Capítulo sete: My cages were mental, so I got wasted like all my potential

906 113 390
                                    

Quase toda a cidade se reuniu no gabinete da prefeita Martha ao anoitecer. Eu estava com um macacão de ganga, uma blusa cor de mostarda com gola alta e manga comprida e uma camisa de flanela verde-escuro, além de um cachecol fino de crochê que eu mesma fiz.

Sentada ao meu lado e determinada a arrancar toda a pele ao redor das unhas, Taylor vestia uma longa saia marrom-claro de renda com uma abertura um pouco acima do meio da coxa — que eu não encarei por vários minutos ininterruptos — uma blusa curta sem mangas de cor bege e um cardigã azul-escuro com alguns botões abertos abaixo da clavícula.

A reunião foi demorada. Primeiro, todos queriam saber porque Martha achou que aquela competição seria uma boa ideia. Stonehaven era uma cidade com mais habitantes e, logo, com maior vantagem. No entanto, Martha conseguiu convencer aos presentes que aquilo tudo seria excelente não apenas para a economia da cidade, mas também para a visibilidade e o ego em geral. E esses três pontos importavam muito para a população de Woodvale.

Enquanto outras pessoas ofereciam sugestões, Taylor cutucou tanto um de seus dedos que conseguiu criar uma bolha de sangue que, sem piscar, ela cutucou mais um pouco e manchou as mãos. Eu tentei chamar a sua atenção, mas Taylor parecia ocupada encarando algo mais a frente — procurei onde estava a sua atenção e foi quando vi um aparador ao canto cheio de taças com champagne borbulhante.

Ah.

De repente, um dos funcionários começou a distribuí-los como uma forma de agradecimento de Martha por nossa presença.

Taylor levou o dedo ferido a boca e começou a morder o ferimento.

— Já chega — eu puxei a mão de sua boca e enlacei nossas mãos, sem tentar pensar naquela sensação quentinha que invadiu todo o meu estômago e queimou minhas bochechas. — Vamos dar uma volta.

Na parte de trás da prefeitura havia um espaço com chão de pedra, uma fonte e então um portão baixo que dava para uma das entradas de um parque. Guiei Taylor para lá que me acompanhou em silêncio, e fiz um ponto de segurá-la com firmeza para que ela parasse de se morder ou se machucar — o que quer que aquilo significasse.

O parque estava envolto pela luz da lua. Era belo e etéreo, com um pouco de névoa perolada sobre as árvores vermelhas e amarelas. Mesmo sendo noite, o chão estava coberto por cores quentes e brilhantes de outono. O ar estava agradavelmente frio, e havia algumas estrelas que poderíamos traçar com os dedos, se quiséssemos. O perfume da dama-da-noite dançou nas minhas narinas.

Soltei a mão de Taylor, e ela se sentou em um dos balanços. Silenciosamente, com as mãos no colo. Pareciam um pouco trêmulas, mas não mencionei. Em vez disso, sentei-me no balanço ao lado dela e brinquei um pouco, aproveitando a sensação de não sentir meus pés no chão, a brisa fria contra minhas bochechas e o som estridente e assombrado que as correntes faziam à medida que os balanços se moviam.

Deixei o balanço parar aos poucos e observei a meia-lua diante de nós. O único som era o farfalhar das árvores frondosas que nos rodeavam e os meus pés contra a grama debaixo dos meus pés. Percebi que Taylor abriu e fechou a boca várias vezes, em busca das palavras certas para o que ela queria dizer sobre o que aconteceu. Embora eu soubesse. Eu tinha entendido.

— Eu ainda tenho problemas de abstinência, — ela disse, por fim, aos sussurros. Eu fiquei em silêncio, esperando que ela continuasse. — e às vezes preciso me impedir fisicamente de ir atrás da garrafa de álcool mais próxima.

— Achei que um pouco de ar fresco ajudaria — sussurrei de volta. — É melhor do que deixar seus dedos em carne viva.

Taylor abraçou a si mesma e abaixou a cabeça com um suspiro trêmulo. Parte de mim estava dizendo para não me apaixonar mais profundamente. Era seguro enquanto fosse apenas uma paixonite. Mas havia outra parte, mais alta, dizendo que quem quer que fosse a pessoa do outro lado da linha, ela deveria estar lá para a Taylor, mas não estava.

WOODVALE • tswiftOnde histórias criam vida. Descubra agora