The Great War

Olho por olho

-Como você sabia que eles iriam me sequestrar? - Huang perguntou, mordendo uma maçã logo em seguida.

-Eu vi ele te observando ontem à noite, ele é alto demais para ser discreto - Zhou respondeu, colocando chá na tigela do amado.

A'Wu alimentava a garotinha enquanto Liang penteava o cabelo do príncipe.

-Se você for coroado, eu adoraria trabalhar para você - Wen disse, fazendo um penteado simples no cabelo do homem.

-Se quer trabalhar para mim, já comece a se acostumar a me chamar de Vossa Majestade, e não esqueça da reverência - O príncipe zombou.

Os quatro homens gargalharam, enquanto A'Wu alimentava a garotinha.

-O que vamos fazer com o tio verde? - A garota perguntou.

-Tio verde? - Zhou olhou para a menina, perguntando em seguida.

-É que ele usa roupas verdes e tem olhos verdes, então ele é um tio verde.

A'Liang gargalhou, sua face estava vermelha de tanto rir, ele não conseguia segurar a sua risada.

-"Idiota", A'Wu sussurrou e puxou o homem para si, tampando a boca dele rapidamente.

Todos começaram a rir da cena, sem sequer prestar atenção nas batidas que estavam sendo desferidas na porta principal. A garotinha foi a única que ouviu, correndo para abrir a porta, encontrando um casal conhecido.

-Tia, pode entrar, traz o tio bonito também -Jiayi segurou na mão de Meilin e a levou para a sala de jantar, onde todos estavam reunidos.

Meilin sorriu e acenou para todos ali, abraçando o seu irmão logo em seguida. A'Wu e A'Liang se curvaram diante do casal, ainda respeitando a autoridade que eles tinham na seita.

-Não é necessário fazer nenhuma reverência, meus amigos-, o rapaz sorriu e abraçou os dois.

-Todos aqui se conhecem? Que mundo pequeno - Zhou comentou.

Todos sorriram e se abraçaram, não notaram que havia um rosto confuso entre eles, sussurrando palavras indecifráveis.

-O que estou fazendo aqui? -Ming perguntou, seu cabelo estava bagunçado, e suas roupas amarrotadas não exibiam o seu charme.

-"Olho por olho, dente por dente", Zhou disse, referindo-se ao momento em que Yang sequestrou seu amado na noite anterior.

O homem de olhos verdes apenas concordou e voltou para o quarto, deitando-se novamente, apenas esperando seu amado chegar para buscá-lo. Huang sentiu dó do homem, pela primeira vez no mês. Seu olhar parecia cansado, ele não estava feliz, mas não sabia se era por conta de Yang ou se estava sentindo falta do mundo em que nasceram.

O príncipe se distanciou da mesa e caminhou para o quarto, tentando não chamar a atenção de ninguém. Ao perceber que todos estavam ocupados demais tentando fazer A'Wu sorrir, ele entrou no quarto.

- Quer vinho? - Perguntou, entregando a taça.

Ming aceitou e bebeu imediatamente, confiava nesse homem. Nem passou pela sua cabeça que poderia haver veneno ou sonífero ali.

- Você é gentil demais, por isso coisas ruins acontecem com você - o homem cansado disse.

Huang sentou-se na cama e olhou para o rapaz, encarando seus belos olhos e pensando em como tinham chegado a esse ponto. Eles eram melhores amigos, mas se transformaram em rivais apenas por causa de um homem amargurado.

- Eu deveria dizer o mesmo para você. Sua vontade de agradar o seu amado fez você se distanciar de mim, e eu sei que você não quer os meus poderes - disse Huang.

O homem de cabelos avermelhados sorriu, mas seu sorriso não chegou aos olhos. Seu olhar parecia triste e vulnerável. Ele realmente só estava fazendo isso para agradar o seu homem. Ele passou a vida inteira ouvindo de sua mãe que, se ele não a agradasse, ela o mataria. Desde então, sentiu medo de magoar qualquer pessoa que amasse, temendo ser assassinado em algum momento.

