Zhou Wei cozinhava algo doce para sua filha, seus pensamentos voavam tão longe que ele quase queimou a comida. Ele rezou para que a garotinha não percebesse, pois ela era muito fresca para comer. Parecia ter esquecido completamente que era uma mendiga há um mês atrás.
Hoje era o dia que ele precisava falar com A'Wu. Os dois criaram uma boa amizade e ele precisava de conselhos sobre um assunto em questão. Ele sentia saudade de seu Huang e sabia que a única pessoa que poderia entender isso era Xiao Wu, pois ele já havia perdido o seu amado por dez anos.
Ao terminar de cozinhar, ele ouviu uma batida na porta. Pelo som, ele percebeu que era alguém calmo, provavelmente um conhecido, pois a maior parte das pessoas que o visitavam não batiam na porta e muito menos eram convidadas.
Ele deixou a garota na cozinha e atendeu a porta, sorrindo em seguida.
- Não vai dizer nada? Não sentiu minha falta? - Huang disse, enquanto cruzava os braços.
Wei abraçou o seu homem, se deliciando com o cheiro de flores que o cabelo do rapaz emanava. Fazia apenas uma semana que eles haviam se separado, mas pareceu uma eternidade para ele. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele ouviu seu amado chorar baixo, tentando abafar as lágrimas em seu pescoço.
-Eu senti tanto a sua falta - Zhou sussurou, apertando o corpo do homem mais baixo.
-Bobo, me solte, eu não consigo respirar - Huang disse, enquanto beijava o pescoço do amado.
Wei se afastou e puxou o noivo para dentro da casa, beijando-o em seguida. Suas mãos seguravam a cintura delicada de Jun. O príncipe apenas retribuiu o beijo e direcionou seus braços até os ombros largos do rapaz, pousando-os ali.
O momento carinhoso dos dois não durou muito tempo, logo outra batida na porta foi ouvida. O príncipe bufou de raiva, abriu a porta rapidamente e começou a gritar com a pessoa que acabara com o beijo dos dois.
Os dois homens que estavam do lado de fora ficaram surpresos com os gritos; um deles começou a se desculpar infinitamente e o outro apenas observava. Eles eram Xiao Wu e Wen Liang. Ao perceber isso, Jun sorriu e pulou em A'Liang, abraçando o amigo com carinho. O homem mais alto sorriu e retribuiu o abraço, perdoando todos os xingamentos que haviam sido lançados a ele alguns minutos atrás.
"Você é tão dramático, eu mal cheguei e você já me tratou dessa forma" -A'Liang disse, depois do amigo se afastar.
Huang sorriu e explicou a situação para o amigo, puxando os dois para dentro da casa no mesmo momento. A'Wu e Zhou apenas observaram os dois conversarem e sorriram com a beleza de seus amados.
"Meu príncipe, eu vou fazer um chá para você" -Zhou Wei disse e se retirou do local, já sabendo que tipo de chá o homem gostava.
Xiao ficou ali parado, esperando algum comando de seu parceiro.
- A'Wu, você deveria ajudar o Zhou Wei a fazer o chá - A'Liang disse sorrindo.
A'Wu acenou com a cabeça e sussurrou um "hm" antes de ir atrás do homem mais alto.
- Então, quando vamos começar o plano? - A'Liang perguntou, segurando as mãos de Jun.
O príncipe apenas sorriu e sussurou algo no ouvido do outro, que escutava com muita atenção.
☆☆☆
A princesa estava escondida em um armazém da seita. Havia várias mulheres e crianças ali, os homens foram dizimados na batalha, e dois deles estavam desaparecidos, o chefe e o seu filho.
Meilin não conseguiu conter as lágrimas. Ela sentiu-se como na infância, quando seu pai a batia e invadia seu banho, tocando em suas partes íntimas sem a sua permissão. Ela percebeu que aquele homem sempre foi asqueroso, mas nunca teve coragem de admitir, pois apesar de tudo, ele era seu pai.
-Princesa, está tudo bem. Tenho certeza de que seu marido vai voltar - uma criança desconhecida falou, direcionando sua mão pequena até a cabeça da princesa.
Aquele gesto de carinho a deixou encantada. Por um momento, até sentiu vontade de ter filhos, alguém para compartilhar momentos bons e ruins e ajudá-la a superar a perda inesperada do marido.
