ela estava certa. Não posso julgar às escolhas de ninguém, cada um sabe o que faz da sua vida.

Mas também não posso negar que eu acho uma loucura minha mãe me trazer pra passar uns dias em um morro, isso aqui é uma vida completamente diferente da minha, é outra realidade pra mim.

Eu estava esperando ir passar uns dias com a minha vó no Ceará ou até mesmo ir para a casa de qualquer outro parente mas não, a dona Débora teve a brilhante idéia de me enfiar dentro de uma favela onde eu não conheço nada e nem ninguém. Tem como piorar????

Não que eu tenha algum tipo de preconceito com quem é da favela, tá? Jamais!!!

É que eu venho de outra realidade, não estou acostumada a lidar com esse mundo e tenho medo do que estou prestes a conhecer.

Débora: Chegamos filha.- a van estacionou e eu senti um frio na barriga.- Vem, vamos descer.- me deu a mão.

Descemos da van e eu notei a presença de vários homens armados na frente de um sobrado e eu confesso que fiquei assustada e me escondi atrás da minha mãe.

Nunca vi nem arma de brinquedo, como vou agir com naturalidade vendo um monte de fuzil na minha cara? Não da né!

Já minha mãe estava agindo naturalmente, super a vontade como estivesse batendo papo com amigos de longa data, com certeza ela já passou muito por isso e está acostumada.

Xxx: Vocês chegaram.- um homem mais velho e mal encarado saiu de dentro do tal sobrado e se aproximou da gente.

Débora: Bom dia Rei.- sorriu.- Deixa eu te apresentar... Essa aqui é minha princesa, Manuella!

Rei: Prazer Manuella, sou o Rei.- estendeu a mão e eu o cumprimentei.

Manuella: Prazer Rei. Pode me chamar de Manu.- sorrir simpática.

MINHA PERDIÇÃO - EM ANDAMENTO.Onde histórias criam vida. Descubra agora