Caçador

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É melhor ser o caçador do que a presa - O homem igual a Huang disse enquanto entregava o talismã para Li Ming.

O homem sorriu e beijou a bochecha do rapaz, exclamando:

-Eu sei, meu amor, mas você só teve que fingir ser o príncipe por alguns dias, você já pode voltar à sua aparência normal.

O homem sorriu e estalou os seus dedos, retornando à sua aparência original. Yang sentia-se extremamente feliz por voltar a ter um metro e oitenta e ter um corpo musculoso novamente. Apesar de ser um homem bonito, Huang não estava em forma; seu corpo era magro e, apesar de ter músculos, eles não eram definidos como os de Liu Yang.

-Foi tão fácil ficar com Zhou esses dias, ele acreditou que eu era ele sem nem desconfiar. Huang, acho que ele não te conhece bem.

Ele olhou para Huang. O homem que estava jantando levantou o olhar e gargalhou intensamente, debochando da atitude de Yang.

- Yang, e você tem certeza que conhece totalmente o seu amado?

Liu calou a boca. Eles se conheciam há menos de três meses. Não poderia distingui-lo totalmente também, mas isso não foi o suficiente para Jun. Ele continuou argumentando:

- Eu tenho certeza que ele te trocaria por qualquer outro que lhe desse poder, então vê se não se ilude tanto, idoso.

Por ter os cabelos cinzas, Yang era constantemente chamado de idoso por Huang. Isso o irritava ao extremo, mas se manteve calmo naquele momento. Brigar não era do seu interesse.

Ming sorriu ao ver o outro tão irritado, mesmo sabendo que a fala do amigo estava equivocada. Ele não trocaria o seu amado por nenhum outro, mas deixou que Yang pensasse sobre isso para poder provocá-lo mais tarde.

-Nós temos o talismã agora, só precisamos usar Huang para concluir a coroação.

O príncipe olhou para o talismã e sorriu, pensando no quanto o seu homem é genial, mas o casal ali não notou nada; eles estavam preocupados demais pensando na imortalidade e em todos os poderes que poderiam adquirir depois do ritual.

Huang Jun caminhou lentamente até a parede ao lado da porta. Havia um quadro de uma mulher sorrindo no dia de seu casamento. Provavelmente era um sorriso forçado, mas ainda assim parecia feliz.

O homem encarou a pintura por algum tempo, enquanto a dupla apenas ignorava a loucura do amigo e continuava planejando o tão aguardado plano final.

☆☆☆

A princesa estava ensanguentada; seus braços estavam tão moles depois do treinamento de hoje. Seu corpo estava tão desgastado que ela não conseguia caminhar direito. Seu Laoshi* tinha pegado pesado com ela. O homem de barba branca e sobrancelhas grossas olhou para a garota.

"Você é tão fraca, seu pai não te ensinou nada, não é?" - disse ele.

A garota assentiu, deixando seu cansaço de lado e segurando-se em uma pilastra no meio do jardim. Eles treinavam ali todos os dias. A mulher queria aprender a se defender caso alguma invasão inesperada acontecesse. Ela sentia que os dias estavam tão calmos que logo algo aconteceria.

Li Kai caminhava ao lado de A'Wu. Eles estavam a caminho do lago, pois A'Liang pretendia fazer um novo fertilizante e precisava de água para isso. Ao passar pelo jardim e ver sua esposa ensanguentada, ele correu para segurá-la enquanto verificava se havia ferimentos.

"Você está bem, minha princesa? O que aconteceu?" - perguntou o homem, sua feição esboçava preocupação.

Meilin balançou a cabeça em negação, apontando para o seu professor. Kai ficou vermelho de ódio e avançou para cima do velho. O homem havia enlouquecido de raiva. Apesar de não ter as melhores habilidades marciais, ele conseguiu empurrar o velho, fazendo-o machucar a coluna.

"Yeye, nunca mais machuque a minha mulher novamente"-Disse ele

A'Wu ofereceu o seu ombro como apoio para a princesa, deixando-a colocar o seu braço em cima de seu corpo. O marido da mulher segurou o outro braço dela, levando-a para o quarto junto com o amigo.

"Minha princesa, vou te colocar na cama, tá bom?" - O seu marido disse, enquanto deitava a mulher na cama.

O Xiao Wu apenas observava, não queria tocar na princesa sem necessidade, por respeito ao amigo, então saiu do local sem dizer nada. Sua voz dificilmente era ouvida. Normalmente, o único que consegue fazê-lo falar é o seu amado.

Kai limpou os ferimentos da garota; seu braço estava cheio de queimaduras. O velho havia ido longe demais nesse treinamento. Ele colocou um remédio na boca de Meilin, fazendo-a tomar e dormir imediatamente, enquanto seu marido limpava seus machucados e colocava curativos por toda a extensão de seu corpo.

Enquanto fazia isso, ele rezava para que qualquer Deus que existisse livrasse a sua mulher da morte, pois seu estado era grave.

☆☆☆

Zhou Wei acordou em sua cama. Sua cabeça estava tão pesada que ele não conseguiu sair da cama com tanta facilidade. Seus olhos estavam embaçados, ele sentia seu corpo formigar e suas mãos tremiam.

Ele levantou da cama com bastante dificuldade e arrastou seus pés até a porta, onde alguém estava batendo tão forte que ele jurou que ia quebrar. Ao abrir a porta, ele viu a garotinha. Ela parecia brava, provavelmente estava com fome, pois ele não fez o jantar na noite passada, e já devia estar no horário do almoço.

A garota cuspiu as palavras, dizendo que um homem com uma máscara de gato havia invadido a casa e tentado raptá-la, mas ela mordeu o seu braço, fazendo-o desistir do sequestro.

O homem sentiu-se extremamente feliz por saber que a sua garota sabia se defender dessa forma. Ele sorriu e beijou a bochecha de Jiayi. Ao pegá-la no colo, ele a levou para a cozinha e fez o seu café da manhã, já imaginando que seu amado não estava em casa.

- Papai, o senhor parece um lobo - A garota disse, enquanto mastigava o seu lanche.

O homem encarou a menina e arqueou as sobrancelhas, sem entender o que ela queria dizer com aquilo.

-Os lobos são fiéis e inteligentes, assim como você e o outro papai. - A garota continuou.

O homem mais alto sorriu e beijou a testa da garota. Ele começou a lavar a louça quando ouviu a voz fina falar novamente:

-Mas o homem que estava conosco esses dias... não era o papai, nem sequer era um lobo. Ele era tipo uma coruja, só se importa consigo mesmo e com o seu parceiro.

Os olhos de Zhou Wei se arregalaram. Ao olhar para Jiayi novamente, ela estava comendo o seu alimento normalmente, como se aquilo que tivesse dito não fosse algo tão importante. Ele sentou ao lado da garota e exclamou:

-Você é um gênio, minha filha!

☆☆☆☆☆
Notas da autora:

Laoshi: É uma palavra chinesa que significa "mestre" ou "professor".

Yeye: É Algo similar a "vovô"

The Great WarOnde histórias criam vida. Descubra agora