-Qual é o seu nome, garotinho? - A princesa perguntou, deixando-o tocar em seu cabelo devidamente arrumado.
O garotinho não era sorridente como as outras crianças. Na verdade, ele parecia bem triste e esperança não brilhava em seus olhos, mas mesmo assim ele estava tentando fazer a mulher se sentir melhor.
-Lian Huan, esse é meu nome - o garotinho falou, enquanto sentava em frente à mulher.
Meilin sabia que esse garoto só podia ser desse vilarejo, mas nunca havia visto ninguém com o sobrenome Lian ali. Ela imaginou que seus pais deviam ser tímidos e não se envolviam nas tarefas diárias da seita.
-Eu só tinha o meu pai, e ele morreu na batalha. Estou sozinho agora - o garoto disse, sua voz estava trêmula.
A mulher tentou sorrir para animá-lo, mas sabia que não adiantaria. Então, apenas sussurrou um "sinto muito" e abraçou o garoto, que parecia imune a qualquer dor. Ele retribuiu o abraço, mas não chorou; nenhuma lágrima sequer saiu de seus olhos. A princesa concluiu que ele era o garoto mais forte que havia conhecido em sua vida.
☆☆☆
Ming sorria ao ver os dois homens amarrados ali. Ele se aproximou do mais novo e alisou a sua bochecha. O rapaz era lindo, não mais que Yang, mas era lindo.
- Que garotinho bonito, você tem namorada? - Ming sorriu, sentando no colo do homem.
Kai apenas revirou os olhos e chutou a bunda de Ming, fazendo-o resmungar de dor.
- Eu sou casado, seu idiota - Li Kai respondeu, com fúria nos olhos.
O homem de olhos verdes soltou uma risada franca com a ousadia do rapaz, mas decidiu não provocá-lo por agora. Seus olhos encaravam os do líder.
-Velho Kai, você nos deve algo, não se lembra?
O homem apenas balançou a cabeça em negação e cuspiu no chão, demonstrando sua hostilidade em cooperar com o rapaz. Ele não se sentia intimidado pelo homem de olhos verdes, na verdade, ele sentia repulsa.
-Você acabou com o meu casamento e agora quer acabar com a minha família? - O velho gritou, enfurecido.
Seu filho o encarou surpreso, sua mãe havia falecido há dois meses. E seu pai dissera que havia sido em uma batalha inesperada. Ao perceber a confusão do rapaz, Ming sorriu e sentou em seu colo novamente.
-Seu pai me levou para casa com ele em uma noite monótona. Ele disse que sua esposa não estava o satisfazendo, então eu fiz, e ele pareceu gostar muito, mas não me deu o que prometeu.
Li Kai estava possesso de raiva ao saber que seu pai havia traído a sua mãe, e ficou ainda mais com raiva do homem em sua frente, que parecia não se importar em ser o amante.
-Na época, eu e meu amado fizemos um acordo de que eu ficaria com o velho para que pudéssemos conseguir o que ele tinha, mas você não pagou a sua dívida, Kai.
O homem olhou para o filho, que o encarava com desdém, e abaixou a cabeça, sentindo-se intimidado com as duas figuras masculinas o encarando.
-Eu vou poupar a vida de seu filho, mas não a sua, então se prepare... meu homem não tem piedade -Ming sussurou a última parte, dando ênfase no pronome possessivo.
Li Kai sentiu lágrimas jorrarem de seus olhos. Ele abaixou a cabeça, acreditava que seu pai era o homem mais gentil e fiel do mundo. Ele acreditava que o casamento de seus pais era perfeito e seu sonho era ter um casamento igual.
Mas depois dessa revelação, ele ficou tão possesso de fúria que não conseguiu olhar para o seu pai, e ficou com mais raiva ainda ao lembrar que tinha o mesmo nome que ele.
Seu nome era algo que ele se orgulhava antigamente, mas depois da revelação, não parecia ser um nome tão bom agora.
O único som que ouviu antes de desmaiar foi o de um pescoço sendo quebrado.
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The Great War
RomanceDois garotos que moram em uma cidade pequena decidem viajar em busca do pai de um deles, nesse percurso eles acabam encontrando uma máquina do tempo e se teletransportando para a China Antiga, agora é necessário que eles vençam a grande guerra.