Rodolffo chegou na hora combinada.
Dei um beijo nas crianças, um tchau para Ana que não perdeu a oportunidade de me cutucar.
A - Vê se tiras o atraso. Se dê uma chance de viver.
J - Pára com isso Ana. Somos apenas amigos. Volto cedo. Tchau.
Rodolffo esperava do lado de fora do carro. Abriu a porta para eu entrar e partimos.
J - Aonde vamos?
R - Surpresa mas é um local lindo que eu conheço de vista. Nunca fui lá mas sempre tive curiosidade.
J - E porque é que nunca foste se estavas curioso?
R - Acho que o local merece que vamos lá em boa companhia e até agora não tinha achado uma justificável.
J - Ena! Agora senti-me importante.
R - Para mim já és muito importante- Rodolffo parou no semáforo vermelho e passou a mão no rosto de Juliette. De seguida colocou a mão em cima da dela que estava apoiada na coxa. Instintivamente ela retirou a sua mão.
J - Rodolffo.
Chegaram ao restaurante e realmente o local era lindíssimo. Os grandes portões abriam-se para um grande jardim. Era de noite mas dava perfeitamente para ver a imensidão do local.
O restaurante ficava situado ao lado de uma mansão. Qualquer um que passasse jamais imaginaria ali um restaurante aberto ao público.Fomos conduzidos à nossa mesa por uma moça elegantemente vestida. Via-se ali muito luxo. A decoração era de tirar o fôlego. Lustres brilhavam parecendo diamantes. Rodolffo conhecia um dos barman e após eu aceitar o pedido para jantar, ligou para ele e fez a reserva.
A moça puxou a cadeira para eu me sentar e reparei no buquê de flores à minha frente.
Rodolffo pegou nas flores e deu-me.
R - Flores para a mais linda flor.
J - Rodolffo, tu és doido? Isto aqui deve ser caríssimo. Não era preciso isto tudo. Eu jantaria contigo num local mais modesto com o mesmo prazer.
R - Mas eu queria que o nosso primeiro jantar fosse especial. Depois se eu ficar sem dinheiro para comer durante o resto do mês vou lá a tua casa todos os dias.
J - Isto é um truque para ires lá? Não precisas, podes ir na mesma.
Rodolffo segurou a mão de Juli e deu um beijo.
A garçonete aproximou-se com um aperitivo e o cardápio.G - Cortesia da casa. Por favor aqui têm o cardápio. Fiquem à vontade.
Juliette olhou o cardápio e olhou para Rodolffo a sorrir.
J - Não conheço nada do que está aqui. Escolhe tu. Tu é que me trouxeste aqui então desembrulha este imbróglio.R - Juliette, estou igual a ti. Não podiam escrever isto de modo a que se percebesse?
Rodolffo chamou a garçonete e simplesmente disse:
R - Não queremos escolher. Vamos deixar na mão do chef. Queremos ser surpreendidos já que é a nossa primeira vez aqui.
G - Concerteza. Direi ao chef e não se vão arrepender de todo.
Fomos presenteados com um verdadeiro banquete. Primeiro umas entradas que só por si já mostravam o que por aí vinha.
No prato principal veio um filé mignon que se derretida na boca.
Para sobremesa, algo confeccionado com chocolate em várias texturas e uns crepes suzette que foram flamejados à nossa frente.
Terminámos com um café acompanhado com uns bombons de menta.
No final do jantar ficámos a conversar sobre toda a ementa até que Rodolffo olhou para mim e segurando a minha mão perguntou.
R - Queres ser minha namorada?
Eu fiquei sem palavras. Ele já tinha dado sinais mas nunca pensei que hoje ele faria isso.
Fiquei em silêncio absorvendo tudo o que estava acontecendo.Olhei-o nos olhos e sem largar a mão dele disse:
J - Rodolffo, eu tenho 2 filhos que me ocupam o dia. Não tenho tempo para dedicar a uma relação como ela merece e sinceramente não sei se as feridas do passado estão já saradas para que eu me possa doar cem por cento à relação.
Eu gosto de estar contigo. Fazes as coisas parecer simples mas ainda dói.R - É o pai dos gémeos? Ainda o amas?
J - É a pessoa que eu mais odeio neste mundo.
R - Foi assim uma relação tão má?
J - Digamos antes que foi uma relação não consentida, mas não quero falar sobre esse assunto.
Vamos ser amigos por enquanto. Quem sabe no futuro possamos ser algo mais se esperares.
R - Eu nunca desisto. Espero o tempo que tu precisares.
J - Não fiques magoado comigo.
R - Não fico magoado, só triste.
Beijei a mão de Rodolffo e pedi para irmos embora.
Paguei a conta que não foi assim tão absurda. Sentia-me um pouco frustrado. Meti a mão no bolso e senti a caixa onde estavam as nossas alianças de compromisso. Ainda as verei nos nossos dedos, pensei.
R - Ainda é cedo. Vamos onde?
J - Ali à beira rio caminhar um pouco. A noite está quente.
Caminhámos cerca de uma hora e sentámo-nos num dos bancos. Por ser dia de semana havia pouca gente àquela hora. Um ou outro casal de namorados passeavam de mãos dadas ou abraçados.
J - Rodolffo, não tem problema para ti relacionares-te com uma mulher com 2 filhos?
R - Porque haveria de ser problema. Acaso mães solo não têm direito a serem felizes só porque um cafageste as abandonou.
J - Não foi o caso. O pai dos gémeos não sabe que eles existem.
R - Porquê Juliette? Quem sabe o comportamento dele melhoraria se soubesse. É português?
J - Não sei. Foi aqui. Não o conheço.
R - Como assim não o conheces?
Juliette ficou em silêncio com lágrimas nos olhos. Rodolffo limpou-lhe as lágrimas com os dedos e aconchegou-a ao seu peito.
R - Se é doloroso não contes mais. Tudo vai passar. O que interessa é que tens dois filhos lindos.
J - Filhos de um violador.
Rodolffo ouviu, engoliu em seco e não disse mais nada. Aquelas últimas palavras doeram tanto que ele desejou não estar ali.
R - Se quiseres vamos embora. Foram muitas emoções só hoje.
No entanto Juliette deixou-se estar abraçada por ele. Por um motivo qualquer sentia-se protegida. Rodolffo fazia carinhos no cabelo dela.
Ele levantou-se, segurou na mão dela para a ajudar a levantar, abraçou-a e segurando no seu rosto deu-lhe um beijo leve nos lábios.
R - Tens que superar e permitires-te seres feliz. Esquece o passado.
Juliette segurou o rosto dele com as duas mãos e olhou-o nos olhos.
J - Eu aceito ser tua namorada.
R - Repete!!!!
J - Eu quero ser tua namorada.
Rodolffo pegou nela ao colo e rodopiou. Estava numa alegria que ninguém podia calcular. Sentou-se novamente no banco, puxou Juliette para o seu colo e retirou a caixa das alianças que imediatamente colocou no dedo dela.
Ela colocou a dele e selaram o momento com um beijo de tirar o fôlego.Olharam em volta e verificaram que estavam sózinhos.
Juliette sentia-se bem por ter desabafado apesar de não ter contado nem a metade.
Rodolffo nem se fala. O que julgava ser uma noite falhada tornou-se uma noite maravilhosa apesar de tudo.
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Lado lunar
Fanfiction~~ Toda a alma tem uma face negra nem tu nem eu fugimos à regra Tiremos à expressão tido o dramatismo por ser para ti eu uso o eufemismo Chamemos-lhe apenas o Lado Lunar Mostra-me o teu Lado lunar ~~~ 《trecho de...