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Débora Salles ⚖️

Morro do Vidigal, Rio de Janeiro.
13 de fevereiro de 2024.

Abaixei o farol e os vidros do carro assim que me aproximei da entrada do morro, e um dos meninos que estava fazendo a segurança da barreira se aproximou do meu carro com um fuzil nas costas e uma pistola nas mãos apontando pra mim.

Xxx: Tá perdida madame, colfoi?- me encarou.

Débora: Pode abaixar essa arma por favor?- encarei ele séria.- Seu chefe está me esperando.

Xxx: Cheia de marra pô... Como a madame se chama?

Débora: Débora!

Ele se afastou do carro, pegou o rádio que estava cintura, falou alguma coisa que não consegui ouvir e em menos de um minuto mandou os outros caras tirarem a barricada do meio da rua e liberarem minha passagem.

Já estou mais do que acostumada a entrar dentro das favelas, afinal a maioria dos meus clientes não podem sair de dentro do morro e por isso eu que tenho que ir até eles.

E o Vidigal é uma das favelas que eu conheço muito bem por conta do meu passado...

Continuei subindo o morro e como ainda estava cedo, os comércios estavam abertos e tinha bastante gente pelas ruas, inclusive elas olhavam curiosas para o meu carro.

Passei por mais três barricadas até chegar ao destino final, estacionei o carro e quando desci que olhei em volta, passou um flashback na minha mente de momentos que eu já tinha vivido aqui um dia.

Xxx: Tu é a Débora?- um homem que saiu de um beco me encarou e eu concordei.- Patrão tá te esperando!

Ele me deu às costas e eu segui ele entrando dentro daquele beco cheio de buracos e na mesma hora me arrependi amargamente por ter vindo de salto.

Xxx: Só entrar aí.- ele abriu uma porta e eu entrei.

Xxx: Quanto tempo.- me encarou.- Tu não mudou nada pô.- me mediu dos pés a cabeça com um sorrisinho no rosto.- Continua linda!

Débora: Infelizmente não posso dizer o mesmo de você né Rei?- sorrir sem mostrar os dentes.

Rei: Continua marrenta e debochada né doutora? Não muda nunca?- neguei balançando a cabeça.

Débora: Rei não vim até aqui jogar conversa fora.- falei séria.- Preciso da sua ajuda!

Rei: Manda teu papo então.- ele sentou em uma poltrona e acendeu um cigarro.

Débora: Faz algumas semanas que estou recebendo ameaças por mensagem.- ele assentiu.- No começo não dei importância porque isso sempre aconteceu, você sabe.- ele concordou.- Mais hoje de manhã eles me mandaram fotos e vídeos da minha filha Rei.- falei já sentindo o nó na garganta.- Eles querem usar ela pra conseguir alguma coisa de mim. Olha essas mensagens.- entreguei meu celular pra ele e o mesmo olhou cada mensagem atento.

Rei: Tu já imagina quem possa ser?

Débora: Ou é a própria polícia ou outra facção.- falei preocupada.- É a única coisa que passa pela minha cabeça.- suspirei.

Rei: Tu tá defendendo algum caso importante da facção no momento?- concordei.

Débora: No momento só o caso do Caveira.- ele balançou a cabeça negando.

Rei: Só um dos traficantes mais procurados desse Rio de Janeiro.- debochou.- Tu tá ligada que muita gente grande não quer ele mais aqui fora né?- concordei.- E tu no caso significa grandes chances dele sair, alguém pode tá querendo te tirar da jogada por causa disso.

Débora: Essa possibilidade já passou pela minha cabeça e, por isso já entrei em contato com o Ph.

Rei: Mais me diz aí, tu quer minha ajuda no que?

Débora: Preciso tirar minha filha de circulação por um tempo e deixar ela em segurança.- ele me encarou parecendo não entender.

Rei: E como eu posso te ajudar nisso pô?

Débora: Eu quero que você proteja ela Rei!- encarei ele.- Você é a única pessoa nesse mundo em quem eu confiaria a vida da minha filha.- suspirei.- Ela é tudo que eu tenho nessa vida Jorge.- meus olhos se encheram de lágrimas.- Se qualquer coisa acontecer com ela eu nunca vou me perdoar.

Rei: Trás sua filha pra cá.- me encarou sério e eu sorrir aliviada.- Fica tranquila que aqui dentro desse morro nada vai acontecer com ela, tendeu? Ela vai tá protegida vinte e quatro horas por dia!

Ele mal terminou de falar e eu pulei em seus braços e o abracei forte, e na mesma hora senti um arrepio por todo o meu corpo e também um frio na barriga igual à anos atrás.

Débora: Eu nem sei como te agradecer por fazer isso por mim, obrigada, obrigada de verdade!!!- continuei abraçando ele.- Você nem imagina o peso que está tirando das minhas costas.- falei aliviada.

Ele retribuiu o abraço e em seguida afastamos nossos corpos um pouco e nos encaramos.

Nossos olhos se encontraram e eu continuava sentindo aquele arrepio pelo meu corpo, e quando ele tocou no meu rosto e passou um dos seus dedos nos meus lábios, senti um leve choque.

Ele se aproximou novamente de mim e eu senti seu lábio tocando no meu e apenas me permitir deixar acontecer, nossos lábios se grudaram e sua língua invadiu minha boca e era um beijo cheio de vontade e também cheio de saudades.

O Rei me pegou no colo ainda me beijando, me colocou em cima da mesa e ficou entre às minhas pernas enquanto uma das suas mãos segurava firme minha cintura e outra puxava meu cabelo.

Rei: Que saudades que eu tava desse teu beijo doutora.- sussurrou em meio ao beijo.

Débora: Confesso que também senti saudades do seu.- ele deu um sorriso malicioso.- Preciso ir embora Rei...

Rei: Porque pô? Fica mais um pouco.- apertou minha coxa e beijou meu pescoço.

Débora: A Manu está sozinha em casa e eu prometi pra ela que não ia demorar.- ele assentiu.- E eu preciso conversar com ela né? Preparar ela para às mudanças que viram.

Rei: Tô ligado.- suspirou.- Vou acionar um dos meus seguranças pra fazer sua contenção até em casa jaé?- concordei.

Débora: Obrigada mais uma vez! Nunca vou saber como te agradecer.

Rei: Não precisa me agradecer nada não, tu também já me salvou pra caralho nessa vida!- concordei rindo porque era verdade.

Débora: Vou tentar resolver tudo isso o mais rápido possível, tá?

Rei: No seu tempo pô.- sorrir sem mostrar os dentes.- Pode resolver tudo na paz, porque aqui dentro do meu morro ela vai tá segura, tendeu? Palavra de Rei!!

Ele nem imaginava o alívio que estava trazendo pro meu coração falando essas simples palavras.

Tudo que eu quero é deixar minha filha em segurança e protegida e eu sei que aqui dentro ela será intocável!

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MINHA PERDIÇÃO - EM ANDAMENTO.Onde histórias criam vida. Descubra agora