- Eu não quero voltar aos tempos atuais. Não quero encarar a minha família novamente. Não quero viver aquela vida de merda. Eu não tinha ninguém ali, apenas você - desabafou imediatamente.

-Você sabe que um dia teremos que voltar, não é? Preciso cuidar dos meus pais e você precisa ver os seus. Eu sei que é difícil, mas vai acontecer uma hora ou outra - o príncipe disse, abraçando o homem em sua frente. Sua pele quente o aquecia completamente.

Ming resmungou um palavrão e retribuiu o abraço. Seus olhos encheram de lágrimas e ele percebeu que havia sentido muita falta do melhor amigo. Sua paixão por Yang havia o deixado cego demais para perceber que estava se machucando ao estar com ele.

-Eu não sei como voltar para o mundo atual, mas quando chegarmos lá, eu quero ser seu amigo de novo - ele sussurrou no ouvido do rapaz.

Os dois sorriram e Huang concordou, deixando lágrimas de felicidade caírem na roupa verde do outro. Ele realmente parecia um tio verde.

-Você usa tanto verde, parece uma árvore - o príncipe zombou, gargalhando.

O rapaz mais baixo mostrou o dedo do meio para o outro, demonstrando tamanha infantilidade. Eles nunca foram maduros, e não era naquele momento que iriam começar a ser. Depois que o príncipe parou de rir, um barulho foi ouvido; os dois homens fitaram a porta.

- Mundo Real? O que é isso? - Zhou perguntou. Logo atrás dele, estava Yang, segurando uma espada antiga, cheia de pedras cristalinas.

Os dois não tiveram tempo de responder; logo o homem de cabelos cinzentos cortou o pescoço de Zhou Wei, quebrando-o imediatamente. Seus olhos dourados se fecharam completamente antes de cair duro no chão, seu sangue inundou o tapete.

Huang gritou tão alto que as janelas do quarto tremeram. Ele se ajoelhou e chorou em cima do peito do homem, rezando para que qualquer Deus o salvasse. Ming soltou uma lágrima rebelde e olhou para o homem por quem se apaixonou; a paixão se tornou ódio naquele exato momento.

Yang largou a espada e olhou para as próprias mãos, como se não conseguisse acreditar que realmente tinha feito aquilo. Mas o príncipe não lhe deu tempo para pensar. Suas mãos tremiam, seus joelhos queriam ceder, mas seu ódio era maior e mais forte que seu corpo.

-Você vai se arrepender de ter me conhecido - Huang gritou e pegou a espada do homem, perfurando sua barriga.

O rapaz de cabelos cinzentos gritou de dor e tirou a espada de seu corpo, cambaleando para pegar a adaga que estava em sua roupa. Ele apertou o braço do príncipe, fazendo-o gritar de dor. Ming correu até o amigo e ficou em sua frente, transformando-se em uma barreira humana.

-Não se mexa, ou eu vou te matar - Ming vociferou enquanto encarava o homem que agora odiava. Seus olhos demonstraram sua surpresa por conseguir enfrentá-lo tão corajosamente.

-Meu amor, nossos planos... - Liu mal conseguiu terminar a frase, pois foi golpeado por A'Wu, que estava logo atrás dele.

O homem era ágil. Ele quebrou os meridianos das costas de Yang, deixando-o imóvel. Seus movimentos rápidos impediram-no de falar, pois havia colocado um feitiço em sua boca.

- Meu príncipe, dê a ordem e eu o matarei. Minha lealdade pertence a você - A'Wu falou, curvando-se ligeiramente.

Liang estava encostado na porta do quarto, apenas esperando o próximo movimento do amado.

- Não será necessário. Eu mesmo o matarei - o príncipe disse e fez um sinal para que o jovem se afastasse.