A coroa

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Enquanto os dois homens continuavam observando o rei, Yang olhou para o seu amigo e percebeu que ele poderia ser considerado acima da média em questão de beleza. Seus olhos dourados e sedutores chamavam a atenção por onde passava, seu corpo musculoso e definido sempre era alvo de olhares de ambos os gêneros. Todos desejavam aquela beldade, mas Wei pertencia a apenas uma pessoa e amava isso.

- Por que está me observando? Está apaixonado por mim? -Zhou disse

Yang gargalhou imediatamente e zombou do mais velho.

- Desculpa, mas eu tenho bom gosto.

Os dois amigos gargalharam. Eles sempre foram assim, costumavam provocar um ao outro desde a infância. Eles eram do mesmo vilarejo, suas famílias eram amigas, porém as duas foram assassinadas brutalmente. Só a mãe de Yang sobreviveu. A mulher criou os dois até Zhou entrar na seita do Vale Sangrento. Ele era muito agradecido por tudo que seu amigo e sua mãe fizeram por ele.

-A mamãe sente a sua falta, devias vir visitá-la junto comigo, eu vou esta semana.

Zhou concordou com a cabeça e sorriu, lembrando da época em que ele jantava na casa dele e, por ser mais comportado, ele sempre ganhava mais sobremesa que o amigo.

-Eu vou sim, quero que ela conheça o meu noivo.

Yang sorriu e abraçou o seu amigo por trás, cheirando o seu pescoço.

-A'Wei, por que estás sempre tão cheiroso?

Zhou movimentou o cotovelo e bateu na barriga do outro, zombando.

-Você devias falar menos, Yang.

Enquanto o mais baixo gemia de dor, o exército do rei se preparou para sair do local e invadir outra seita onde eles acreditavam que o príncipe podia estar escondido.

Os dois homens pularam até o chão e pararam na frente do exército. O rei gargalhou ao ver que os dois homens estavam em desvantagem em relação à equipe do rei.

-Zhou Wei, estás sempre atrapalhando os meus planos, não é?

Zhou sorriu maliciosamente.

-Meu Rei, eu sempre fui leal a você, mas depois de ver que está tentando prejudicar o meu príncipe, eu não posso simplesmente ficar parado e ver você agir de má fé.

- Devolva o meu filho e eu prometo te recompensar.

Agora foi a vez de Zhou gargalhar, ele não podia acreditar no que estava ouvindo. Esse homem conseguia ser estúpido em todos os momentos.

- Senhor, acha mesmo que eu vou confiar em você? Depois de tudo que você fez com o meu povo, a minha seita e o meu príncipe? - gritou a última parte, deixando bem claro que era o mais importante.

O rei não pensou duas vezes antes de acenar para o exército agir. Seus homens eram muito bem treinados, cheios de armaduras e equipamentos próprios para qualquer tipo de guerra. Porém, não eram astutos o suficiente para perceber que já estavam cercados. O exército de Zhou era muito maior e todos possuíam diversas técnicas que superavam os homens do rei.

Apesar de perceberem isso, os homens eram burros demais até para recuar. Zhou balançou a cabeça em negação; ele não queria guerrear, mas já que era sua única opção, ele estalou os dedos e todos os seus homens atacaram.

O rei não moveu nenhum dedo; ele não queria sujar as suas mãos de sangue. Porém, o homem de olhos dourados estava determinado a estragar os seus planos.

- O senhor é tão covarde a ponto de deixar seus homens lutarem enquanto você fica aí tomando vinho?

O rei tomou mais um gole de vinho e sorriu; ele odiava aquele homem intrometido.

- Não me obrigue a lutar com você.

Wei pegou a espada que estava em suas costas e apontou a ponta para o rei. A espada era prata com detalhes dourados e havia um nome escrito por toda a sua extensão.

O rei logo percebeu que aquela espada não era comum, mas não teve muito tempo para observar. Zhou Wei se aproximou rapidamente e sua espada passou raspando pela cabeça do rei.

O homem gargalhou ao perceber que ainda estava intacto, acreditando que o homem devia ser muito ruim de mira para errar algo assim, mesmo quando ele estava desprevenido. O que o rei, mais conhecido como Wang Chen, não sabia é que o homem alto não estava querendo sua cabeça, e sim o que estava em cima dela.

Ao ver que Zhou Wei estava segurando a sua coroa, Chen se desesperou e correu até o homem na intenção de pegar o seu bem mais precioso de volta. Porém, Zhou desapareceu em um piscar de olhos.

☆☆☆

Huang estava desesperado, procurou o seu noivo por todos os lugares e não havia achado o homem. Li Ming também estava preocupado com o seu parceiro. Os dois homens estavam na sala da casa junto com Meilin, esperando que eles chegassem.

Zhou foi o primeiro a chegar. Ao entrar na sala, Huang o bombardeou com várias perguntas sobre onde estava ou com quem estava. Zhou sorriu ao ver que o homem estava preocupado com ele.

Mas Yang não chegou, deixando todos da casa preocupados, inclusive o seu amigo.

-Você não sabe mesmo onde ele está? - perguntou Li Ming.

- Não sei, ele disse que tinha algo para fazer, então eu deixei.

Huang sentou atrás de seu parceiro e começou a fazer uma massagem em seus ombros, fazendo Zhou suspirar baixo e sorrir com o ato de carinho.

-Meu príncipe, eu encontrei seu pai hoje.

Todos da sala olharam para o homem com os olhos arregalados, ninguém ali gostava daquele idoso. Zhou rapidamente tirou a coroa do bolso.

-O que é isso? - Huang perguntou.

-É a sua coroa, quando for coroado, vai usá-la todos os dias.

Huang parecia confuso. Por que seu parceiro estaria com algo que é do rei? Por que isso parecia ser tão importante, se era só um pedaço de metal? Ao perceber que seu noivo estava confuso, Zhou começou a explicar.

-Essa coroa pode te dar um poder muito grande, é por isso que o rei está tão interessado em você, ele quer o poder que só você pode adquirir.

Huang continuava confuso.

-Mas se ele é o rei, por que ele mesmo não pode adquirir esse poder?

-Por que ele não é digno o suficiente. Seu pai não nasceu na família real. Ele não tem a linhagem. Ele só virou rei porque casou com a sua mãe. Antes, ele era apenas um plebeu.

Todos na sala estavam confusos e boquiabertos com a revelação. Meilin se sentiu extremamente inútil por nunca ter percebido isso, e seu irmão parecia sentir o mesmo.

Zhou abraçou seu parceiro e colocou a coroa em suas mãos.

- Faça o que quiser com isso, meu príncipe. É seu por direito.

Huang ainda estava curioso. Ao segurar aquela coroa, ele só pensava em uma coisa.

- Afinal, que poder é esse que eu posso adquirir?

Zhou olhou para aqueles olhos amendoados e respondeu:

- A imortalidade.

The Great WarOnde histórias criam vida. Descubra agora