Lado lunar

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Os gémeos nasceram e o parto correu muito bem. Ao fim de 5 dias pude trazer os meus filhos para casa.

A casa de Ana tornava-se pequena mas por enquanto os bebés ficavam comigo no meu quarto.

A Ana fez questão de trocar de quarto comigo. O dela era maior e dava perfeitamente para colocar 2 berços. O banheiro também era maior. Eu não queria mas ela teimou.

Como o outro quarto não tinha banheiro incluído foi preciso derrubar uma parte da parede conjunta para que Ana tivesse mais conforto. Foi uma obra rápida e pouco dispendiosa. Agora cada uma tinha o seu banheiro e toda a privacidade.

Hoje era dia de baptizar os gémeos.

Ana foi a madrinha que escolhi para os dois e o sr. Hélder o padrinho. Afinal foram eles quem me apoiaram desde o inicio.

Madalena e Gabriel foi o nome que escolhi para os meus filhos.

Nos 6 meses seguintes fiquei em casa de licença de maternidade mas hoje já era dia de regresso ao trabalho.

Os bébés por enquanto ficam em casa com a Ana e com a Bia, uma jovem estudante de artes que precisa de trabalhar para ajudar nos seus estudos. A Bia chega às 8 da manhã e sai depois de almoçar às 13 horas. Ela inicia as aulas às 14 horas mas a Universidade fica a 20 minutos cá de casa.

Logo que os bebés completem um ano penso matricular-me num curso de gestão de empresas.
Preciso alargar os meus conhecimentos. Até tentei lá em Angola mas a doença da minha mãe não me permitiu prosseguir.

Em Angola tudo continuava mais ou menos na mesma.

Rodolffo tentou de tudo para saber quem tinha sido a mulher daquela noite mas não teve sucesso.

Desde essa noite vivia com um único objetivo. Encontrá-la para de algum modo poder amenizar o estrago.

O idiota não sabe que o estrago não tem concerto. O trauma é para toda a vida.

Luis e Eva viviam discutindo todos os dias por causa do juramento que fizeram.

Luis vendo a mudança do seu amigo Rodolffo queria contar tudo mas Eva tinha medo da reacção da Juliette mesmo sabendo que ela desaparecera.

Luis saiu do trabalho e foi esperar Eva à porta do seu.
Eva entrou no carro e logo começou o sururu pois Luis tinha decidido que não passaria de hoje.

Eva bastante alterada gesticulava dando alguns murros no braço do Luís.
Este aumentou a velocidade e numa fracção de segundos o choque com outra viatura levou ao capotamento e queda do veículo numa ravina.

Alguns condutores que presenciaram o choque pararam e chamaram o pronto socorro.

Vinte minutos depois chegam bombeiros, ambulância e polícia. A ravina não era muito acentuada mas o carro deu várias cambalhotas.

Retiraram os corpos e constataram que Eva estava morta e Luís tinha uma lesão no pescoço além dos membros inferiores com fractura exposta.

Depois de avaliado pela equipa médica do hospital Luís corria o risco de ficar paraplégico.

3 meses depois Luis teve alta hospitalar e realmente estava paraplégico além de ter também uma amnésia profunda. Não se lembrava de nada nem conhecia ninguém.

Lisa mudou de emprego e de cidade e Sérgio emigrou para a África do Sul.

O grupo de rapazes resumia-se agora a Rodolffo e Carlos que se falavam por serem colegas de trabalho e o das raparigas perdeu-se pois Juliette estava em Portugal e na empresa de Importação/Exportação só estava Rita.

Rodolffo aproximou-se de Rita após saber do desaparecimento de Juliette mais para tentar saber o porquê dela desaparecer logo a seguir àquele incidente.

Rita não tinha conhecimento da tramóia de Eva nem sabia nada da Juliette. Ainda saíram os dois algumas vezes mas Rita achava Rodolffo muito obcecado com aquela noite. Era um saco sempre a mesma conversa.

Em Portugal, Juliette tinha acabado de fazer a sua inscrição no curso de gestão.

Aproximava-se o primeiro Natal dos gémeos. Com cerca de um ano já tinham alguma percepção das coisas.

Enfeitámos a casa com as decorações de Natal. Eu fiz a árvore.
A Ana tem por tradição fazer o presépio à moda antiga com figuras de barro e musgo verdadeiro. Um lago feito com uma taça de vidro cheia de água onde nada um pato e caminhos feitos com areia. A cabana onde se abriga a sagrada família e os 3 reis magos.

Tivemos que isolar a àrvore e o presépio para os gémeos não fazerem disparates uma vez que já andam.

No final quando as luzes piscaram eles bateram palminhas. Em Portugal o Natal é no Inverno. Não nos esquecemos de colocar neve em spray na àrvore e no presépio por cima do musgo.

No último Natal eu estive sózinha em casa. Felizmente este ano ganhei uma segunda mãe e dois filhos lindos que são a luz dos meus olhos.