MINHA PERDIÇÃO - EM ANDAMENTO.

28°

Manuella Salles ✨

Morro do Vidigal, Rio de Janeiro.
01 de maio de 2024.

Nunca vivi um mês tão agoniante na minha vida. Os dias pareciam que estavam paralisados sabe? A hora parecia que não passava e a cada dia a ansiedade tomava conta de mim.

Todos os dias eu entrava naquele maldito site pelo menos umas dez vezes por dia, pra ver se o resultado do exame tinha ficado pronto e também ligava no tal laboratório, a recepcionista já até conhecia minha voz e tinha decorado meu nome.

Eu não estava mais aguentando viver essa maldita espera, queria tirar logo essa dúvida e angústia de dentro de mim!

E não era só eu que não estava mais aguentando esperar, o Rei, Thiago e até a Lari também estavam ansiosos e todos os dias me perguntavam sobre o resultado.

O Rei também chegou a ligar no laboratório, ofereceu dinheiro e até fez ameaças mas nada disso ajudou acelerar o processo.

Mas hoje de manhã finalmente a espera tinha acabado. Acordei com uma ligação da clínica, a recepcionista me ligou só pra informar que o resultado tinha ficado pronto e já estava disponível pra retirada no laboratório ou visualização no site.

Na mesma hora eu abri o site porém não tive coragem de clicar pra abrir o resultado, fechei o site, liguei pra minha mãe e pedi pra ela vim até o morro.

Independente de tudo que aconteceu, ela é e sempre foi meu porto seguro e eu preciso dela ao meu lado nesse momento.

Estou com um mix de sentimentos dentro de mim, porque eu sempre quis saber quem era meu pai e eu amaria saber que o Rei é essa pessoa mas por outro lado eu preferia que não fosse, porque não sei como irei lidar com a situação de ter ficado com meu meio irmão.

Larissa: Manu?- bateu na porta do meu quarto que estava meia aberta.

Manuella: Entra Lari.- ela entrou.

Larissa: Sua mãe chegou.- meu coração acelerou.

Manuella: Tá bom.. já tô descendo.- ela assentiu e saiu do quarto.

Um mês esperando pra saber o resultado desse exame e agora que chegou a hora, eu simplesmente queria fugir. Confuso né?

Desci pra sala e todos estavam me esperando, minha mãe estava sentada no sofá de cabeça baixa brincando com o envelope que estava em suas mãos e a Lari ao seu lado, o Rei andava de um lado pro outro com às mãos no bolso e o Thiago estava sentado em uma das cadeiras do balcão mexendo no celular.

E assim que ele percebeu minha presença na sala, me encarou e como sempre nossos olhares se encontraram por longos segundos.

Nesse último mês se mantemos afastados um do outro, ele me evitava e vice versa e acho que foi melhor assim, para ambos. Não é fácil lidar com a atração que sentimos um pelo outro sabendo que existe a possibilidade da gente ser irmãos.

Débora: Oi meu amor.- levantou do sofá e me abraçou.- Tudo bem?- apenas assenti.- Eu trouxe o resultado impresso.- me mostrou o envelope.

Rei: Então abre logo essa porra e vamos acabar de uma vez com essa agonia.- falou sério encarando ela.

Débora: Você quer abrir filha?- me encarou e eu neguei.

Rei: Me dá essa porra. Eu abro.- ele tomou o envelope da mão dela que resmungou alguma coisa xingando ele.

Minha mãe me abraçou de lado e naquele momento que eu vi o Rei rasgando o envelope e tirando o resultado de dentro, o meu coração acelerou e eu senti um frio na barriga.

Ele encarou o papel sério e eu não consegui decifrar o que seu semblante atento dizia, até ele suspirar profundamente e me encarar em seguida...

Rei: Tu é minha filha Manu.

Eu não sei explicar o que estou sentindo nesse momento, ao mesmo tempo que estou feliz em saber que ele é meu pai, eu também estava atordoada com a confirmação que o Thiago é meu irmão. E nesse exato momento se passou um filme na minha cabeça de tudo que vivemos juntos.

Meu olhar se cruzou com o do Thiago e seu olhar era de pura chateação, ele balançou a cabeça negando, se levantou da cadeira e saiu daquela sala que nem um furacão batendo a porta com força e eu saí correndo atrás dele.

Manuella: Thiago.- corri.- Thiago, espera!- encostei no braço dele e o mesmo parou de andar porém permaneceu de costas pra mim.- Olha pra mim!

TH: Não consigo pô..- respirou fundo.- Porra mano, tu é minha irmã mano.- passou a mão no rosto.

Manuella: Thiago olha pra mim.- puxei o mesmo fazendo ele ficar de frente pra mim.- Olha pra mim.- ele levantou o rosto e me encarou.- Eu sei o que você está sentindo, porque eu estou sentindo a mesma coisa.- suspirei.- Eu pedi muito pro resultado desse exame ser negativo, eu não queria lidar com o fato de ser sua irmã depois de tudo mas infelizmente às coisas não são como eu quero ou você quer.- ele assentiu.- A única coisa que eu sei agora é que teremos que lidar com tudo que aconteceu entre a gente por mais difícil que seja.

TH: Porra... Não vou saber lidar com esse bagulho, tendeu? Tô me sentindo culpado por essa parada, tá ligado?

Manuella: Nós dois não temos culpa de nada. A gente não sabia de nada Thiago!

TH: Preciso ficar sozinho pra pensar, tá ligado? Colocar a mente no lugar.- assenti.

Manuella: Só me promete que não vai fazer nenhuma besteira?- encarei ele.

TH: Fica tranquila pô.

Manuella: Você não prometeu.

TH: Não posso prometer essa parada.- ele virou às costas e saiu andando.

Naquele exato momento eu me desabei em chorar, ao mesmo tempo que eu estava muito triste com a situação, eu também não podia negar que uma parte de mim também estava feliz por saber que o Rei é meu pai.

Dentro de mim tinha uma misto de sentimentos, sabe?

Eu tentei demonstrar para o Thiago que estava aceitando bem essa situação que estamos mas na verdade estou totalmente confusa.

Débora: Não fica assim meu amor.- me abraçou.- Vocês dois não tem culpa de nada.

Manuella: Não era pra ser assim.- suspirei.- Hoje era pra ser um dos dias mais felizes da minha vida e infelizmente está sendo o pior.- falei soluçando de chorar.

Débora: Eu lamento muito.- fez carinho na cabeça.

Manuella: Você lamenta????- encarei ela.- A CULPA DISSO TUDO É SUA!- gritei e me afastei dela.- POR SUA CULPA ESTAMOS NESSA SITUAÇÃO! EU ODEIO VOCÊ!

Saí correndo pra dentro de casa, subi pro meu quarto e tranquei a porta.

A única coisa que eu quero no momento é ficar sozinha e tentar colocar minha cabeça no lugar.

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