O trato

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Ao chegar em casa com seu parceiro nos braços, a garotinha correu até os homens, assustada, imaginando que teriam que fugir de algo.

"Pai, onde vocês foram?", perguntou a garota.

O homem colocou seu parceiro no chão, logo se abaixou e alisou os cabelos da garota, sorrindo gentilmente. Queria transmitir conforto, apesar da situação não ser nada confortável.

"Fomos dar um passeio, seu pai estava cansado, então carreguei ele", respondeu o homem.

A garota pareceu acreditar na conversa fiada do pai, então o rapaz sentiu-se extremamente envergonhado por conseguir mentir na cara dura dessa forma.

O príncipe apenas se retirou do local, sentindo-se tão cansado que poderia dormir em pé naquele exato momento. Seus olhos queriam fechar o mais rápido possível, então ele correu até o quarto, deitando-se na cama e sentindo seu corpo se desligar completamente.

Naquele dia, ele não acordou.

☆☆☆

A princesa caminhava pelo pátio do castelo, enquanto lia um livro. Seu marido havia lhe ensinado a ler, e ela tomou gosto pela leitura rapidamente. Seus olhos não paravam por um segundo, devorando todas aquelas palavras de mundos mágicos que ela queria muito que existissem.

Não percebeu que havia uma leve deformação no chão e tropeçou desastradamente, caindo nos braços do seu amado, que se assustou com o peso repentino.

- Minha princesa, está tudo bem? - perguntou ele.

A garota encarou os belos olhos do seu parceiro, suas bochechas ficaram coradas ao sentir as mãos do rapaz em sua cintura. Sua pupila estava dilatada e tudo que ela conseguiu fazer no momento foi correr, mas falhou nisso. Dessa vez, tropeçou no próprio pai.

- Que menina estabanada, o que está fazendo aqui? Onde está o seu marido? - perguntou o rei.

Meilin apenas sorriu para o homem, tentando parecer simpática. Seu parceiro estava logo atrás dela, curvando-se ao rei.

-Estávamos indo para o quarto, senhor.

O rei gargalhou e abraçou o rapaz mais alto.

- Vão começar a fazer filhos agora? Eu quero muitos netinhos.

O casal arregalou os olhos e se entreolhou algumas vezes, sorrindo por conta do nervosismo.

- Pai, não pense nisso agora, nós acabamos de casar.

Chen sorriu mais uma vez, inclinando-se para apertar o ombro da filha, tentando mantê-la calada.

- Você vai fazer o que ele mandar, se ele quiser filhos, então deixe-o te tocar.

A mulher ficou horrorizada com o comentário nojento do pai e se afastou dele, sentiu a raiva se espalhar pelo seu sangue e correu para o quarto do casal, deixando os dois homens sozinhos ali.

Seu marido encarou o rei e cuspiu em seu rosto, demonstrando hostilidade.

- Você é um lixo humano.

O homem não entendeu o porquê da braveza do genro, mas não continuou no local para perguntar, apenas retirou-se dali, pois sabia que aquele não era o seu território.

Li Kai dirigiu-se ao quarto, entrando no local sem mais nem menos. Tinha medo de que sua amada fizesse algo imprudente. A garota estava encolhida ao lado da cama, chorando tão baixo que era quase imperceptível, mas ele a conhecia o suficiente para saber que estava chateada pelo comentário do homem de meia-idade.

Seu corpo magro e pequeno continuava encolhido. A princesa não tinha intenção nenhuma de sair daquela posição. Ela só queria ficar ali e chorar o dia inteiro, mas seu marido não deixou que isso acontecesse. O homem alto pegou a garota no colo e acariciou seus cabelos macios, fazendo-a suspirar alto com a sensação gostosa. Ninguém nunca havia feito isso por ela.

Ao sentir-se segura, permitiu-se abraçar o homem, desabafando toda a sua tristeza e frustração em forma de lágrimas. Ela chorou tanto naquela noite que seus olhos ficariam inchados no outro dia.

☆☆☆

Yang gemeu baixo enquanto seu parceiro cuidava de seus ferimentos. Ele sentia-se tão fraco que não conseguia nem gritar de dor, apenas ouvia o sermão que o homem mais baixo ditava.

- Eu disse para não enfrentar aquele exército. Trinta e três homens contra um, é impossível ganhar.

- Mas eu ganhei.

Ming bateu na nuca do homem mais alto, fazendo-o gemer de dor.

- Eu espero que você fale isso de novo, assim vou ter motivo para te bater.

- Eu lutei com eles por sua causa, devia me agradecer. Eu poderia ter morrido.

O homem mais baixo revirou os olhos e retrucou:

- Você já está morto, venha logo.

O rapaz de olhos cinzas resmungou e seguiu o seu homem para a casa principal, onde uma reunião começaria imediatamente.

Havia vários tipos de homens lá, incluindo o rei, que estava algemado na cadeira ao lado do trono. Seus olhos estavam semicerrados, ele recusava-se a olhar para aquele casal que tanto o maltratava.

Sua rebeldia não durou muito tempo. Yang bateu em seu rosto com tanta força que o rei podia jurar que havia quebrado a sua face. Ele gritou de dor e xingou baixo, não querendo irritar o homem mais alto. Só começou a falar depois de recuperar o fôlego.

- Minha mão já está quebrada desde que Zhou Wei a cortou, meu braço não está mais em meu corpo e agora minha face deve estar devastada. Você não tem dó desse velho odiado por Deus?

Yang gargalhou intensamente. Ele odiava aquele velho com todas as suas forças, mas precisava dele para que seu plano fosse concluído, então relevou a situação.

- Wang Chen, quando vai cumprir sua parte da nossa aliança? - Ming perguntou, se intrometendo na conversa.

O rei apenas bufou e encarou o homem de olhos verdes. Ele odiava-o, pois o achava incrivelmente bonito para estar com alguém como Yang, apesar deste ser tão bonito quanto.

-Meu garoto, vocês também não cumpriram suas partes da aliança.

Os dois homens se encararam por alguns segundos e sorriram com a estupidez do velho. Ming levantou do trono e se aproximou do rei, percebendo o olhar de desejo que o velho lançava para si.

Ele sentou ao seu lado, alisando o peitoral do homem.

- Meu Rei, se não cumprir a sua parte do trato, eu não poderei poupar a sua vida.

Chen sorriu para o homem, iludindo-se com a persuasão do rapaz.

- Eu farei a minha parte, não se preocupe, meu garoto.

Li sorriu falsamente, mas o rei parecia não ter notado. Ele levantou da cadeira, piscando para o rei, que sorriu com o charme do rapaz. Yang queria cortar o velho em pedaços, mas se conteve, pois não podia estragar o plano.

Liu se aproximou do parceiro e segurou sua cintura, puxando-o para si e beijando seus lábios avermelhados por conta do vinho que ele havia acabado de tomar. Sua intenção era mostrar para o rei que o homem de olhos verdes não estava disponível para ninguém além de Liu Yang.

The Great WarOnde histórias criam vida. Descubra agora