Juliette desembarcou no aeroporto de Lisboa eram 18 horas de uma tarde de Verão.
Apanhou um táxi que a levaria ao hotel na Vila de Oeiras que dista a meia dúzia de kms de Lisboa.
Juliette não era rica mas tinha as suas e economias. Por ter decidido vir de uma hora para a outra não teve como planear tudo. Era vir e depois se verá.
Ficou alojada num modesto hotel até que conseguisse um apartamento dentro do seu orçamento.
A prioridade agora era conseguir um emprego.No dia seguinte em seu primeiro passeio pelas redondezas avistou um ajuntamento de pessoas. Era o presidente da câmara no seu habitual contacto com a população.
Juliette aproximou-se fazendo perguntas a uma senhorinha de meia idade sobre quem era e o que fazia ali.
Ela respondia a tudo com muita simpatia. Logo Juliette aproveitou para querer saber mais sobre o local e as gentes.Convidou a senhora, Ana de seu nome, para um café.
A - Eu aceito sim. Podemos ir ali até à beira mar. Há lá uma esplanada muito agradável.
Lá fomos as duas. Ficámos a conversar até às 13 horas.
A - Menina Juliette, já são 13 horas. Estou a empatar o seu almoço.
J - Não empata nada dona Ana. Eu nem sei onde vou almoçar. Não conheço nada. - Quer almoçar comigo?
A - Quero mas lá em minha casa. É aqui perto e eu moro sózinha. Já deixei o almoço pronto. Vamos?
Aceitei e realmente ela morava perto.
Dona Ana já tinha a sua jardineira de carne de vaca pronta. Foi só aquecer e comer.Ficámos de conversa o resto da tarde.
A casa de dona Ana não era grande mas tinha um quarto a mais, além do dela.
Na maior cara de pau perguntei se ela não queria alugar-me o quarto.Ela não tinha família então eu fazia-lhe companhia e ela fazia-me um favor. Ficou de pensar e dizia-me no dia seguinte.
Era normal que tivesse receio, afinal, sou uma total desconhecida.Despedi-me dela com a promessa de nos encontrarmos na mesma esplanada no dia seguinte.
Acertamos o valor do aluguer e mudei para casa da Ana como ela fez questão que eu a chamasse. Agora faltava o emprego.
A Ana foi comigo a vários lugares entre escritórios, lojas de roupa, centros comerciais, e supermercados. Fomos também à Câmara Municipal pois de vez em quando abriam vagas.
Em todos eles eu fiz a inscrição e fiquei a aguardar.Ao lado da casa da Ana havia um restaurante. Nos dias de maior
movimento o sr. Hélder pedia-me uma ajudinha para servir às mesas.O restaurante era pequeno. Ele e a esposa normalmente davam conta, mas, agora era Verão e havia mais turistas.
Não me importava nada. Almoçava grátis, recebia pelas horas de trabalho e ainda levava jantar para mim e para a Ana.Sextas, sábados e domingos eram os dias mais atarefados. Durante a semana era mais tranquilo. As gorjetas e as horas pagas davam para pagar o aluguer à Ana e ainda sobrava. Estava ao lado de casa e não tinha gasto de transporte.
Trabalhei assim durante Agosto e Setembro.
Em fins de Setembro recebo uma chamada.
- Se ainda estiver interessada deve comparecer quarta feira na Câmara Municipal para uma entrevista de emprego.
Fiquei entusiasmada e Ana desejou-me muita sorte.
A - Muita fé minha filha. Vai dar tudo certo.
Consegui emprego de secretária na Câmara. Começava no dia 2 de Novembro das 9 horas às 16 horas.
J - Sr. Hélder. Aos sábados e domingos eu venho ajudar na mesma. E quando precisar venho aos jantares também.
Com estas andanças todas nem percebi que minha menstruação estava bastante atrasada.
No trabalho tive que passar por uma data de exames. Era normal, todos os funcionários fazem isso uma vez por ano.
Uma semana depois fui chamada ao gabinete do médico da medicina no trabalho.
M - Juliette, a menina está grávida.
Coloquei as mãos na cabeça e chorei bastante.
A médica veio sentar-se ao pé de mim e quis saber o porquê de choro.Sem rodeios eu contei que a gravidez era fruto de uma violação e nem sabia dizer quem é o pai.
Ela lamentou mas colocou-se à disposição para o que eu decidisse.
J - Ainda agora comecei no trabalho. Por certo vou ser despedida.
M - Não creio Juliette. Não é essa a política deste organismo. Comunique à sua chefe apenas.
Vai tudo dar certo qualquer que seja a sua decisão.
Mas Juliette se pensar em abortar já está no limite de tempo. A decisão que tomar tem que ser rápida.Nesse dia cheguei a casa muito em baixo. Ana sempre me animava.
Conversei com ela, ouvi os seus conselhos e prometeu-me toda a ajuda possível.
Nessa noite não consegui dormir.De manhã levantei-me, tomei duche e o café e disse a Ana.
J - Ana, vais ser vóvó.
Ela abraçou-me com lágrimas nos olhos.
A - Que venha com saúde que cá o havemos de criar juntas.
Hoje, continuo no meu emprego e estou a completar os 9 meses de gestação.
Nos vários ultrassom verificámos não um mas dois bebés.
Um menino e uma menina.Não importa se os meus filhos não têm pai pois a mãe vale por duas e com a avó já são três.
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Lado lunar
Fanfiction~~ Toda a alma tem uma face negra nem tu nem eu fugimos à regra Tiremos à expressão tido o dramatismo por ser para ti eu uso o eufemismo Chamemos-lhe apenas o Lado Lunar Mostra-me o teu Lado lunar ~~~ 《trecho de...