MINHA PERDIÇÃO - EM ANDAMENTO.

34°

Thiago|TH 🤯

Leblon, Rio de Janeiro.
23 de agosto, de 2024

China: Que saudades seu filho da puta! Me dá um abraço aqui.— me puxou com tudo.

TH: Também estava irmão!— abracei ele.

China: Porque tu me mandou brotar aqui do nada parceiro?? E sem contar nada pra ninguém lá no morro? Qual foi mano? Aconteceu algum bagulho?— me encarou preocupado.

TH: Aconteceu pô.— encarei ele.— TÔ DE ALTA NESSA PORRA!— gritei empolgado.

China: Papo reto???— concordei.— Porra irmão... Graças a Deus mané! Que isso. Tu faz uma falta do caralho naquele morro irmão.

TH: Bora meter o pé então?? Não vejo a hora de chegar na minha favela e ver minha família!

China: Bora!!

Ontem eu passei por uma avaliação médica e também psicológica e finalmente recebi alta. Graças a Deus!! Eu não aguentava mais ficar nesse lugar.

Na hora que a médica falou que eu ia poder voltar pra minha casa, porra, nem acreditei, tá ligado? Fiquei feliz pra caralho, papo reto!! Sentimento louco.

Mas ao mesmo tempo que estou feliz pra caralho, também estou sentindo medo, tá ligado? Lá no morro eu vou estar próximo novamente das drogas e isso é um bagulho que mexe um pouco com a minha mente. Será que vou conseguir estar tão perto e não usar? Será que vou conseguir ser forte, vencer o meu próprio vício?? Esse bagulho está perturbando minha mente, não vou negar. Só que agora eu estou tentando não pensar nessa parada e só focar na felicidade que é poder voltar pro meu morro.

Resolvi fazer uma surpresa pra minha família, não contei pra ninguém que eu tive alta, tendeu? Vou chegar de surpresa no morro. Só quero ver a reação deles! Tô ansioso pra caralho.

[...]

Quando se aproximamos da entrada do morro, eu passei para o banco de trás e deitei no banco pra ninguém da barreira me ver. Se alguém me visse, iam passar o rádio pro meu coroa na hora pô, tô ligado como esses menor é, tendeu?

O China cumprimentou os menor que estavam fazendo a segurança e eles liberaram a passagem do carro, tirando a barricada do meio da rua.

Porra, a melhor sensação do mundo é estar de volta no lugar que você nasceu e cresceu. Não existe nada melhor não, papo reto!

O China subiu os vidros no banco de trás que eram fumê e eu pude me levantar e observar o meu morro, e tudo estava exatamente igual à três meses atrás, nada tinha mudado.

Enquanto subíamos o morro, fiquei observando cada detalhe. Hoje era sábado e por isso às ruas estavam cheias de gente, os barzinhos estavam lotados e tinha vários moleques jogando bola na quadra.

Quando o China estacionou o carro na frente da minha casa, eu senti o meu coração acelerar, até pensei que ele ia sair pela boca, papo reto. Eu estava nervoso pra caralho, tá ligado?

Desci do carro, cumprimentei os menor que estavam fazendo a segurança e abri o portão.

Todas às luzes da casa estavam acessas e isso confirmava que pelo visto todo mundo deveria estar em casa.