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Hoje era domingo.  Ana era muito religiosa.  Queria ir à missa e resolvi ir com ela.  Entrei na igreja, fiz as minhas orações e saí por conta dos gémeos que já estavam a ficar irrequietos.

Deixámos Ana na igreja e fomos até um jardim que ficava perto.  As crianças estavam a brincar na relva e eu aproveitei para olhar tudo à minha volta.
Sempre gostei deste jardim.  Vinha cá com a minha mãe.

Ouço uma voz aproximar-se de mim.

- Juliette,  nem acredito!

Levantei a cabeça e vi a Rita à minha frente.

Ela fez questão de me dar dois beijos e eu retribui por cortesia.   Não me apetecia nada ter contacto com este tipo de gente.

- Por onde andaste amiga?  Porque desaparecesse sem deixar rasto?

J - Andei por aí e acredito não ter feito falta a ninguém.

- Amiga, nós ficámos passadas com o teu sumiço.  Que aconteceu?

J - Primeiro.  A nossa amizade terminou naquela noite na boate.
     Segundo.  Podes fingir que não me conheces.  Eu farei o mesmo.  Não tenho interesse na tua amizade.

- Mas o que é que eu fiz? A Lisa e a Eva que infelizmente já se foi, o que nós fizemos?

J - O que diz a vossa consciência?  Se estão em paz, tudo bem.

Madalena aproximou-se a correr.

M - Mamã, mamã,  o Gabriel caiu.

J - O meu filho precisa de mim,  licença.
E saiu deixando uma Rita pasma entre  a surpresa de ver a Juliette e a surpresa dela ser mãe de dois.

Juliette encontrou o filho sentado no chão a chorar.

J - Que foi meu amor?  Deixa mãe ver o teu joelho.

- Não é nada.  Vamos ali lavar e depois pomos um band aid que a mãe tem aqui na bolsa.

- Agora vamos ali tomar um suco enquanto a Ana não vem.

Entrámos no café e numa mesa de canto estava Rodolffo de costas para a porta.  À sua frente estava uma senhora com cerca de 50 anos.  Tinha a pele branca talvez por apanhar pouco sol.

Ao ouvir a voz dos gémeos,  Rodolffo virou a cadeira e levantou-se.

R - Bom dia Juliette.   Bom dia crianças.   Não esperava encontrar-vos aqui!

J - Viemos trazer a Ana à missa.

R - Sentem-se na nossa mesa.  Deixem eu fazer as apresentações.
Marta...Juliette.

J - Como vai dona Marta?

M - Vou bem, obrigada Juliette.

R - Mãe, estes meninos lindos são o Gabriel e a Madalena.

M - Realmente são lindos.  Parabéns Juliette.   São muito parecidos consigo.  Os olhos nem tanto.

Juliette soube que Rodolffo aproveitava o Domingo de manhã para sair com a sua mãe.   Sózinha ela não saía e durante a semana ele tinha que trabalhar.

R - Ela passa os dias de semana sempre sózinha.  Somos só nós dois.  Gostava que ela se distraisse mais, mas não tenho tempo.

J - Olha, de vez em quando, se ela quiser pode passar o dia lá em casa.  Tem a Ana para conversar e estas duas pestinhas para moer o juízo.   Se ela quiser fiquem à  vontade.   Por enquanto eu também estou em casa
mas amanhã começo a procurar emprego.

M - Obrigada Juliette.   Se eu tiver disposição eu vou sim.

Já eram horas da missa terminar.  Despedimo-nos do Rodolffo e da Marta e fomos em direção à igreja.

Não sei o que há comigo ultimamente.   De todas as vezes que vi Rodolffo era como se tivéssemos sido amantes noutra vida.

No café Rodolffo conversava com a mãe sobre Juliette.

M - Gostas dela, filho?

R - Oh mãe!  Não sei o que sinto.  Acreditas que com hoje é a terceira vez que a vejo mas parece que o coração me salta do peito.  Estes últimos dias só pensei nela.

M - Isso é amor, mas e o pai das crianças?

R - Ela diz que não têm pai.  Não quis alongar esse assunto quando lhe perguntei.

M - Eu também gostei dela.  Sou capaz de aceitar a sugestão dela.

R - Aceita sim.  A Ana também parece ser boa gente e eu ficarei mais descansado por estares acompanhada.

- Eu posso deixar-te lá a seguir ao almoço, já que venho sempre almoçar contigo e depois vou-te buscar quando terminar o trabalho.

M - E aproveitas para ver a Juliette.   Sei.  O meu filho não dá ponto sem nó.

Rimos das nossas conversas e saímos do café em direcção a casa.


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