A dupla

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Zhou Wei e seu amado saíram de casa. Eles queriam almoçar no restaurante de sempre. Huang costumava andar na frente, mas dessa vez, ele se posicionava ao lado do parceiro, acompanhando os seus passos.

Já havia alguns dias que o príncipe parecia estranho. Seu jeito de andar e até de falar pareciam diferentes. Ele exalava confiança, algo que não era comum em sua personalidade. Mas Zhou acreditou que era apenas impressão dele e ignorou os sinais presentes ali.

- Meu príncipe, você falou com A'Wu e A'Liang recentemente?

O homem mais baixo encarou o homem, parecia confuso, mas sorriu ligeiramente.

- Não, faz bastante tempo que não falo com eles.

O rapaz sorriu, lembrando que da última vez que eles haviam se falado, os dois ficaram tão bêbados que tiveram que carregá-los para a seita na qual a princesa estava morando, mas não conseguiram vê-la, pois já era tarde da noite.

Os dois homens entraram no restaurante. O garçom caminhou ligeiramente até a mesa dos rapazes e sorriu, exclamando.

-O casal vai querer o de sempre?

Zhou acenou, concordando, Huang parecia um pouco perdido, mas sorriu para o garçom, concordando também.

-A'Wei, você está tão bonito hoje - Jun exclamou, enquanto balançava o cabelo, deixando seu pescoço à mostra.

Wei engoliu seco com a cena, sentia-se extremamente envergonhado quando o seu noivo o elogiava dessa forma. O homem mais baixo não era do tipo romântico; seus elogios eram raros e só saíam de sua boca quando ele estava de bom humor.

-Pimentinha, você está diferente esses dias - O homem mais alto comentou, enquanto bebia o vinho tinto de sua taça.

Huang disfarçou o constrangimento com um sorriso; ele achou aquele apelido totalmente estranho, mas não reclamou.

-Eu não posso mais te elogiar? - O rapaz de olhos amendoados sussurou inocentemente.

Zhou Wei resistia bem ao charme do rapaz; ele apenas desviava o olhar e sorria. O príncipe parecia tão feliz. Esse comportamento não era costumeiro, mas o homem até gostava. Ele sentia que seu parceiro finalmente havia criado um nível maior de intimidade com ele.

O rapaz sentia que algo havia mudado em seu homem, mas não reclamou. Apenas aproveitou as novas sensações. Quando os dois estavam juntos, Zhou era quem costumava puxar conversa e falar o tempo todo. Mas nesse dia, logo depois de saírem do restaurante, ele não teve a oportunidade de falar nenhuma vez. Seu parceiro tagarelava alegremente sobre qualquer coisa. Ele estava agindo exatamente como alguém que Zhou conhecia há anos, mas não se atreveria a falar o seu nome em voz alta, pois tinha raiva dele e de qualquer coisa que o envolvesse.

Eles voltaram para casa, caminhando lentamente pelos jardins da vila. Eles haviam se mudado há pouco tempo para a nova casa, pois a outra havia sido destruída depois que ladrões entraram na casa procurando pelo príncipe.

☆☆☆

Meilin começou a passar os dias no jardim, junto do casal de homens. A dupla ensinou o básico sobre jardinagem para que a garota começasse a plantar as próprias plantas. Ela gostava dessa tarefa e sentia-se útil quando fazia isso.

O jardim ficava mais florido e alegre a cada dia que passava. Seu marido parecia feliz com tudo isso. Depois que eles se casaram, o homem herdou os direitos reais do castelo. Ele poderia ser um nobre, talvez até um rei, se o príncipe morresse, mas isso não estava em seus planos.

Ele sonhava em poder ter uma família com a sua esposa e criar as crianças no campo. Ele não queria ficar na seita, pois sabia que a qualquer momento aquele local seria arrebatado pela gangue dos homens mascarados. Ele ouviu falar que o novo governante não era tão bondoso quanto o primeiro. O homem tremia de medo só de imaginar perder a sua preciosa mulher para uma guerra na qual nem fazia parte.

Li Kai havia percebido há pouco tempo que o afeto que sentia pela princesa crescia ainda mais a cada dia que passava. Ele se odiava por isso, pois sabia que os sentimentos da princesa eram totalmente diferentes dos dele. Ela parecia odiar o fato de ter sido obrigada a casar com um completo desconhecido, apesar de duas semanas já terem se passado desde aquele dia fatídico.

