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Eu nunca me interessei por mais nenhum homem. Desde o acontecido e cada vez que surgia alguém interessado, as lembranças daquela noite eram suficientes para os afastar.

Guilherme era um arquitecto da equipe do presidente da câmara. Há dias que vinha lançando umas deixas para mim.

Hoje convidou-me para almoçar e por cortesia aceitei.

Fomos ao restaurante em frente ao nosso trabalho. Eu não queria ser vista com ele noutro local. Ali era mais familiar. Muitos outros funcionários almoçam ali.

Escolhemos uma mesa um pouco afastada da maioria. Apesar de ter aceite eu não me sentia à vontade.
Por um motivo qualquer aquele homem intimidava-me.
Pelo menos estava em público com ele. Por certo nada aconteceria.

Pedimos nosso almoço e sem muitas rodeios Guilherme fez-me uma declaração de amor.

Fiquei deveras constrangida. A minha vontade era sair dali imediatamente.

J - Guilherme, sinto muito mas neste momento não quero ter relacionamentos com ninguém. A minha vida são os meus filhos e nela não cabe mais ninguém.

G - Juliette, não aceito um não tão rápido. Vou-te deixar pensar no assunto.
Eu gosto de ti e vejo-me perfeitamente a conviver com os teus filhos. Não nego que ser pai nunca foi um desejo mas por ti eu mudo.

Ali já vi que não era para ser. Foge desse encosto Juliette, pensei para comigo.
Tolerar os meus filhos para estar comigo? Nem morta.

Terminámos o almoço e ele acompanhou-me até ao meu gabinete.

Nos dias que se seguiram sempre apareciam rosas e chocolates na minha secretária.
Mesmo sem algum bilhete eu sabia de quem eram.

As rosas eu colocava na jarra da recepção e os chocolates entregava às senhoras da limpeza.

J - Tomem, deixaram para mim mas eu não gosto de chocolate.

Na saída do trabalho por vezes eu via o carro dele me vigiando.

Eu comecei a ficar com medo e ainda mais quando no meu celular começaram a aparecer mensagens.

- Hoje estás muito linda. Sai comigo.

- Hoje era um dia óptimo para te amar. Dá-me uma chance.

- Porque não me ligas?

Estas e outras foram uma constante até que resolvi responder.

- Guilherme! Pare. Não tem nenhuma chance de ter algo comigo.
Pare de me mandar mensagens, flores e chocolates. Não quero nenhum deles.
Eu já tenho namorado.

Enviei a mensagem mas arrependi-me logo de seguida.

Durante dois dias não o vi nem mandou qualquer mensagem mas ao terceiro dia começou o que eu chamo de inferno.

- Não acredito que tenhas namorado mas se tiveres podes largar pois tu és minha.
- Se não me quiseres não vais querer mais ninguém.
- Cuidado, estou sempre a ver-te.
- Os teus filhos são bonitos (foto dos gémeos)
- Afinal quem é o teu namorado? Nunca ninguém viu.

Eu fiquei assustada principalmente pela foto dos meus filhos que tinha sido tirada num domingo em que saí com eles para o parque.
Quer dizer que ele me vigiava a toda a hora?

Mostrei as mensagens à minha chefe. Tínhamos nos tornado muito amigas.

Cf - Juliette, eu se fosse a ti ia à policia.

J - E como eu provo que é ele. O celular que enviou as mensagens nem está identificado.

Cf - Mas a polícia há-de descobrir alguma coisa.

Conforme conselho fui à polícia e apresentei queixa contra desconhecido. Apesar de ter a certeza da origem das mensagens, não tinha provas.

Eu tentava nunca andar sózinha na rua mas hoje não teve outro jeito. Era sábado. Deixei os gémeos com a Ana e fui ao mercado que não era tão longe de casa, por isso fui a pé.

A meio do caminho um carro pára ao meu lado e um homem sai de dentro dele forçando-me a entrar. Depois de me atirar para o banco de trás, fechou a porta ficando do lado de fora e o motorista arrancou a alta velocidade.

Quando vi a cara do motorista tentei abrir a porta que estava bloqueada. Gritei mas já estávamos longe o suficiente para ninguém ouvir

À beira de um pinhal, num local deserto, Guilherme para o carro e passa para o banco de trás.

Fiquei em pânico. Meus Deus que não aconteça de novo, rezava em voz baixa.

Guilherme dizia que só queria conversar mas ao mesmo tempo forçava intimidade.

J - Deixe-me sair por favor.

G - Se fores meiguinha comigo, logo vais embora.

Guilherme tentava beijar-me à força.
Ia passando as mãos por dentro do meu vestido apertando-me as coxas.

Num raio de lucidez quando ele me quis beijar, deixei aproximar os lábios nos meus e instintivamente dei-lhe uma dentada.

Aflito retirou as mãos de mim e aproveitei para abrir a porta do carro.
Corri para a estrada e fiz sinal ao primeiro carro que vi.

Era uma senhora que parou e vendo a minha aflição deixou-me entrar arrancando em seguida.

Fomos à esquadra de polícia apresentar queixa e desta vez dei informação dele.

O meliante foi mais esperto. Quando cheguei ao trabalho segunda feira soube pela minha chefe que sexta antes de sair deixou a sua carta de demissão.
Sabe Deus onde estará agora. Por certo fugiu mas isso prova que o rapto visava conseguir tirar proveito de mim.

Enquanto não souber o seu paradeiro não vou ter mais sossego.
A polícia ia investigar mas sugeriram que ele já poderia estar em Espanha.

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