O fogo

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Os dois amigos não conseguiram terminar a conversa, pois ouviram sons de homens e mulheres correndo pelos corredores e gritando 'fogo'. Sem nem pensar duas vezes, os dois garotos correram em direção à porta principal. A maior parte do castelo estava em chamas.

Quando chegaram lá fora, o rei e a princesa estavam desesperados procurando pelo príncipe.

Quando a princesa avistou o príncipe, ela correu desajeitadamente até o homem e pulou em seus braços chorando. Huang Jun acariciou as costas da garota e repetiu várias vezes: 'Eu estou bem, está tudo bem.'

O rei se aproximou ligeiramente e segurou o ombro de Li Ming, dizendo:

-Obrigado por cuidar do meu filho, tudo que precisares, podes pedir-me.

Li Ming sorriu animado e perguntou:

-Pode ser um aumento?

O Rei gargalhou

-Vou dar todo o dinheiro que quiseres.

Huang Jun revirou os olhos com a falta de vergonha do seu amigo. Como ele poderia pensar em dinheiro numa situação dessas?

Depois de perceber que ainda estava com a garota no colo, o rei puxou-a para ficar de pé, repreendendo-a por ser tão chorona.

-Meilin, você é muito dramática, é por isso que não consegue encontrar um marido.

Huang Jun nunca tinha parado para pensar que nem sequer sabia o nome de sua irmã. Não gostou da forma como o rei a tratou, porém sentiu-se agradecido por saber o nome dela agora.

-Isso claramente foi uma tentativa de nos matar, pai. O senhor tem inimigos?

O Rei parecia estar pensando sobre isso. Claro que ele tem inimigos, pois ele roubou a chance de seus irmãos reinarem e criou vários inimigos ao longo dos tempos com todas as guerras em que participou. Se ele não tivesse inimigos, não poderia ser um rei de verdade.

Huang desistiu de tentar fazer o senhor falar e decidiu ir até a vila. Puxou Li Ming para ir junto com ele e ignorou a sensação de estar sendo observado.

-Jun, você está tão estressado. Não se preocupe, estou aqui para cuidar de você.

Huang zombou do amigo:

-Cuidar de mim? Você não consegue cuidar nem de si mesmo. Não seja hipócrita.

Li Ming sorriu.

-Então solte a minha mão.

Huang corou ligeiramente, não havia percebido que continuava segurando a mão de seu amigo, porém não fez nenhum esforço para soltá-la, fazendo com que Ming gargalhasse.

Porém, o silêncio foi interrompido por um homem conhecido. Ele parou na frente dos dois, olhou para suas mãos atadas e revirou os olhos.

- Eu estava te procurando desesperadamente enquanto você estava namorando?

Huang ergueu o olhar e viu Zhou Wei soltar um sorriso irônico. Jun soltou suas mãos rapidamente e se aproximou do homem mais alto.

- Senhor Zhou, eu não estava namorando. Ele é apenas o meu mordomo.

Zhou Wei franziu a testa.

-Seu mordomo sexual?

Li Ming sentiu-se extremamente ofendido com a acusação. Um dia ele até poderia ser um trabalhador sexual, mas nunca se interessou pelo seu melhor amigo.

-Nós somos apenas amigos, você não reconhece um gesto de amizade?

Zhou Wei nunca pensaria que aquilo era um gesto de amizade, nunca tinha visto homens se tocando daquela forma.

-Que seja

Zhou segurou rapidamente a cintura de Jun e o levou para outro lugar, ele era rápido demais para Ming conseguir persegui-lo, então ele apenas desistiu e continuou sua jornada, imaginando que o homem ficaria com muita raiva quando se encontrassem novamente.

A vila estava totalmente deserta. Os habitantes ouviram os gritos e o fogo se espalhando pelo palácio, então todos se trancaram dentro de casa, acreditando que o fogo não ia chegar até lá.

Zhou e Jun foram para um lindo jardim distante da vila. Huang estava encantado com tanta cor, nunca tinha visto um jardim tão bonito. Por um momento, esqueceu-se completamente de todos os problemas que estava enfrentando. Sua mente estava focada apenas nas flores e no homem bonito que o encarava com um sorriso malicioso.

-Pimentinha, se eu te beijar, isso será considerado um gesto de amizade?

Huang Jun ficou boquiaberto com a falta de vergonha do homem mais alto e empurrou sutilmente o mais velho.

-Não seja descarado, não tenho interesse em homens.

Zhou Wei gargalhou por alguns minutos, zombando do mais baixo

-Então por que está tão corado, Majestade?

Huang ignorou o homem e continuou a andar pelo jardim. Zhou imediatamente o seguiu e continuou a fazer propostas obscenas. Depois de algum tempo caminhando, os dois resolveram voltar para a vila antes de escurecer. Zhou levou o príncipe até o quarto.

-Pode ir, eu estou bem

Wei sentiu-se extremamente ofendido, estava sendo expulso do quarto sem mais nem menos, porém resolveu não protestar, acreditando que o outro não mudaria de opinião.

-Até amanhã, pimentinha.

Saiu do quarto com um sorriso no rosto. Estava ansioso para acordar de manhã e perseguir Huang Jun novamente. De repente, sentiu alguém segurar a sua cintura e percebeu pelo toque que não era Jun. Então, esquivou-se rapidamente e apunhalou o queixo da pessoa.

A pessoa xingou e acariciou o queixo, na tentativa de amenizar a dor.

-A'Zhou, você é tão agressivo.

Ao perceber que a pessoa não era ninguém menos que seu melhor amigo, ele abaixou a guarda e resmungou:

-Liu Yang, você só me dá dor de cabeça.

O amigo sorriu e colocou seu braço por cima do ombro de Zhou, e começou a tagarelar enquanto o mais alto ouvia atentamente. Eles eram amigos desde a infância, cresceram juntos e se consideravam irmãos. Tinham uma relação de amor e ódio, mas não conseguiam viver longe um do outro.

☆☆☆☆☆
Notas da autora

O termo A' é dado a pessoas com as quais o personagem tem intimidade, ou seja, Liu Yang chamou seu amigo de A' Zhou por terem intimidade.

The Great WarOnde histórias criam vida. Descubra agora