- Minha princesa, o que você está plantando?

A garota olhou para o homem, sorrindo alegremente e mostrando as sementes de cerejeira. Ela sempre quis plantar essa árvore e finalmente estaria realizando o seu sonho, pois amava as flores da árvore. Ele sorriu pela animação da garota e imaginou que na próxima primavera, essa árvore encantaria todos que passassem pelo local.

- Elas vão ficar lindas, princesa - Liang disse, enquanto observava a princesa plantar as sementes.

A dupla de homens parecia feliz com a evolução de Meilin. Ela costumava saber apenas sobre regras de etiqueta e nada mais do que isso, mas nos dias que esteve aqui, ela aprendeu sobre jardinagem, luta e até persuasão. Essa última parte foi ensinada por Xiao Wu, que parecia saber muito bem como manipular as pessoas, apesar de Wen Liang ser quem sempre lhe dava ordens, e ele sempre obedecia.

O casal podia ser caracterizado como enigmático. Os dois nunca falavam de seu passado, muito menos de como chegaram àquele local, mas a princesa sabia que, pelo comportamento e pela postura dos dois, eles vinham de muito longe. Os olhos azuis quase verdes que um dos homens continha não eram normais naquela região. Ela sentiu vontade de perguntar de onde a dupla era, mas se manteve quieta, não queria irritá-los.

☆☆☆

Zhou Wei sentiu os seus sentidos se dispersarem por um segundo. Sua visão não estava em sua melhor fase; ele via apenas borrões. Suas mãos tentavam alcançar a figura que estava na sua frente. Parecia um homem, devia ter no máximo 1,75 de altura, parecia bonito, mas ele não conseguiria distinguir isso naquele momento.

A única certeza que ele tinha era que estava em sua casa. Conhecia muito bem aquele quarto; era o quarto de Huang. Ele ouviu uma voz baixa sussurrar em seu ouvido e logo depois fechou os seus olhos, tentando aliviar a sensação ruim.

-A'Wei, onde está o talismã? - O homem tinha uma voz familiar, parecia ser um rapaz mandão.

Reconheceu imediatamente aquela voz; era seu príncipe, Huang Jun. Ele levantou a mão, tentando alcançar o dono daquela voz. Ele queria ter certeza de que aquilo não era um sonho.

-Meu príncipe, você nunca havia se interessado pelo talismã. Por que essa vontade repentina de tê-lo? - O homem zonzo perguntou.

O rapaz mais baixo parecia não estar em seu melhor dia. Ele suspirou fundo, não queria gritar com o seu parceiro, apesar de sentir vontade de lhe dar um tapa.

-Ming e Yang estão atrás do talismã. Esse é o único objeto que está faltando para que a coroação seja completa. Eu preciso protegê-lo - Huang argumentou.

Ainda relutante, Wei pegou o talismã que estava em seu bolso e o entregou para o príncipe. O homem mais baixo sorriu enquanto segurava o objeto. Ele encarou o rapaz que estava sentado no chão do quarto e exclamou.

-Agora durma.

Huang estalou os dedos, e um sono profundo se instalou no corpo de Zhou Wei, fazendo-o dormir imediatamente. Ele caiu desacordado, foi enfeitiçado, não conseguiu ouvir mais nada, apenas capotou no chão, tendo a certeza de que aquele homem era tudo, menos o homem por quem se apaixonou.

- Meu A'Wei, não se preocupe, você vai acordar amanhã - o homem de olhos amendoados sussurrou em seu ouvido.

☆☆☆

Ming se deliciava com as uvas, ele estava debruçado sobre o seu trono, algo rotineiro para ele.

O homem da cela agora estava jantando ao seu lado, ele não comia muito, não gostava dali, ele só queria ir embora o mais rápido possível.

- Você não deveria comer tão pouco, não sabemos quando vai poder sair daqui - Ming exclamou.

O homem sorriu, olhando para o rapaz sentado em seu trono, ele não sentia medo nenhum, Ming não era uma ameaça para ele.

- Você vai me obrigar a comer? Não seja tão hipócrita.

Ming estremeceu, nunca havia sentido tanta raiva do rapaz quanto naquele dia, mas sabia que não conseguiria fazer nada com essa pessoa, pois o amava.

- Tudo bem, faça o que quiser - Ming se levantou, saindo do salão principal.

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