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Os dias iam passando e Juliette estava cansada de enviar currículos e ir a entrevistas.

Tinha a vida suspensa.  Não seguia no curso de gestão pois tinha medo de não conseguir encontrar emprego e gastar todas as suas economias.

Começava a sentir-se frustrada.   Será que fiz bem em voltar a Angola?  Questionava com muita frequência.

Hoje recebeu um telefonema de uma empresa de engenharia.   Ia abrir uma vaga para secretária assistente do  CEO  da empresa.

Às 15 horas conforme combinado Juliette estava na recepção da empresa.  Era um edifício com vários andares.
Identificou-se na entrada e logo recebeu a indicação.

- Siga este corredor até ao elevador e suba ao quarto andar, sala 102.  A senhorita Micaela vai atendê-la.

Fiz o que me mandaram e chegando à sala 102, uma senhorinha de meia idade, morena, olhos negros, cabelos cacheados, veio ter comigo.

- Boa tarde, sou a Micaela.

J - Boa tarde, sou Juliette.  Como vai.

M - Vou bem obrigada.   Vamos conversar.
A vaga de secretária é para trabalhar directamente com o CEO da empresa por isso são necessários alguns requisitos.

O director Heitor Rebelo por vezes viaja e precisa que a secretária o acompanhe.  Não é muito habitual mas pode acontecer.

J - Senhorita Micaela, eu tenho duas crianças pequenas mas felizmente tenho quem tome conta delas então una vez ou outra eu posso fazer isso.

M - Trate-me só por Micaela por favor.

J - Concerteza.

M - Horas extra aqui na empresa.  Às vezes o Doutor Heitor também tem reuniões aqui fora do horário de expediente.

J - Não tem problema comigo.

M - Claro que tanto as viagens como as horas extra são pagas independentemente do seu salário.

Fizemos o resto da entrevista e no final ainda ficámos a conversar sobre outros assuntos.
Falei sobre o meu curso e Micaela disse que era norma da empresa auxiliar e facilitar a formação do pessoal.

M - Juliette, durante o dia de amanhã eu comunico-lhe a nossa decisão.

J - Obrigada Micaela.   Fico a aguardar a sua chamada.

Eram 17 horas quando entrei no elevador que logo parou no andar abaixo para entrar nada menos que Rodolffo.

J - Rodolffo! Não me digas que trabalhas aqui?

R - Sim.  Sou um dos engenheiros desta empresa.  E tu o que fazes aqui?

J - Vim para uma entrevista.  Acabei agora de conversar com a Micaela.  Espero ser aprovada.

R - A Micas é gente boa.  A vaga é para quê?

J - Secretária do CEO.

R - Do Heitor?  Que aconteceu à Maria?  Não ouvi nada.

J - Não sei.  Só ouvi que ele estava sem secretária.

Chegámos à recepção e Rodolffo logo foi questionar a recepcionista sobre a Maria.

- Arranjou um português.   Vai casar e morar em Portugal.

Saímos juntos da empresa e Rodolffo convidou-me para um café.

J - Só se for uma cerveja.  Com este calor!

Sentámo-nos na esplanada para apanhar o fresco da tarde.

J , Rodolffo,  como é o dr. Heitor? A Micaela diz que por vezes é preciso viajar com ele e reuniões fora do horário de trabalho.

R - É um homem na casa dos 65 anos.  Muito educado e integro.  Não tenhas receio.  Nunca se constou que ele tivesse algum comportamento menos decente com qualquer funcionário.
Na empresa todos gostam dele e da esposa.  Acho que ela viaja sempre com ele também.

Fiquei mais descansada depois dele ter dito isto.

R - Juliette,  queria dizer algo.  Há duas fui comprar uns brinquedos para a Madalena e para o Gabriel mas ainda não tive coragem de os entregar.
Tenho medo que penses que estou a ser invasivo.
A minha mãe diz que é tolice pois se gosto das crianças não tem problema, mas não sei a tua opinião.

J - Está bem.  Podes entregar mas só desta vez.  Não quero que gastes dinheiro com eles.

R - E contigo?  Posso oferecer-te flores.
Segurei na mão dela e disse. - gosto de estar e conversar contigo.

Juliette olhou-o nos olhos e disse - também gosto de conversar contigo.   Instintivamente retirou a mão.
Vamos?

A viagem até casa da Juli foi em silêncio.  Nenhum dos dois conseguia iniciar uma conversa.

Assim que Rodolffo parou o carro virou-se para Juliette e perguntou:

- Janta comigo hoje?

J - Rodolffo, não demos o passo maior que a perna.  Dá tempo ao tempo.

R - Só um jantar.  Depois trago-te logo para casa.  Só quero jantar contigo e conversar, por favor.

J - Está bem.  Só jantar.
A que horas?

R - Passo aqui às 19 horas tá bom para ti?

J - Pode ser sim.  Agora vamos lá entregar os presentes dos pestinhas.

R - Rodolffo deu um beijo no rosto de Juliette e abriu a porta do carro, indo buscar os presentes à bagageira.

Escusado será dizer que as crianças amaram o tanto de presentes.

J - Não era só um para cada Rodolffo?

R - Eu não sabia o que eles gostavam!

Madalena a mais efusiva logo se pendurou no pescoço de Rodolffo e o  encheu de beijos.  Gabriel soltou um tímido obrigado quando Rodolffo o pegou no colo.

Ana presenciava a cena e sorria.

Rodolffo saiu e Ana logo questionou Juliette.

A - O que foi isso?  Gostei.  Até pareciam uma família.

J - Deixa de sonhar coisas Ana.  Somos apenas amigos e por falar nisso estes amigos hoje vão jantar fora.

A - Tudo começa pela amizade e é assim que tem que ser.  Vai em frente minha filha e se a tua felicidade estiver ali agarra-a bem.

Dei um beijo à Ana e fui dar banho aos gémeos e tomar também para me arranjar para o jantar.

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