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Juliette decidiu não adiar mais.  Estava de partida novamente.
Despediu-se de emprego, trancou a inscrição no curso de gestão,  despediu-se do sr Hélder e esposa.

Hoje estava de regresso à terra que tanto amava.  Na bagagem além da mala levava a sua vida.  Os seus dois filhos e uma mãe que ela ganhou em Portugal.

Ana não tinha nada a perder.  Entre ficar em Portugal onde não tinha ninguém e partir para Angola com a família que Deus lhe deu ela optou pela família.

Era impossível ela separar-se dos gémeos.   Sabia que se não fosse, provavelmente nunca mais os veria.

Entregou a chave da sua casa ao vizinho Hélder para que ele tomasse conta.  Se aparecesse alguém de confiança podia alugá-la.
Ele logo cogitou a hipótese de uma sobrinha dele que estava para casar, poder morar lá.

Dona Ana deixou-o à vontade.  Eventualmente ela iria vendê-la no futuro.

Os gémeos estavam eufóricos para andar de avião.   O seu estado de espírito contrastava com o de Ana.  A senhora estava apavorada pois nunca cogitou tal viagem.

Foram 8 horas tranquilas de Lisboa a Luanda e depois mais 2 até Nova Lisboa.
Por terem feito a maior parte da viagem de noite não deram pelas horas.  Todos conseguiram dormir.

Desembarcaram passava das 11 da manhã.   Juliette pediu um taxi pois até chegar a casa ainda teriam pelo menos 45 minutos.

Seguiam animados.  Ana olhava pela janela tudo com uma admiração enorme.  Era tudo diferente de Portugal.
Juliette sorria com os olhos marejados.  Era tanta a saudade.  Na sua vida ali teve momentos muito bons.  Lembrou dos seus pais, dos seus "amigos" e infelizmente do episódio que a levou a partir.

Ela julgava ter superado totalmente mas assim que pisou solo Angolano as lembranças vieram tão nítidas que parecia ter acontecido há poucos dias.

Mergulhada nestes momentos só voltou à realidade quando o motorista freou com violência e bateu na traseira do carro da frente.

Juliette imediatamente verificou o estado das crianças e de Ana.

O motorista perguntou se estavam todos bem.  Ele também estava bem.  O airbag funcionou e protegeu-o.

Saiu da viatura para ver o estrago e do carro da frente saiu também um jovem alto, elegante e bem vestido.

Jovem - Peço desculpa senhor, mas um cachorro atravessou à frente do meu carro e eu tive que travar rápido para não o atropelar.

Motorista - Entendo.  E agora?  Olhe o estrago no meu carro.  O seu nem está mal, uns arranhões.

Jovem - Vou já comunicar ao meu seguro.  Dê-me os seus dados e da viatura.   Aqui tem o meu cartão com o contacto.

Mot. - Certo, mas como levo os meus clientes ao destino?  Preciso de esperar que chegue o reboque pois o meu carro está a perder óleo.

Jovem- Se eles não se importarem eu levo-os.  O reboque está a caminho.  Se tiver que pedir outra viatura esteja à vontade.  O meu seguro cobre todos os riscos.

O motorista explicou-me a situação e aceitei que o moço nos levasse.  Estava desejando sair dali e chegar a casa.

Acomodámo-nos no carro do moço e por leves instantes aquela fisionomia não me pareceu estranha.  Deve ser da minha cabeça, pensei.

Dei a indicação da morada e noto que ele ficou sem reacção por instantes.

J - Acaso sabe onde é essa morada?

Jov. - Sei.  Moro duas ruas acima.  Bem perto. 
Estão de regresso de férias?

J - Não.   Morávamos em Portugal.  Estamos de regresso.  Eu nasci aqui.

Chegamos ao destino.  Rodolffo parou em frente à casa cujo portão frontal dava para um jardim muito bem cuidado.
Juliette ficou contente por seu vizinho ter tratado bem do jardim.  Ela havia feito um telefonema uma semana atrás a dizer que vinha.

Rodolffo retirou toda a bagagem do porta malas e só então reparou bem nas duas crianças.
Fez-lhe um afago na cabeça e disse para a mãe.

R - Quer ajuda para levar as malas?  Leve as crianças que eu levo a bagagem.

Ana pegou numa maleta de mão e na mão  de Gabriel e Juliette tinha outra maleta e Madalena.
Rodolffo pegou em duas malas, deixou na entrada de casa e foi buscar as outras duas.

R - Está tudo entregue.  Desculpe o transtorno que causei.  Estou à disposição se precisar de algo.
O meu nome é Rodolffo.

Juliette abriu os olhos e pensou.  Como o mundo é pequeno.  Só o tinha visto uma vez mas sabia de antemão que o conhecia.

J - O mundo é pequeno.  Eu sou a Juliette.

Rodolffo olhou fixamente para o rosto dela.  Quando ouviu a voz dela no carro ele soube logo que a conhecia mas do rosto não se lembrava muito.

R - Aquela Juliette amiga da Lisa e da Rita?  Aquela que conheci na boate?

J - E da Eva.  Sim, essa mesmo.

R - Vimo-nos pouco tempo.  Foste embora cedo.  Estavas doente disse a Eva.

J - Sei.  Coisas que não quero lembrar.

R - Vocês chegaram agora.  Está na hora de almoço.  Posso convidar-vos para almoçar?  Tem um restaurante aqui na esquina.   Podemos ir lá, é perto e tem um local próprio para as crianças brincarem.
Deixem-me oferecer-vos o almoço e vamos conversando um pouco mais.

J - Resolvi aceitar.  Que mal haveria.  E depois não tinha nada em casa para dar às crianças.

Colocámos as malas em casa depois de ter ido buscar a chave e cumprimentar os meus vizinhos.  Depois conversaria com eles.

J - Rodolffo,  eu vou primeiro dar um banho às crianças.  Está muito calor e acabámos de fazer um voo de 10 horas.

R - Então,  eu também vou passar em minha casa, ver a minha mãe e depois encontramo-nos no  restaurante no máximo em 1 hora.

J - O restaurante ainda é do sr. Pedro e da Fátima?

R - Sim. Ainda são eles.  Até já.

Rodolffo saiu e não sabe porquê mas foi acometido por um sentimento que não conseguiu decifrar.  Era um misto de alegria mas também de frustração.   Algo lhe dizia que vinha muita mudança por aí.

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